7. Loneliest.

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Antônio havia convidado Irene para almoçar com ele, pois sabia que durante esse período, Alex sempre almoçava fora de casa devido sua jornada de trabalho. Ela costumava usar esse tempo para ficar com Antônio. Mesmo gostando de seu caso furtivo, ele sentia falta de estar com ela em momentos como aquele. Lembrou-se de quando ainda eram casados e ela o surpreendia em seu escritório, o convidando para almoçar com ela.

Fazia uma semana que não se viam e ele queria desesperadamente vê-la. Irene evitava seus telefonemas e suas mensagens, isso o deixou confuso. Cogitou que talvez ela tivesse se cansado dele e seguido em frente com sua nova vida. Aquele pensamento o incomodou profundamente.

Foi uma surpresa para ele quando ela aceitou seu convite, depois de ignorá-lo por uma semana inteira. Sentiu-se aliviado quando leu a mensagem dela. Escolheu com cuidado um lugar afastado dos olhares de possíveis conhecidos. O restaurante era distante o suficiente do centro e rodeado por diversas árvores. Era discreto, porém luxuoso. Ele imaginou que ela gostaria do local. Antônio não era um homem muito romântico, mas ele sabia agradar quando queria, sendo sempre exigente com suas escolhas.

Eles apenas tinham trocado um breve selinho e poucas palavras quando se encontraram. Ele percebeu que ela estava distante, e se perguntou se havia acontecido alguma coisa com ela. Passaram a maior parte do tempo comendo em silencio e Irene olhava fixamente para seu prato como se algo lá fosse mais interessante que olhar para ele.

Antônio não soube dizer por quanto tempo se mantiveram assim, pois estava perdido em seus pensamentos quando ouviu sua voz.

— Nós precisamos conversar. – Seu tom era baixo e ele tentou decifrar o que ela estava pensando. Ele notou por sua postura que o assunto não seria bom.

Ela apenas respirou fundo e hesitou antes de começar, ele podia notar que ela estava nervosa. Irene evitou o assunto enquanto pode, pensou muito sobre como começar, mas sabia que não acabaria bem. Ela o evitou porque esperava que sua mágoa passasse com o tempo, o que não aconteceu.

— Eu queria saber... Por que não foi no aniversário do meu filho e mandou a sua esposa ir sozinha? – Ao terminar de indagar o que queria, tomou um longo gole de seu suco e tentou controlar sua ansiedade, por mais que ela já soubesse da resposta. Antônio notou seu tom ao dizer "sua esposa", ele pegou a farpa. Ela pode ouvi-lo limpar a garganta e o viu se remexer desconfortável na cadeira.

— Eu tive alguns problemas, estava ocupado e não pude ir.

— Sua esposa me disse isso. E eu sei que é mentira, Antônio. Acha que eu sou boba? Acha que eu não percebo que toda vez que falo do meu filho, você desconversa? Que sempre que o assunto aparece, você fica estranho? Anda, fala logo. Qual é o seu problema? – Naquele momento, Irene apenas agradeceu por serem os únicos no restaurante com exceção dos funcionários. Seu estresse era palpável e ela não estava nem um pouco preocupada se estivesse fazendo uma grande cena.

— Ah, Irene. Faça-me o favor! Eu não estava nem um pouco interessado em ver você e aquele idiota do seu marido brincando de casinha. – Ela pode vê-lo fechar os punhos sobre a mesa.

— Então é isso que a minha vida é para você? Brincar de casinha? – Riu sem humor, sentia seu sangue ferver e sua raiva crescer ainda mais. — Você não mudou nada, Antônio La Selva. Continua sendo o mesmo egoísta de sempre. Eu sou mãe e se lidar com o meu filho é muito difícil para você, é melhor a gente parar por aqui.

— Engraçado você dizer isso, até porque você foi ótima com o Caio. Não é mesmo, Irene? Quantos anos ele tinha quando nos casamos? – Ele sabia que aquele assunto a levaria ao limite, mas sua natureza teimosa sempre levava o melhor dele.

memory - antoreneOnde histórias criam vida. Descubra agora