nobody but ourselves

vincent van gogh

"Normalidade é uma estrada pavimentada-
É confortável de se andar, mas nenhuma flor cresce."

Spencer acordou desorientado. Demorou para perceber que estava no chão de sua sala de estar, sua cabeça girava tanto que ele mal era capaz de pensar, e a única coisa que podia ouvir era o som de seu celular tocando no quarto ao lado. Desde quando esse barulho é tão alto? ele pensava.

Ao tentar se levantar, sentiu uma dor excruciante em sua mão, "Porra" ele gritou quando percebeu o caco de vidro cravado em sua mão, derivado de uma seringa quebrada ao seu lado.

Correu até o banheiro e removeu o pedaço de vidro, se esforçando para não gritar. A água gelada corria entre seus dedos enquanto seu celular tocava mais alto a cada minuto que passava, enrolou uma bandagem em sua mão e foi na direção do som.

"Oi, JJ"
"Spence! Você tá bem? Eu tô tentando te chamar faz meia hora"
"Eu sei, eu sei. Desculpa. Temos um caso?"
"Sim, o jato vai decolar em vinte minutos"
"Tá. Eu chego em dez"
"Spence-"
"O que?"
"Eu tô preocupada com você. Eu sei que as coisas tem estado difíceis desde o Hankel e-"
"Eu tô bem!" ele soou irritado, mas só se deu conta quando a única resposta que teve foi um suspiro surpreso vindo da outra linha "Desculpa, eu não queria gritar com você, eu só- Daqui a pouco eu chego aí, ok?"

O perfilador desligou antes que sua colega pudesse acrescentar mais alguma coisa, penteou seu cabelo, pôs seu casaco e deixou seu apartamento, indo direto para o metrô que o levaria até o ponto mais próximo da sede do FBI em Quantico.

"Olha quem resolveu aparecer!" Morgan disse quando viu a silhueta do jovem doutor entrando no jato, ele tentava esconder a mão, mas nada passava despercebido para um perfilador, muito menos uma bandagem espessa e suja de sangue "O que aconteceu aí, garoto?" ele apontou para a mão do seu colega.
"Um acidente. Desculpem o atraso."
"Está desculpado" Gideon abre uma pasta e começa a ler os dados presentes nela "Alex Harrison, encontrado morto na floresta, duas perfurações no tórax"

Assim que chegou no hotel naquela noite, o celular de Spencer vibrou com duas notificações vindas de um número desconhecido.

>"Oi, Spencer! É a Maeve"

>"Queria saber se você tem algum dos seus 'conselhos' para ter uma boa noite"

Ele pensou um pouco antes de responder,

"Oi, Maeve" <

"Ler um livro de um bom autor é sempre uma boa ideia. Sir Arthur Conan Doyle, por exemplo" <

Em poucos minutos, seu celular vibrou novamente

>"Você também gosta do Sir Arthur Conan Doyle?"

"Se eu gosto? Ele é meu escritor favorito" <

>"O meu também"

"Mesmo? Qual é seu livro favorito?" <

>"Escolher um é praticamente impossível"

>"O único que eu ainda não li é A Narrativa de John Smith"

"Eu ainda não li esse também. Na verdade, eu estou lendo A Crítica das Razões Puras, por causa do meu bacharel" <

> "Immanuel Kant. "Nenhum conhecimento antecede em nós à experiência, e com esta começam todos"

" "Ainda, porém, que todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso surge ele apenas da experiência" <

>"Bom. Você lembra disso por causa da memória eidética ou por que gostou mesmo do livro?"