"And I'll still see it, until I die
You're the loss of my life."
- loml (Taylor Swift)
___________________- Tudo! Eu arrisquei TUDO por você. Já chega, isso é demais para mim. - protestei, me recusando a passar mais um segundo sequer naquele lugar.
- Elizabeth, espera.
Senti um arrepio na espinha ao receber o toque gelado de suas mãos na minha pele. Uma pequena quantidade de fumaça saiu de minha boca, devido ao frio rigoroso da noite.
- Podemos, por favor, conversar?
Encarei cada maldita parte de seu rosto aristocrático. Seus cabelos loiros, perfeitamente penteados para trás. Seus olhos acizentados, os quais eu sempre enxergava como nuvens de chuva iminente. Seus lábios, ridiculamente alinhados e desenhados.
- Eu não preciso conversar com você, Malfoy. Não só não preciso, como não quero. Me esqueça. - balbuciei, piscando rápido para afastar as lágrimas que ameaçavam cair.
- Não. Isso não é justo. Você não está me dando o benefício da dúvida. - ele disse, segurando um de meus pulsos.
- Me solta!
- Não vou te soltar até termos uma conversa decente.
Dei um passo a frente. Estava, agora, a poucos centímetros de seu corpo. Perto o suficiente para sentir seu hálito quente acariciando minha face de maneira suave.
Fitei-o novamente: Dessa vez, com tanta intensidade, que ele engoliu em seco e desviou o olhar por um momento. Não demorou até que o tornasse até mim mais uma vez.
- Quer saber de uma coisa, Draco?
Eu poderia ter dito a ele as palavras mais horrorosas, asquerosas e pesadas que um ser humano conseguiria proferir.
Poderia exclamar que, pouco a pouco, ele estava se tornando uma pessoa tão podre e mesquinha quanto o próprio pai.
Poderia até mesmo utilizar de um de seus maiores segredos: dizer que ele não era e nunca seria feliz o suficiente para ao menos conseguir conjurar um patrono, porque a única coisa que ele sabia fazer de melhor era corromper todos ao redor dele.
Minhas memórias me levaram de volta até a detenção no final da tarde de um dos finais de semana de novembro, onde ele revelara que não tinha conseguido realizar o feitiço com êxito.
Mas na realidade, o que aconteceu foi um tanto quanto diferente.
- Harry e Ron tinham razão sobre você. Nós... - gesticulei, sacudindo os braços, os intercalando entre eu e ele. - Isso, nunca deveria ter acontecido. E eu deveria ter previsto logo desde o primeiro instante. Você é meu maior arrependimento, Malfoy.
Vi de relance um pouco de choque atravessar seus olhos. Pude até jurar que vi uma única gota se formando e ameaçando escorrer, mas logo em seguida, concluí que não.
Afinal de contas... Ele era insensível, certo? Ele era uma pessoa ruim, sem sentimentos e sem caráter.
Bruscamente, arranquei o corsage de dálias negras que havia ganhado mais cedo dele e atirei contra a neve. Sem dizer mais nada, dei as costas, agarrei a barra de meu vestido, agora, abarrotado, e caminhei com certa dificuldade pelo chão felpudo em direção ao castelo.
Me sentia covarde. Usada. Tive, por muitas vezes, vontade de voltar até ele e falar tudo o que eu precisava. Eu só não fazia ideia de que o que eu realmente necessitava era respirar. Precisava sentir o ar gelado entrar pelas minhas narinas, sentir meus pulmões se encherem de oxigênio.
Ao finalmente entrar na Torre Leste, observei meu reflexo em um dos espelhos do corredor de pedras. Estava um desastre: Minha maquiagem estava completamente destruída, com marcas de rímel por toda minha linha d'água. Meus cabelos, antes em um penteado meio-preso delicado, estavam embaraçados e desgrenhados.
Me ver naquela situação me fez ceder ao verdadeiro choro. Lágrimas escorriam pelas minhas bochechas ruborizadas. Não podia e muito menos conseguia entender como ele pudera fazer aquilo comigo. Era para ser a nossa noite oficialmente como casal; A nossa vez.
Entre soluços, passei as costas das mãos no rosto, tentando melhorar a minha aparência. Precisava estar fisicamente bem, pelo menos só até que eu conseguisse retornar até a comunal. Súbito, ouvi uma voz que me fez praticamente saltar de susto.
- Ficar esfregando a cara desse jeito não vai te ajudar em nada. Aliás, muito pelo contrário... só vai piorar.
Me virei para ver quem estava me aconselhando, e soltei um gemido de frustração ao ver Pansy ali, estática. Ela estava usando um vestido comprido e preto, com acessórios dourados e brincos compridos cor de ouro que se destacavam, constrastando com seus cabelos curtos.
Em uma de suas mãos, ela segurava seu par de saltos altos. Questionei mentalmente como ela estava conseguindo aguentar com todo aquele frio nos pés.
- Não preciso de seus conselhos agora, Parkinson. Muito obrigada. - argumentei, me afastando e caminhando na direção oposta.
- Se serve de consolo...
Parei.
- Você não é a única que está tendo uma noite de merda por conta de relacionamentos.
Passei a meia hora seguinte que se estendeu conversando com a garota, ambas sentadas na escadaria da torre. Decidi contar vagamente sobre Draco e como ele havia colocado tudo a perder entre nós. Ouvi atentamente a história dela: Havia sido rejeitada pelo melhor amigo, o qual era secretamente apaixonada desde que eram primeiranistas.
- Eu deveria ir me deitar. Está ficando tarde. - disse, me levantando e batendo as mãos para remover os resquícios de pó.
- É, eu... também já vou indo.
Enquanto voltava até o quadro da Mulher Gorda e recitava a senha, continuava pensando comigo mesma o que eu estava fazendo da minha vida. Ainda refletia, quieta, mesmo quando Harry, Ronald - estes me fitando com as caras fechadas, largados no sofá - e Hermione veio me abraçar preocupada, perguntando "onde é que eu havia me metido".
Assegurei os de que eu estava bem, que só estava cansada e que iria me deitar. No momento que encostei minha cabeça no travesseiro, cheguei a uma conclusão geral: Estereótipos são uma merda.
No final das contas, nem todo Grifinório é corajoso o bastante para poder falar tudo o que pensa. Também não era todo aluno da casa vermelha-amarela que era determinado o suficiente para fazer as coisas necessárias para sua própria vida.
No final das contas, nem todo Sonserino é malvado, mal-educado ou se torna um bruxo ruim simplesmente por ser daquela casa.
No final das contas, quem quer que tenha dito que corações partidos se curam com o tempo, estava muito errado, porque naquela noite, eu tive a total certeza de que a dor de uma traição supera a maioria das dores físicas.
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𝐄𝐜𝐥𝐢𝐩𝐬𝐞𝐝 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 | Draco Malfoy.
FanfictionEm seu quarto ano em Hogwarts, Elizabeth Fawley, uma Grifinória leal e amiga do Trio de Ouro, se vê em constante conflito com Draco Malfoy, seu rival declarado. Entre uma detenção injusta e um encontros inesperados, ela começa a perceber que a linha...