15. Violets for roses.

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Irene acordou com a claridade batendo suavemente em seu rosto, forçando-a a abrir os olhos. Respirou fundo e sentiu os acontecimentos da noite passada voltarem a sua mente, isso a fez sorrir. Virou-se lentamente e admirou Antônio que dormia profundamente ao seu lado. Ela sentiu uma alegria repentina invadi-la, finalmente sentia como se fosse ela mesma novamente.

Lembrou-se de ambos recolhendo as roupas do chão durante a noite anterior e indo em direção ao quarto, como se fossem um casal de adolescente apaixonados após um encontro furtivo. Depois de perdê-lo, pensou que nunca mais viveria aquilo novamente. Sabia que jamais seria capaz de esquecê-lo, mas sentir seus braços em volta de sua cintura pela manhã ou sua barba pinicando seu pescoço enquanto o ouvia respirar profundamente em seu ouvido, era diferente.

Irene sabia que sua vida nunca havia sido fácil, Antônio por diversas vezes não havia facilitado também, mas era durante momentos como aquele que a fazia se sentir verdadeiramente grata por tê-lo. Haviam passado por muitas coisas, mas sempre tinham aqueles dias de sol em que seu coração parecia explodir de tanta felicidade.

Ela então decidiu que era hora de se levantar. Depositou um selinho em seus lábios e o ouviu resmungar ainda sonolento. Ela mordeu o sorriso enquanto se dirigia ao banheiro para escovar seus dentes. Antônio tinha o sono pesado, e de certa forma, ela achava graça. A luz não o incomodava nem um pouco, já ela acordava com facilidade, sempre foi assim.

Suspirou e saiu lentamente do cômodo em direção ao quarto que era ocupado por seu filho. Era domingo e pensou em fazer algo especial para o café da manhã. Ela não gostava muito que ele ingerisse muito açúcar, mas o dia estava tão lindo que pensou em abrir uma exceção. Antônio sempre acabava dando doces escondido para o menino quando achava que ela não estava vendo, mas ela sabia. Ele fazia o mesmo com Petra e os meninos quando eram pequenos, acobertado por Angelina, é claro.

Irene adentrou o quarto do pequeno e seu sorriso sumiu quase que instantaneamente. Sentiu suas mãos gelarem e seu coração acelerar de forma frenética quando viu a cama vazia. Seu peito se apertou e sentiu o desespero tomar conta de seu corpo. Sua respiração ficou descompassada e suas mãos tremiam.

— Daniel? – Sua voz saiu quase como um sussurro, ela queria gritar, mas sua voz falhou. — Daniel? – Tentou novamente, dessa vez mais alto.

Ela vasculhou cada canto daquele cômodo e sentia lagrimas quentes molharem seu rosto. Repetia o nome do pequeno diversas vezes, como se por magica isso fizesse com que ele aparecesse ali, bem na frente dela.

Desceu as escadas correndo, quase tropeçando em seus próprios pés. Ela chamava por ele e sentia que a qualquer momento, seu coração iria explodir. A última vez que sentiu tamanha dor e desespero, foi quando viu seu filho, Daniel, morrer na sua frente naquele quarto de hospital. Havia sido a pior dor que havia sentido até aquele momento. Era como se a vida a estivesse punindo novamente e lhe tirando seu bem mais amado de novo.

Ela o procurou por todos os cômodos, correu em direção a varanda na esperança de vê-lo na praia, mas não havia qualquer sinal da criança.

Subiu as escadas novamente e foi em direção ao quarto do seu garotinho. Puxou o travesseiro que estava na cama e ela ainda podia sentir o cheiro do menino nele. Segurou-o contra seu peito e então, ela gritou. Naquele momento nada mais importava para ela, só queria seu filho de volta e faria qualquer coisa por isso.

Antônio acordou atordoado com o grito brutal que ouviu, reconheceu imediatamente que era de Irene quando não a viu ao seu lado na cama. Correu para fora do quarto quase que instantaneamente e a encontrou no chão do quarto do menino, chorando, abraçada ao travesseiro de Danielzinho. Quando olhou para a cama bagunçada e vazia, sentiu seu peito apertar. De alguma forma, era como se ele soubesse o que tinha acontecido.

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