Rafael;
22 de agosto de 2024;
Canadá;Ouvia todo o planejamento de Luna incrédulo, não podia acreditar que tinha um policial envolvido. Ela não citou o seu nome mas agora fazia sentindo ela saber de tanta coisa nossa. Estava paralisado, minhas mãos tremendo e meu coração um pouco apertado. O delegado ouvia o relato de Luna boquiaberto, prestando atenção como um filme divertido, aquilo me deixava em pânico, pensar que Luna era igual aquelas ladrões que passam na tv, era igual aos ladrões que eu mesmo prendia e procurava, saber que Luna.. minha Luna, teve duas vidas ao mesmo tempo.
— Posso tirar uma dúvida pessoal? — James pergunta repousando seu papel sobre as próprias pernas, admirando Luna. Vi o policial ruivo também curioso com a história, vacilando seu olhar de pouco em pouco para ela ao mesmo tempo em que digitava.
— o que quiser.. — ela fala.
— Como funcionava essa coisa dos celulares? ainda não entendi, vocês são em 4... — ele fala e encara a câmera que estava gravando ela mas não lhe pegava. —.. até agora..
— O sistema de celulares era algo que nos ajudou muito, foi assim que os investigadores ficaram em um buraco sem fundo. — senti o olhar de Luna me atravessar, e eu abaixei a cabeça só acompanhando seu raciocínio, é verdade, aquilo era o que quebrava a nossa cabeça. — O valor estimado no Brasil de transporte de celulares é de até 10 mil atualmente, ultrapassando isso já é qualificado como crime, pegando de 1 a 4 anos de prisão. — ela fala — o valor do dólar naquela época era de 1,53 convertendo em real, para facilitar seu trabalho, no geral, transportamos 612 reais por 40 celulares, que custavam em 2012, 10 dólares cada.
Ela dá de ombros se livrando de mais uma das acusações, ou seja, se livrando de 1 a 4 anos de prisão. Como ela conduz uma conversa com tanta convicção, me vi ali no lugar de James sendo guiado na sua conversa, imaginando o quanto fui enganado por aquela mulher.
— Estou curioso.
Ele pega uma folha e uma caneta para lhe entregar. Luna pegou a caneta e começou a rabiscar o papel enquanto falava. Provavelmente desenhando a ideia.
— cada um iria ter um celular fixo dos 40 que pegamos, sem ser os normais do dia a dia. Quando iríamos fazer uma ligação de emergência um para o outro, usávamos uma descartável, assim, quando o limite de ligações que era de 3 por cada celular excedesse, jogávamos fora e já pegava outro, dessa forma eles não iriam conseguir rastrear as ligações.— e os fixos?
— os fixos eram o que levávamos para todos os lugares no plano, apenas recebia ligação.. nunca ao contrário. Apenas emergência seria ao contrário. Para não verem conexão.
Agora tudo faz sentindo, tudo o que lutamos pra entender durante esse tempo estava se encaixando. Ela falou de trabalhos de meses que quebramos a cabeça para tentar entender como eles se comunicavam, em segundos, desenhando em um papel.
— então eram 27 ligações para cada integrante? Ao golpe todo vocês ligaram...
— 108 vezes.. — continuou seu raciocínio.
— Um golpe bilionário de 2 anos e poucos meses e vocês só ligam entre vocês 108 vezes? Isso é incrível.. — ele fala impressionado. —..Então vocês já tinham tudo para começar. Como conseguiram evoluir tanto em contatos com as pessoas que deram o golpe? Não me diga que foi com o policial que tanto fala.
— Os ricos? — ela sorriu, mas senti seu sorriso triste. — você não sabe do poder da pessoa que conhece várias pessoas. Amizades também move o mundo além do dinheiro.. — ela pára e se joga na cadeira respirando fundo.— Tem um cigarro?
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Lavagem de ouro
RastgeleLuna Costa, uma mulher determinada e brilhante, nunca aceitou as limitações impostas pela vida. Após enfrentar inúmeras adversidades e dificuldades como moradora de rua ao lado de seu melhor amigo, ela se torna a fundadora e líder do maior grupo cri...