As palavras que mudaram tudo

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~ Dean Winchester ~

No final de tudo, Sammy quem escolheu o carro aleatório que "pegaríamos emprestado"; um Cherry QQ vermelho-cereja que era bem dizer uma lata de sardinhas chamativa conhecida como uma das mais baratas do mercado.

Se isso não é o fundo do poço...

Dirigir aquele carro apertado conseguiu me tirar ainda mais do sério; primeiro, eu me sentia quase me um adúltero por estar traindo o Impala dessa forma; segundo, era bizarro demais estar atrás do volante de um veículo que tem cheiro de álcool em gel e lavanda ao invés do típico único e indescritível que a baby tinha, até mesmo os controles eram diferentes; e por fim, ele era pequeno, bem pequeno, a ponto do Sammy ficar todo desconfortável e torto no banco, se remexendo toda hora em busca de qualquer tipo de posição melhor.

A cena seria hilária se eu não estivesse tão preocupado com o carro e estivesse na mesma situação do meu irmão.

Mesmo me considerando quase um piloto profissional por dirigir tão bem, eu estava levando uma coça do carro da Barbie. Depois de muito custo e alguns palavrões repreendidos por Sam, chegamos no hotel.

Por fim, atualizamos uns aos outros sobre as informações recolhidas por cada um. Era bom sabermos detalhadamente com o que estávamos lidando. Resumindo todas as suas horas de debate sobre o assunto, Sammy disse que Robert, o pai de Isabelle, a adotou quando ela tinha dezesseis anos. Ele estava de plantão quando Isabelle foi levada à delegacia acusada de furto. O senhor Drisdale disse que ela só sairia dali acompanhada de um responsável, mas passou a ver a situação com outros olhos quando Isabelle disse que não tinha ninguém. Então, logicamente, ele perguntou a qual lar adotivo ela pertencia e após muita relutância e teimosia, Isabelle revelou que morava na rua, mais especificamente dentro de um carro roubado.

Ela foi enviada para um lar adotivo e Robert passou a acompanhar o caso e a visitá-la quando podia, levando até mesmo Clarisse, sua esposa, em algumas visitas, até que, após mais ou menos um ano, o casal iniciou o processo de adoção da garota, que não ficou muito confortável com a ideia no início sabe-se lá o por quê - não me interessei muito nessa parte da história -, todavia cedeu e após alguns meses, recebeu um lar e o sobrenome Drisdale.

Robert também disse que não sabe nada dos pais biológicos da filha adotiva, que nunca se abriu sobre o assunto - na verdade, Sammy disse que o policial evidentemente pouco sabia sobre o passado da garota - e que não acreditaria em nada do que visse ou ouvisse até escutar o que a própria filha tinha a dizer.

Eu achei isso surpreendente; mesmo ouvindo um monte de coisas sobre sua filha e até mesmo vendo as gravações absurdas da sorveteria, Robert não perdeu a confiança e fé em Isabelle. Talvez fosse coisa de pai, eu nunca saberia ao certo.

Já Castiel, que foi até onde a garota trabalhava, nos contou que os colegas a relataram como uma pessoa bastante focada e competitiva, e que apesar de ser sociável e carismática, não tinha muitos amigos, então ninguém de seu ambiente de trabalho a conhece realmente.

Passamos a tarde enfurnados naquele quarto pequeno e simples; Sam buscando a todo custo a localização da minha baby, Castiel mais focado no caso de Isabelle e eu, envolvido num sentimento de aflito e inquietude, tanto pelas notícias chocantes demais para um só dia, quanto pelo sumiço do meu carro.

Fiquei um tempo deitado em uma das camas, emburrado e ansioso, enquanto tentava prestar atenção na série antiga que estava passando na tv - a única coisa que tinha além de pornô - enquanto esperava um milagre da parte de Sam e de Castiel também, que havia ido dar uma passada no QG dos anjos para ver se tinham alguma novidade.

NIGHTFALL | Dean WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora