Faziam dez dias.
Dez longos dias desde o fatídico beijo. Dez dias desde que senti o meu mundo virar de ponta-cabeça, desde que eu aceitara e dera o braço a torcer que havia sim, algo naquele garoto que fazia meu coração acelerar mais do que o normal. Nesse meio tempo, tive dois sonhos com ele, os quais eu acordei protestando.
E depois daquela tarde, eu vinha fazendo tudo ao meu alcance para evitá-lo. Se o via de longe, mudava de direção. Se ele estava no corredor, eu encontrava uma desculpa para tomar outro caminho. E, claro, justamente por eu nunca estar sozinha - me sinto privilegiada por isso, aliás, obrigada - que Harry e Ron começaram a notar.
- Elizabeth - a voz de Potter me tirou do devaneio, enquanto eu mexia distraída na comida. - Você está bem? Parece que está... diferente.
Ergui os olhos para ele, forçando um sorriso amarelo, mas meus pensamentos definitivamente estavam em outro lugar.
- Eu estou bem, Harry. Só cansada.
Hermione, ao meu lado e sempre perspicaz, não comprou a desculpa tão fácil.
- Quer dizer... Eu não ia dizer nada, mas ele tem razão. Você está mesmo agindo estranho.
Coloquei um pedaço de sobrecoxa ao mel na boca para ter tempo de pensar numa resposta convincente, mas antes que eu pudesse fazer isso, Ron, sendo Ron, entrou na conversa.
- Você está fugindo de alguém? - ele perguntou, com um meio sorriso, sem perceber o quanto aquela pergunta me acertou em cheio.
Tossi, tentando desengasgar o frango em minha garganta. Merda. Senti minhas bochechas queimarem, e fingi estar muito interessada no que restava no meu prato.
- Não estou fugindo de ninguém, Ron. - murmurei, tentando manter a voz calma.
Que mentirinha descarada e esdrúxula.
- Então por que parece que está? - Harry insistiu, com seus olhos verdes preocupados e intensos.
- Por Deus, eu não estou! - respondi rápido demais, o que infortunadamente só aumentou a curiosidade deles.
Ron arqueou uma sobrancelha, claramente desconfiado.
- É algum garoto, não é? - ele sugeriu, com aquele típico tom despreocupado, mas que me fez apertar os dedos no garfo. - É isso, matei a charada. Quem é? Um lufano? Ou...
- Ronald! - Hermione o cortou, balançando a cabeça em reprovação, mas era tarde demais.
Meu desconforto devia estar mais do que evidente, porque de repente, eu me senti sufocada. As perguntas, o peso do segredo que eu estava guardando - e que eu poderia colocar muita coisa a perder se eu o contasse -, o que eu ainda nem tinha processado por completo... tudo era demais naquele momento.
- Acho que vou me deitar. - falei abruptamente, empurrando o prato para o lado. - Estou mesmo muito cansada.
Antes que eles pudessem dizer mais alguma coisa, me levantei e saí do Salão Principal. O som dos risos e das conversas à minha volta parecia abafado, enquanto meus pensamentos ecoavam internamente.
Caraca, eu estava mesmo fugindo de Malfoy. Por uma fração de segundo, eu pensei se isso não seria considerado como covardia e se eu deveria mesmo estar na Grifinória. A casa dos corajosos. Então, por que eu não podia confrontar isso?
Mas o que mais eu poderia fazer? Argh, esquece isso. Esquece!
Já estava na metade do caminho quando senti uma mão firme me puxar. Eu mal tive tempo de reagir antes de ser levada para a escuridão de um corredor paralelo, meu corpo colidindo suavemente com a parede de pedra.
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𝐄𝐜𝐥𝐢𝐩𝐬𝐞𝐝 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 | Draco Malfoy.
Hayran KurguEm seu quarto ano em Hogwarts, Elizabeth Fawley, uma Grifinória leal e amiga do Trio de Ouro, se vê em constante conflito com Draco Malfoy, seu rival declarado. Entre uma detenção injusta e um encontros inesperados, ela começa a perceber que a linha...