john wyndham

30 2 19
                                    

"E dançamos, à beira de um futuro desconhecido, ao eco de um passado desaparecido."

- John Wyndham

Em plena madrugada, Spencer havia finalmente se acomodado em seu quarto de hotel. Era o primeiro dia da equipe no Texas, mas encontrar o corpo de uma mulher que teve seu rosto removido e cartazes que diziam "Você Me Viu?" espalhados pela cena do crime não era exatamente convidativo, ainda mais em sua época favorita do ano, o Halloween.

A sobriedade realmente mudou o modo como Reid estava vivendo, mudança essa que foi percebida por todos os que interagiam com ele em seu cotidiano. Sua equipe sempre soube que havia algo de errado com ele durante o período em que o doutor usava narcóticos para aliviar sua mente, embora não soubessem o que, ou achassem que era simplesmente a manifestação do estresse pós-traumático, e ficaram surpresos quando ao invés de decair ainda mais após a saída de Gideon, a saúde e aspectos físicos de Spencer ficaram cada vez melhores.

O apoio que recebeu deles foi sim importante, mas nem se comparava ao que Maeve o ofereceu. Ela se fez disponível sempre que Reid precisou, todas as vezes que ele pensou em desistir, que não aguentaria, ela estava lá para o incentivar e não permitir a sua desistência.

Como um cientista, o jovem doutor acreditava em fatos, em verdades indiscutíveis, e quando se encontrou não sabendo o que sentia em relação a doutora Donovan, ficou perdido. Eles eram amigos, logicamente, mas era diferente. Ele pensava em Maeve de um jeito que nunca se viu pensando a respeito de nenhuma de suas outras amigas, como Emily, JJ e Penelope. Ele a respeitava, óbvio, mas não era o tipo de respeito que ele apresentava aos seus superiores, como Hotchner ou Strauss. Ele gostava da companhia dela, muito mais do que de qualquer outra pessoa, ela o fazia se sentir tão bem, tão seguro, tão normal. Foi quando as incógnitas em sua mente se fizeram claras: ele estava apaixonado.

Spencer passou a semana inteira pensando em convidar ela para um encontro, um encontro de verdade, mas não encontrou a oportunidade certa, porque todos os mínimos detalhes precisariam ser perfeitos.

Ele fechou bem as cortinas, se sentou na confortável cama do hotel e resolveu ligar para Maeve, já que não tivera tempo de falar com a dama durante o dia. Pensava também no fato de que ele havia oficialmente completado um mês sóbrio, e ele poderia usar esse fator como desculpa para convidá-la para homenagear suas conquistas assim que chegasse em Washington.

"Spencer?" ela atendeu, "Aconteceu alguma coisa?"

"Não, não" Reid afirmou "Desculpa não ter avisado, só queria saber como você está"

"Tudo bem. Eu que deveria pedir desculpas por ter me precipitado tanto, mas convenhamos que você me ligar no meio da noite não é algo comum"

"Eu sei" ele riu.

"Eu estou bem, obrigada por perguntar. E você? Hoje é um dia especial"

"Me sinto muito bem, provavelmente o melhor que já estive em meses"

"Fico feliz em saber disso"

"Mas, o que fez você perder o sono?"

"Como assim?"

"Bom, deve ser quase uma hora da manhã aí em Dallas"

"Uma e quinze"

"Vai dizer que não tem nenhuma razão para você estar acordado a uma e quinze da manhã?"

"... Geometria euclidiana"

"Agora você me deixou curiosa"

"Sempre que o Halloween está chegando, eu me lembro de quando era pequeno. Eu tive uma época em que eu estava tão obcecado com geometria que eu quis me fantasiar de Euclides"

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