memory - antorene

4. Goodbye kiss.

Irene estava estressada, pois uma das coisas que a levavam ao limite era ser pressionada. Infelizmente para ela, Alex parecia não se importar muito com isso. Era terrivelmente irritante ser um modelo de esposa perfeita às vezes e nem sempre passar a imagem de família feliz era suficiente. Ele realmente não exigia muito dela, mas quando exigia, era teimoso e extremamente taxativo. Alex era como um cão que não largava o osso por nada e por mais que às vezes ela gostasse do extinto competitivo dele, em alguns momentos conseguia despertar o pior dela.

Ela nunca teve problemas com um marido escolhendo suas roupas antes. Antônio nunca se importou com qualquer coisa que ela vestisse de fato, dando-lhe apenas um cartão de crédito com um limite alto e deixando-a livre para escolher o que quisesse.

Irene era a única que exercia esse controle, escolhendo até mesmo as roupas de Antônio, pois ela sabia o que era ou não apropriado de acordo com a ocasião. Alex era diferente. Ele escolhia suas próprias roupas, gostava de ter controle sobre as coisas. Até aquele momento, ele nunca havia criticado sua maneira de se vestir antes. Era um eufemismo dizer que ficou surpresa quando ele lhe disse que o vestido que ela escolhera era "extravagante demais" e que chamaria mais atenção do que deveria. Irene apenas afirmou que não se importava em ser o centro das atenções, então Alex lhe disse algo que a fez quase ter um ataque cardíaco: "ridículo".

Irene apenas passava suas mãos pelo simples vestido branco como se tentasse desamassar ondas invisíveis. Mesmo sendo elegante e acentuando suas curvas perfeitamente, ela se sentia intragável. O vestido era bonito, justo e clássico. Continha mangas longas, o que para o calor do Rio de Janeiro não era nada prático ou viável. Por um segundo cogitou arrancá-las e usar para enforcar Alex de tamanha frustração que tinha por ele ter insistido naquela porcaria de vestido.

Ela estava no enorme jardim principal da mansão de Clarice e Antônio. Era certamente o gramado mais verde que ela já havia visto e era rodeado por diversas tulipas de todas as cores. Avistou mais além do jardim a enorme casa em que ele morava com sua bela esposa que ela considerava detestável, principalmente por ser perfeita aos olhos de todos. Era uma bela propriedade, com um grande lago que mais a frente continha uma enorme fonte no centro. Era bem maior e mais luxuosa do que a antiga casa em que viviam, porém deduziu que deveria ter sido escolhida por Clarice, não combinava em nada com seu Antônio.

– Você poderia, pelo menos tentar colocar um sorriso no rosto? Amor, já passou! Vai insistir nessa briga boba? - Alex tentava concertar tudo com uma bela aparência, mal sabia ele que simpatia nunca foi seu forte.

Irene apenas respirou fundo e forçou um sorriso em sua direção, a aquela altura brigar com ele seria apenas mais uma batalha perdida e ela já não estava nos seus melhores dias.

– A anfitriã está chegando e está com um vestido branco parecido com o seu. Viu como ela tem bom gosto? - Sussurrou em seu ouvido como se fosse um elogio, enquanto ambos avistavam a dona da casa vir em sua direção com um sorriso enorme, acompanhada de Antônio que sorria alegremente para ela. Irene segurou a taça de vinho com tanta força que se surpreendeu por não ter quebrado o vidro em diversos pedaços.

– É mesmo? Que pena que você não tenha encontrado ela antes, Alex! Poderia ter se casado com ela. Uma grande oportunidade perdida, não é mesmo? – Ela usou seu tom mais sarcástico possível. Irene mentalmente amaldiçoou Antônio por ter escolhido outra mulher que enfeitiçava todos ao redor, assim como Agatha fez no início.

– Amor, não precisa ter ciúmes! Sabe que só tenho olhos para você.

Irene sabia que era verdade. Alex nunca lhe deu motivos para desconfiança, era fiel e leal como um cão. Fidelidade e lealdade eram coisas distintas, pelo menos foi o que ela disse a si mesma a vida toda para justificar as traições de seu marido e depois as suas.