𝐒𝐢𝐱𝐭𝐞𝐞𝐧

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Ayanna Yogi

Para alguém que já viu os grandes barcos inúmeras e incontáveis vezes, não é nada animador ou digno de atenção. Por isso só encaro as grandes embarcações sem muito ânimo.

— Imagino que vão usar as amostras do banco de sangue para localizar os foragidos, se seus amigos tiverem sorte, já estão muito longe — Maven conta enquanto caminhamos pelo longo deque.

Amigos. Não acho que seja a palavra apropriada para ambos lados. Pelo meu é usável, mas para eles sou algo como um meio de informações. Parceiros de crime, imagino que seja mais lógico.

— Você diz como se não fossem nem um pouco gratos pela sua ajuda para, bom, produzir um atentado.

O vento começa a soprar mais rápido e dou uma última olhada nos barcos, cada Casa tem o seu, com suas cores brilhantes. No horizonte há um barco roxo e prata. Casa Yogi. Minha Casa, não por muito tempo. Minha irmã, Margarett, está lá. Não tenho certeza se foi por ordem ou insistência minha, mas ela irá para Archeon conosco, só não no mesmo navio. O máximo que podem me oferecer, eu acho.

Com passos largos e firmes, o herdeiro do trono, nos interrompe.

— A rainha solicita sua presença no deque panorâmico. E a de Maven no convés — sua voz deixa claro que está de mal-humor, como se tivesse sido obrigado a vir fazer papel de mensageiro ao invés de ajudar no comando. Reprimo a vontade de fazer algum tipo de comentário.

— Obrigada, Cal — murmuro abandonando os dois irmãos no deque e indo ao encontro da rainha. Para minha felicidade, Mare também se encontra lá.

— Boa tarde, lady Yogi.

Oi. Qual o motivo da solicitação da minha vinda?

— Pensei que as damas gostariam de ver essa bela vista e as carinhas sujas dos súditos. O que acharam?

Olho para o vilarejo, todos se amontoam nas margens do rio, alguns com água suja até os joelhos. Não estão nem um pouco felizes, na verdade, estão irritados. Ninguém comemora, nem sorri, nem acena para os barcos.

— O que está acontecendo lá?! — penso alto demais enquanto me inclino para ver melhor.

— Qual seria a graça em desfilar por um rio sem um público? Demos um jeito nisso.

Eles foram obrigados, mais eventos obrigatórios. Vejo guardas arrastarem idosos adoecidos, trabalhadores cansados e machucados, crianças fracas e todos são forçados a assistir.

Não sei como é essa sensação, e provavelmente nunca irei descobrir. Mas é extremamente perturbador ter de encarar todo esse sofrimento. Tenho que fazer isso. Não posso e nem irei me dar ao luxo de sair daqui e ir em algum local isolado, não poderia fazê-lo nem se quisesse. Minha única função aqui é rir dos vermelhos com a rainha. Coisa que também não farei.

A reação de Mare também não é nenhum pouco apreciável, a morena exibe um rosto já tingido por lágrimas brilhantes de tristeza e desespero. Talvez tenha avistado sua família, sua casa, ou a visão simplesmente afeta ela de um jeito que nunca descobrirei.

Quanto mais próximos chegamos da capital, mais urbanizadas as paisagens ficam. Cidades propriamente ditas se aglomeram em torno de usinas enormes, como em todas as cidades já passadas a população sai às ruas para ver o desfile. Sons de chicote atrás de gritos estridentes são ouvidos, uma hora terei que me acostumar.

Com o movimento do navio, logo as cidades ficam para trás, substituídas por grandes mansões e palácios de médio à pequeno porte. Uma mais luxuosa que a outra, parecidas com o Palacete da Lua, ele não fica tão longe da capital quanto do outro Palacete.

As mansões de férias ficam para trás, me surpreendendo com a rapidez desse navio, bem mais que os que estou acostumada. Uma floresta se ergue nas margens, suas tão famosas árvores, altíssimas, folhas vermelhas-escuras, e o clássico silêncio mortal. Nada de barulho de água, nada de canto de pássaros. Nada, apenas nada.

O que é isso? — até a voz de Mare chega a sair meio abafada, por sorte, uma camada de vidro nos separa do silêncio perturbador.

— São chamadas de Árvores de Barreira. Foram construídas pelos Welle muitos anos atrás. Elas servem para impedir a poluição de subir o rio. Inteligente, não é? — respondo calmamente enquanto ela examina a triste paisagem.

Ondas de espuma marrom resvalam no navio e deixam uma casca de lodo preso no casco reluzente. O mundo assume cores diferentes, as nuvens aqui não são nuvens de verdade, estão mas para a fumaça borrada de mais de mil chaminés que tapa o céu azul.

Por mais que tenha um vidro nos separando de tudo, não é possível deixar de se incomodar com o cheiro da fumaça, contorço o meu nariz com o odor adentrando minhas narinas.

— A Cidade Cinzenta — murmuro.

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Olha quem está de volta depois de milênios e com um capítulo mega curto, sem comentários a respeito. Vou tentar voltar a atualizar essa fanfic, amigos

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⏰ Última atualização: Oct 15 ⏰

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