theodore roosevelt

52 4 4
                                    

"Coragem não é ter forças para continuar, é continuar mesmo sem ter forças.
- Theodore Roosevelt"

Era por volta de sete horas da manhã; Maeve estava sentada em sua mesa de jantar e encarava uma caixa de remédios, relendo as informações.

"Modafinila

Venda sobre prescrição médica.

Este medicamento pode causar dependência."

Modafinila é comumente usada por indivíduos com um distúrbio que causa sono excessivo, conhecido como narcolepsia, no entanto, Maeve definitivamente não era narcoléptica, mas, se manter acordada dia e noite, estudando para o seu doutorado certamente lhe rendeu efeitos semelhantes aos causados pela condição.

Uma vez que era formada em biomedicina, tecnicamente ela era qualificada para fazer receitas e prescrições para medicamentos, o que fez com que a sua facilidade em obter a droga crescesse rapidamente.

Sua rotina sem brechas para o sono funcionou durante o período necessário, tanto que agora ela era a Doutora Maeve Donovan.

A viciada Doutora Maeve Donovan.

A Doutora Maeve Donovan lentamente destruindo seu organismo.

Não.

Ela não poderia continuar se prejudicando dessa maneira, não com o extenso histórico de câncer em variados órgãos de sua família.

Maeve sabia que precisava mudar de vida urgentemente, mas sabia também que precisava de ajuda, o que a levou a conhecer Spencer.

Spencer.

A geneticista sentia que de todas as pessoas que estavam na mesma situação que ela, Spencer era o único que realmente a compreendia, e muitas vezes ambos se pegaram pensando em qual seria a probabilidades de duas pessoas geniais com tantos interesses pessoais em comum se conhecem em uma reunião de narcóticos anônimos.

Eram baixas, de acordo com os cálculos de Spencer.

A doutora se sentia pesada, cansada todos os dias da sua vida, e todas as vezes que pensava em dormir ela colocava um comprimido na boca. Deixou de se alimentar corretamente, também, estando quase perigosamente abaixo do peso.

A contemplação desses fatores fez com que a visão da jovem mudasse. Ela considerou a droga sua aliada por vários anos de sua vida, mas agora, tudo que ela mais queria era se livrar dos malditos remédios.

Maeve não se medicou naquela manhã, não sabia se teria a força necessária para largar de vez a medicação, mas algo dentro de si lhe dizia que ela era capaz, e a doutora escolheu acreditar nisso.

As primeiras horas foram fáceis, ela tomou um bom café da manhã, vestiu seu moletom cinza da Universidade Mendel, onde trabalha atualmente, e até mesmo tirou a poeira e reproduziu algumas notas em seu violino, mais especificamente Partita N. 2 in D minor, de Sebastian Bach.

Logo que os efeitos da droga passaram, Maeve foi dominada por um grande mal estar, frio e tremores pelo corpo, além de uma onda de cansaço como nunca sentiu antes. Imediatamente notou a falta que a medicação faria, mas ao invés de recorrer a ela, a doutora se dirigiu até seu quarto, deitou-se e cobriu-se, seu corpo e sua mente ansiavam por descanso, e, pela primeira vez em um longo tempo, a Doutora Donovan cedeu e adormeceu em um sono profundo e tranquilo.

O Doutor Reid, por outro lado, estava tomando sua segunda xícara de café, ainda se sentindo culpado por ter arruinado a noite de Maeve no dia anterior, apesar de a morena ter o assegurado de que estava bem e que não se importaria em levá-lo até sua casa, Spencer não podia evitar de se sentir responsável, e até mesmo envergonhado.

nobody but ourselves Onde histórias criam vida. Descubra agora