samuel beckett

31 2 5
                                    

"Não busque sentido nas palavras. Escute os silêncios"
- Samuel Beckett.

"Spencer,

Eu sabia que seria você quem viria me procurar."

Uma carta. Anos de trabalho, confiança e esperança mútuas, reduzidos a uma carta.

Spencer não entendia como alguém como Gideon poderia ir embora, abandonar sua arma e distintivo em seu chalé, simplesmente não fazia sentido.

Talvez Reid só estivesse se recusando a acreditar que fora abandonado mais uma vez, mas a verdade era inconcebível para ele.

Precisava de apoio, de ajuda para esclarecer a situação em sua mente, então dirigiu. A visão era baixa, parcialmente devido a mínima luminosidade que a lua oferecia naquela noite, mas também ao marejado de seus olhos, o caminho era irregular, como se as curvas mudassem de lugar a cada esquina, mas era apenas a confusão mental de Spencer atrapalhando seus sentidos.

Era plena meia-noite quando batera na porta da única pessoa que poderia recorrer naquele momento, a única pessoa que não ficaria absurdamente preocupada e o trataria como criança, ler aquela carta já lhe dispertou gatilhos de sua infância o suficiente.

"Spencer?" O tom de voz gentil de Maeve se mantinha constante, mesmo nessa situação "O que voc-"

"Gideon se foi."

"Ele- Ele está..?"

"Não!" Ele apertou a carta com sua mão, duvidando da veracidade de sua exclamação "Desculpa, não. Ele só... se foi. Eu tô tão- triste, e- e confuso, e com raiva e- e-"

"Eu sinto muito" a garota se mostrava claramente abalada, mas um tanto quanto perplexa pela silhueta de Spencer. Reid tremia, seus olhos úmidos, seus lábios vermelhos, como quem os mordia para evitar o choro "Vem, entra. Está congelando aí fora.."

"Ok. Obrigado" inesperadamente, o doutor envolveu seus braços em Maeve, que inicialmente estava surpresa demais para retribuir, mas então aprofundou-se no abraço, sua mão acariciava a nuca de Spencer, "Desculpa.. Desculpa"

"Está tudo bem.. não se desculpe" ela o tranquilizou, mentalmente contando até vinte, pois sabia que um abraço com aquela duração poderia gerar oxitocina, que pode ser dita como o "hormônio da felicidade", e era exatamente disso que Reid precisava.

"Desculpa... Eu não sabia mais quem procurar" ele calmamente se desvencilhou dos braços da garota, estando agora frente a frente com ela.

"Tudo bem.. Você quer conversar sobre o que aconteceu?"

Spencer assentiu com a cabeça, e se deixou ser guiado até o sofá da dama, que sentou-se em frente a ele, mas longe o suficiente pra que ele não se sentisse pressionado. Reid abriu a carta e a releu em sua mente, durando cerca de alguns segundos, buscando as palavras para Maeve, que pacientemente aguardava sua busca.

"Tudo começou- Você lembra que segunda-feira eu saí cedo da reunião?"

"Sim"

"Você deve ter visto nos noticiários que Frank Breitkopf havia voltado. Mas o que nenhuma mídia teve acesso foi o que ele fez com Sarah Jacobs"

"Quem é Sarah Jacobs?"

"Ela era uma antiga amiga de Gideon"

"Meu Deus..."

"Jason não quis parar de trabalhar nem por um minuto, mesmo depois de Breitkopf ter morrido. Ele e Sarah se conheceram na universidade, e quando fomos chamados para um caso em um campus, ele não- eu acho que ele não conseguia se concentrar completamente e acabamos errando o perfil. Isso custou a vida de duas pessoas" o jovem gênio lacrimejava, ainda correndo os olhos pela carta "Ele escreveu, 'Depois da Sarah, não confio mais em mim em casa. Depois de Tubbs, não confio mais em mim no trabalho. E sem isso, não tenho nada'. O que isso significa?"

nobody but ourselves Onde histórias criam vida. Descubra agora