Capítulo 7: o planejamento;

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Gabriela havia me dito que tinha feito um trabalho para um cara de influência importante, conseguia várias coisas importadas e alta tecnologia de uma forma barata, além do contrabando, era amigo de um cara que era sócio de uma empresa de uma loja conhecida aqui na cidade. Meus primeiros passos foram, encontrar esse homem, o que era bastante fácil pois ele se encontrava com Gabriela frequentemente.

— e o que você quer com ele? — ouvi a mulher negra de olhos castanhos claros quase mel perguntar, jogada em minha cama, mexendo seus longos cachos para o lado.

Me virei do computador emprestado em direção a ela.

— Negócios — falei em um tom confiante.

— Olha só, uma mulher de negócios. — ela falou com seu chiclete em sua boca em um tom sexy, quase cantarolando. — cuidado! A sociedade não gosta de mulheres que sabem negociar, a não ser a benefício próprio.

— pensa que eu não sei.

Eu rir e me virei pesquisando o Facebook do homem, ele parecia ser discreto, postava sobre jogos de futebol, alguns vídeos aleatórios e frases reflexivas, MUITAS frases reflexivas. Não vi fotos com a família ou amigos a não ser uma menina sorridente de mais ou menos 8 anos, ótimo. Um homem comum, fazendo coisas comuns, ele deve passar despercebido.

— Quem é essa? — pergunto.

— ah, é a filha dele. Ele baba ela demais, diz que tudo o que faz é para ver o bem dela. — Gabriela fala mexendo suas unhas stiletto.

— ver o bem dela, é? — observei a foto da garotinha sorridente pensando em algo. — consegue um encontro com ele?

— Quando?

— hoje.

— hum, eu consigo tudo meu amor. — ela fala se levantando. — só que, ela vai ter que ir também, é dia dele levar ela pro parquinho.

— ótimo, melhor ainda. — eu sorri para a mulher que ajeitava seu batom vermelho vibrante pelo o espelho e vi ela sorri de volta.

Luna:
22 de agosto 2024;
Canadá;

— Então, foi assim que conheceu Felipe Carvalho? — James disse. — ele deu bastante trabalho para a polícia.

— ele não é o monstro que vocês dizem que ele é. Ele é reservado e muito, muito desconfiado. Não confia praticamente em ninguém.

— se ele é isso tudo, como conseguiu que ele cooperasse com esse esquema tão facilmente?

Olhei para James que estava curioso, então respirei fundo sentindo um pouco de culpa por ter feito o que fiz.

— eu sabia o ponto fraco dele..

Luna
17 de fevereiro 2012;
Brasil;

Caminhava em direção a um parquinho infantil, vestindo um casaco com capuz e calça de moletom, enquanto saboreava uma barrinha de cereal que Gabriela havia me dado antes de sair. Mike estava à procura de emprego pela cidade, então eu tinha tempo de sobra. Ao chegar ao local indicado por Gabriela, confirmei que era ali mesmo. Vi muitas crianças brincando alegremente, e ao longe, um banco onde os pais delas estavam sentados. Eles mexiam em seus celulares e notebooks, ocupados com seus trabalhos, aproveitando o tempo livre proporcionado pelas crianças. No entanto, algo chamou mais minha atenção: um pai brincando com sua filha, a empurrando em um balanço. Observando mais de perto, percebi que a menina tinha um mecanismo de ferro na perna, talvez resultado de uma paralisia infantil que afetou seus membros. A garota ria alto, e o pai também se divertia. Me aproximei, respirando fundo, sabendo que a partir daquele momento não haveria mais volta. Fechei os olhos, lembrando de Mike, da nossa fuga, de como o encontrei e de como ele não merecia aquela vida miserável.

Lavagem de ouroOnde histórias criam vida. Descubra agora