"Se por te beijar tivesse que ir depois para o inferno, eu faria isso. Assim poderei me gabar aos demônios de ter estado no paraíso sem nunca ter entrado."
- William Shakespeare
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Respira fundo, Spencer, vai dar tudo certo.
O perfilador elevou seu olhar ao grande arco floral sobre si, tentando acalmar-se.
Respira... Inspira... Ok... Meu Deus, o que eu faço com as minhas mãos?
Ele voltou seu olhar às suas falanges cerradas.
Será que eu cruzo os braços? Não- É- É só deixar eles pra baixo, tudo bem. Ah, droga, eu pareço um robô! Tá, eu.. Bolsos! É só colocar elas nos bolsos- Não, eu vou ficar desleixado. Como se já não tivesse, eu devia ter cortado esse cabelo antes- Por que eu não cortei o cabelo antes? Nem todo gel do mundo vai deixar ele no lugar agora.. A minha gravata, também- Já deve estar toda torta de novo. Eu vou parecer muito desesperado se arrumar ela? Quem eu tô querendo enganar, eu tô desesperado-
As primeiras notas da marcha nupcial ecoando pelo jardim exterior da Casa Decatur interromperam os pensamentos ansiosos de Spencer, que agora ajustava sua postura, tentando espiar além dos portões floridos por onde a morena entraria.
Sua noiva então, com seu braço entrelaçado ao de seu pai e trazendo em suas mãos um buquê de belíssimas rosas brancas, que combinavam com a posicionada na lapela de seu terno, começou a andar pelo caminho que a levaria ao altar, onde seu noivo aguardava encantado. A cada passo que a dama acrescentava em sua trilha, movendo delicadamente seu vestido sereia sem alças e deixando seu véu ser sutilmente balançado pelo vento, os dois sentiam seus batimentos cardíacos e respirações acelerarem, bombas de adrenalina e serotonina invadiam seus corpos, e a alegria líquida escorria de seus olhos enquanto ela se aproximava dele.
Quando Maeve finalmente alcançou a plataforma, foi abraçada firmemente por seu choroso pai, que afirmou em sussurros diversas vezes o quanto estava orgulhoso da sua "não tão pequena garotinha", antes de tomar seu assento.
Você tá divina, o perfilador disse, apesar de não permitir a saída de som algum.
Você também, a geneticista respondeu, tão silenciosa quanto.
"É melhor eu começar antes que eu morra de tanta fofura", disse Garcia, que seria a oficiante daquele matrimônio, "Eu quero agradecer a toda e cada pessoa que está presente aqui hoje, em nome do casal apaixonado aqui na minha frente, meus grandes amigos Dr. Spencer Reid e Dra. Maeve Donovan."
Os noivos riram, e voltaram brevemente seu olhar aos seus convidados. Com a exceção do agente Hotchner, toda a Unidade de Análise Comportamental se encontrava lá com suas famílias. Dos outros cinco doutores que trabalhavam no departamento de Genética da Universidade Mendel, quatro compareceram, também com suas famílias.
Apesar de toda a preocupação que inconscientemente causou, Diana estava muito bem, obrigada. Sentada na primeira fileira, ao lado de Morgan e de sua cuidadora, ela assistia a cerimônia emocionada.
"Dra. Donovan, você tem a sua aliança?" a loira perguntou, e Maeve recebeu das mãos de sua madrinha uma pequena caixa com uma aliança dourada, e pediu para que ela segurasse seu buquê enquanto discursava.
"Obrigada, Emily" ela mantinha a caixinha aberta, e seus olhos fixados nos de seu noivo, "Spencer. O primeiro contato que eu tive com meu poeta favorito, Edward Estlin Cummings, foi através da citação 'Não acreditamos em nós mesmos até que alguém revele que dentro de nós existe algo valioso, que vale a pena ser ouvido, que merece nossa confiança, que é digno do nosso toque', o que a minha versão de treze anos achou uma tolice, porque eu não achava que alguém poderia se perder ao ponto de não reconhecer o próprio valor. Mas que eu, com vinte e três anos, vivenciei quando te conheci. Eu estava em um péssimo estado emocional e profissional quando nos conhecemos pela primeira vez, eu sentia que não importava o quanto me esforçasse, eu nunca seria boa o bastante. Mas então, você chegou. E com a doçura das suas palavras, do carinho dos seus abraços e com o amor do seu coração, você me mostrou que mesmo que eu não fosse 'perfeita' aos meus próprios olhos, eu sempre seria muito mais que isso aos seus" ela respirou fundo, tentando retomar o fôlego que suas lágrimas roubaram.
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nobody but ourselves
Fanfictionau de criminal minds partindo do ponto que maeve donovan e spencer reid se conhecem em uma reunião de narcóticos anônimos.