003. As Maldições Imperdoáveis

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- Sinceramente... eu não faço ideia. - respondi, abanando meu próprio rosto com as mãos, em uma tentativa falha de secar o suor.

Subitamente, ele empunhou a varinha com a destra, apontando a para porta.

- Vou lançar um Alohomora. Sinceramente, acho que um Bombarda seria até mais prático e útil. - bufou.

Arregalei os olhos, negando com a cabeça e arrancando a varinha dele.

- Perdeu o juízo? Ainda não aprendemos Bombarda. - argumentei. - Como você acha que será a reação dos superiores ao descobrirem que você praticou essa magia ilegalmente?

Ele sabia que dessa vez, eu tinha razão, então, só suspirou, murmurou algo como "Merda" e aceitou. Ainda assim, parecia disposto a colaborar. Ajeitei as minhas franjas e disse:

- Vamos tentar manter a calma. Talvez... seja só um problema com o tranca. Podemos precisar de alguma ferramenta para forçá-la a abrir.

Olhei ao redor do pequeno armário, tentando encontrar algo que pudesse ajudar. Fuxicando entre as vassouras de piaçava e bacias de madeira, Draco encontrou um pedaço de arame que se desprendia de um dos baldes.

- Ei, se liga só... - disse, puxando o item com força. - Isso pode funcionar.

Olhei para o arame com um misto de ceticismo e esperança. Ele falou:

- Não acha que isso vai quebrar a fechadura, não é?

- Só estamos tentando sair daqui. - respondi, começando a usar o pequeno metal para manipular a entrada. - Se não funcionar, pelo menos teremos algo para culpar além de você.

Enquanto eu trabalhava, ele ficou ainda mais calado, me observando. Confesso que, naquela hora, a tensão entre nós havia diminuído um pouco. Seria eu considerada uma estranha se dissesse que não estava achando o momento tão ruim quanto deveria?

- Você sempre foi tão... determinada assim? - Malfoy perguntou, quebrando o silêncio pela segunda vez.

Suspirei e parei por um momento, olhando para ele. Agora era o quê? Interrogatório?
Pelo jeito, ele percebeu o meu incômodo e murmurou algo como: "Só estou curioso".

- Você quer saber mesmo? - sem resposta, ele ainda me encarava de braços cruzados. Prossegui. - Às vezes, eu me sinto como se tivesse que lutar o dobro para ser ouvida. Mas isso sempre foi assim. E você?

Draco hesitou, antes de responder.

- Nunca pensei muito sobre isso, na verdade. Sempre foi mais fácil se esconder atrás dos outros. Meu pai, meus amigos, minha casa.

Uau.

Parei mais uma vez, mas dessa, para refletir sobre sua resposta. Finalmente eu tinha entendido a sensação de inquietação que eu sentia mais cedo: Depois de hoje, o mundo poderia acabar. Draco Malfoy estava sendo sincero e se abrindo sobre quem ele de fato era.

Engoli em seco e continuei a trabalhar no tranco da porta, voltando cem por cento do meu foco para sair dali o quanto antes. Sem desviar o olhar, falei:

- Talvez seja hora de mudar isso.

- Talvez. Que seja. - Draco murmurou. - Vai demorar muito aí?

Click.

Subitamente, consegui mexer a fechadura. Ouvi um rangido, e a porta se abriu lentamente, revelando um corredor agora tranquilo. Sorri para ele no mesmo instante em que a brisa leve acariciou minha face.

- Viu? Às vezes, um pouco de cooperação faz maravilhas.

Sem resposta, ele me acompanhou para fora do armário. Seu olhar estava agora mais suave, quase que pensativo.

𝐄𝐜𝐥𝐢𝐩𝐬𝐞𝐝 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 | Draco Malfoy.Onde histórias criam vida. Descubra agora