Olhos de vidro

Capítulo 39

Os olhos de S/N tentavam fazer ela acreditar que Adele não estava realmente diante deles, mas a cantora esperava curiosa pela respostar de porquê ela deveria esquecer e o que era uma loucura.

Adele usava uma roupa de caminhada, calça legue preta e camisa folgada do time inglês, tênis preto e fios presos em um rabo de cavalo e boné preto.

- Então, S/N?

- Eu... - pega o celular, fingindo estar falando ao telefone - Preciso ir. - retira os fones de ouvido e percebe Adele ficar envergonhada por atrapalhar - Desculpe, eu estava falando ao telefone. O que você perguntou?

A cantora riu, abaixando o olhar e negando ao saber que era apenas uma conversa entre sua funcionária e um conhecido dela, conversa essa que poderia sim ter seu nome envolvido, mas não deveria ser algo ruim, optando por ignorar completamente e voltar a olhá-la com um sinal de negativo feito com a cabeça e a pergunta:

- Vamos correr? Lhe chamei mas você não me ouviu. Não quero correr sozinha.

- E o Joseph?

- Está dormindo. - se aproxima - Vamos?

- Vamos!

S/N viu quando Adele começou a dar seus primeiros passos, então correu atrás dela e rápido a alcançou e assim passaram por uma trilha estreita, mas não perigosa que seguia em direção a mansão alugada da cantora na Alemanha, opção dela própria ao sair do hotel em que estava ficando com toda sua equipe.

Ambas conversam a cada passada mais acelerada, mesmo sentindo o coração acelerado e as pernas doendo, mas era exatamente isso que seus corpos precisavam. E assim que chegaram ao fim da trilha, deram a volta e correram pelo mesmo caminho de antes, rindo e falando de loucuras uma para a outra.

A brisa da manhã batia em seus rosto, trazendo uma paz incrível enquanto o silêncio da natureza mostrava para Adele que o lugar dela era ali, e quando chegaram próximas ao fim do rio tranquilo e de águas transparentes, S/N ficou para trás apenas para assistir Adele caminhando lentamente e parando na beira das águas, sorrindo e respirando fundo para acalmar ao coração, mas falando:

- O que você faz quando não quer fazer nada? - a olha de relance.

- Eu não faço - estranha a pergunta - Tem algo que você não quer fazer, mas precisa fazer?

- Muitas coisas! - ri, virando em sua direção e a olhando.

- Por exemplo?

- Nunca mais cantar!

S/n arregalou os olhos e engoliu em seco ao ouvir na cara dura que Adele, no fundo não queria mais cantar e sim viver sua vida de outra forma.

- Eu... - se aproxima - Você não gosta de fazer o que você faz?

- Não é que eu não goste, eu adoro o que eu faço, mas é que isso não é minha maior paixão, entende?

- Estou surpresa, confesso!

- É, todos ficam assim que descobrem essa verdade. - ri, virando de volta para as águas e vendo seu próprio reflexo no líquido - Todos.

- Até Joseph?

Adele olhou rapidamente para S/N ao ouvir ela falando como se o homem fosse uma pessoa a parte de todos, o que de fato era, mas sua pronúncia estava com tom de reprovação.

- Não! Ele me apoiou.

- Ah sim! - desvia o olhar.

- Posso fazer uma pergunta, S/N?

- Claro! - cruza os braços.

- Você sente alguma coisa pelo Joseph que não seja ciúmes?

Castro deu um passo para trás ao ouvir o que Adele havia dito e sem nenhuma cerimônia, pois era como se ela soubesse que, no fundo, ela a olhava de uma forma diferente do normal, e estava escondendo essa informação para usar em uma oportunidade, como naquele momento.