Soltei uma lágrima e permaneci ali sentada como se eu estivesse amarrada, tudo já era, não tinha mais nada a perder porque, o que eu tinha antes eu já havia perdido.
Vimos o policial ruivo chegar avisando a Rafael que ele não podia mais ficar ali, mas se quisesse podia ficar na salinha onde estava antes. Rafael concordou e saiu sem olhar pra minha cara, ele me veria outra vez se quisesse mas eu não o veria mais nem se tentasse. Mas, eu sabia das consequências e resolvi arriscar. Vi James entrar na sala novamente agora com uma câmera, onde se instalou com um tripé direcionado para mim, então ele ligou aparecendo uma luz vermelha nela. Abaixei minha cabeça limpando minha lágrima e vi James sentar ao lado para não aparecer mas com um caderno em sua mão para fazer alguma anotação.— Então, podemos começar? — James fala, vi o policial digitar suas palavras. Para ter duas provas desse tamanho posso ver que a merda é bem maior do que eu pensava.
— por onde quer que eu comece? — falei olhando o vidro, não sabia se eu queria que ele estivesse ali ou não, eu não sabia de nada a essa altura.
— Do começo. O que foi que te motivou a fazer esse golpe? Não me incomodo com os detalhes. Como disse, tenho a noite toda.
Respirei fundo e encarei a câmera a minha frente, a luz vermelha piscando em minha direção e logo atrás o vidro espelhado, observei os dedos prontos para digitar meu depoimento estáticos, eu poderia falar o que eu quisesse que ele iria anotar, mas não, eu iria falar toda a verdade, sem tirar e nem por uma vírgula.. respirei fundo..
— 12 de janeiro de 2012 — olhei para James — o dia em que começou tudo...
Luna:
12 de janeiro de 2012;
Brasil;O toque gélido da colher encontrou meu dedo, enquanto uma curiosa mistura de bolacha de água e sal com café repousava em um copo. Mergulhei a colher na combinação, sentindo o metal aquecer à medida que se afundava na mistura, ouvia gritos ao fundo, cheiro de maconha voava no ar, como alguém poderia fumar maconha a essa hora da manhã?
Enquanto mexia no meu celular, um anúncio chamou minha atenção. Um homem posava diante de uma frota de carros de luxo – Lamborghinis, Ferraris, BMWs e outros. Ele dizia: "Se você deseja ter um desses carros, basta participar da minha rifa. Com apenas 2 reais, você pode ter um desses na sua garagem. Apenas 2 reais! Não perca essa oportunidade!". No entanto, nunca vi um ganhador dessas rifas aparecer dizendo "comprem, é verdade!". Como o estado permite esse tipo de coisa? É um investimento cego, sem garantia de retorno, ou até mesmo uma fraude, usando o nome de uma celebridade para atrair participantes. Com dois reais de cada pessoa, quanto eles arrecadam? Pode até chegar ao valor de um desses carros, enquanto os participantes não ganham nada. É ridículo! Se eu quiser meu próprio carro, tenho que trabalhar para isso, não esperar que caia do céu!
Passei o post e vi um anúncio de emprego para recepcionista em uma grande empresa. Entrei no site e enviei meu currículo.— Experiência? Se eu nunca trabalhei! — Fiquei irritada só de ver, mas continuei minha busca. — Especialidade...? — Olhei para o lado, vendo a TV de tubo chiar, quase tirando minha atenção. Os gritos não paravam. — "Sou boa em comunicação, negociação e vendas."
Não era mentira, eu sabia me virar.
— Tatuagens? — Olhei para o meu braço. Havia algumas, resultado de servir de cobaia para um amigo de escola, mas nada que não desse para cobrir. — "Nenhuma." — Respondi e enviei meu currículo.
— Você é uma puta! — ouvi meu padrasto gritar com minha mãe.
— ei! Tá maluco? — gritei para ele incrédula do que ele estava falando dela. — fala assim dela de novo!
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Lavagem de ouro
RandomLuna Costa, uma mulher determinada e brilhante, nunca aceitou as limitações impostas pela vida. Após enfrentar inúmeras adversidades e dificuldades como moradora de rua ao lado de seu melhor amigo, ela se torna a fundadora e líder do maior grupo cri...