Irene dizia a si mesma que aquela seria a última vez...
A última vez que se entregaria ao homem que um dia foi dela. A última vez que cederia as vontades de sua carne e ao desejo incontrolável que sentia de ser tocada pelo homem que ela amou tanto.
Eles transaram três vezes desde quando se reencontraram e a cada vez, ela jurou que seria a última e que seria apenas para poder por um ponto final em sua história, mas ela sabia que não era o suficiente.
A primeira foi no banheiro de sua casa, durante um jantar de negócios que seu marido a obrigou a ir. A segunda no escritório dele, durante uma visita imprevista ao seu marido na empresa em que eram sócios, ao qual ele não estava e acabou esbarrando com Antônio pelos corredores. A terceira, no carro dele quando saia do luxuoso edifício da empresa, após entregar alguns papeis que Alex havia esquecido, eles se encontraram casualmente no estacionamento. Era sempre assim... Trocavam palavras de acusações, brigavam e acabavam fazendo sexo como forma de aliviar a tensão.
Sexo sempre foi um ponto muito importante em seu relacionamento. Nunca funcionaram muito bem sem tê-lo regularmente e a falta ocasionava em diversas brigas e até acusações. Também foi a forma em que se conheceram e que iniciaram um relacionamento. Com o sexo, puderam se conectar um com outro e sentirem uma química inigualável que ela nunca esqueceria.
Ela sabia que estavam sendo estúpidos e descuidados. Seria apenas questão de tempo até serem pegos e acabar com a nova vida que construíram, e como sempre, Irene era a que mais tinha a perder. Ela precisava arrumar um jeito de parar com essa estupidez antes que fosse tarde demais. Sua mente gritava com ela enquanto seu corpo ignorava e acabava sempre cedendo aos seus instintos após uma briga acalorada.
Irene não tinha problemas com adultério, não é como se nunca tivesse tido um caso antes. O problema era que ela usou o adultério como vingança e com Alex, ela não tinha do que se vingar. Mesmo que ela tenha se afeiçoado ao seu último amante, ainda que minimamente, não era a mesma coisa. Ela amava Antônio e esse amor avassalador, sugava toda a racionalidade que ela poderia ter. Sempre foi assim quando se tratava dele, ela era capaz de fazer qualquer coisa por ele.
Lembrou-se dos olhos de Antônio quando viu Agatha viva pela primeira vez. Aquele olhar apaixonado doeu em sua alma e só de pensar que agora ela estava condenando Alex a passar pelo mesmo, a deixava enjoada.
Ela se sentiu verdadeiramente culpada no início. Quando chegou em casa após aquele jantar, ela mal conseguia olhar Alex nos olhos. Com o passar dos dias, sua culpa foi diminuindo e ela foi encontrando maneiras de justificar suas ações para si mesma.
Quando estava com Antônio, ela não conseguia ter nenhum controle sobre si mesma e isso a assustava como o inferno. Eles viveram trinta anos juntos, como ela poderia esquecer tudo isso? Ela tentava arduamente dizer a si mesma que era apenas por não conseguir se desprender do passado, mas como ignorar a sensação de seu coração acelerado e o nó no estômago de tamanha ansiedade apenas por estar perto dele? Nenhum homem fez com que ela se sentisse assim em toda sua vida e essas coisas não desapareciam.
Tinha tantas coisas que ela gostaria de dizer a ele, mas apenas deixava seus pensamentos serem enterrados com sua razão. Ela não era forte o suficiente para resistir a ele, nunca foi. O seu olhar era como um imã que a atraia para perto e seu toque era como fogo, ao qual fazia sua pele queimar por inteira. Ele era como um vício que ela nunca foi capaz de largar e se pudesse ser sincera consigo, talvez ela nem sequer quisesse. Ela gostava de estar com ele, mesmo que fosse apenas durante momentos furtivos e inconsequentes. Antônio fazia com que Irene se sentisse como ela verdadeiramente era, estar com ele era como estar consigo mesma de novo. Ela não se sentia tão viva assim durante meses.

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memory - antorene
FanfictionNão se pode fugir do passado para sempre. O que seria de Irene e Antônio La Selva se a vida os fizessem se encontrar mais uma vez após ambos terem seguido com suas vidas e suas identidades falsas? Um amor tão grande jamais deixa de existir enquanto...