I HATE LOVE YOU

Breaking Point.

(Choice Between Loyalty and Love)

MON

O som abafado dos murmúrios e sussurros ecoava pelo vestiário, mas eu estava longe de conseguir me concentrar no que acontecia ao meu redor. Após a briga, o ar parecia pesado, carregado de uma tensão que não conseguia afastar. Meu corpo ainda estava quente da discussão, a adrenalina correndo pelas minhas veias enquanto eu tentava processar tudo o que havia acabado de acontecer.

As meninas do United estavam inquietas, trocando olhares carregados de dúvidas e desconfiança. Eu ouvia fragmentos de conversas que, mesmo não sendo direcionadas a mim, me atingiam em cheio.

"Elas chegaram juntas... Você viu?"

"Mon saindo do apartamento da Sam e agora isso? Que história é essa?"

Meu estômago revirava a cada nova frase. Tentei focar na respiração, tentando acalmar meu coração que parecia querer sair pela boca, mas os comentários que se espalhavam como fogo não me deixavam em paz.

"Talvez elas estejam se aliando," alguém sugeriu, com um tom que me fez estremecer. "Ou será que tem algo mais rolando entre elas?"

Engoli em seco. A ideia de que alguém pudesse pensar que havia algo além de rivalidade entre mim e Sam me incomodava mais do que eu estava disposta a admitir. O que estava acontecendo entre nós era... complicado, e eu não sabia como lidar com isso, muito menos explicar.

Meus olhos se voltaram para o chão, tentando encontrar algum tipo de resposta na frieza dos azulejos. Mas a verdade era que eu estava tão confusa quanto qualquer um ali. Nós passamos a noite juntas, e agora o mundo parecia estar ligando pontos que eu mal conseguia entender. Desde aquela noite, eu sabia que algo havia mudado entre nós, mas explicar o que era... isso estava além de mim.

Quando a porta do vestiário se abriu, levantei a cabeça, sentindo meu corpo se enrijecer. O treinador do United entrou, e o silêncio que se seguiu foi pesado, quase insuportável. Ele não precisou dizer nada; o olhar severo que nos lançou já dizia tudo. Estávamos em apuros, e a situação estava fugindo do controle.

Olhei rapidamente para Sam, do outro lado do vestiário. Seu rosto era uma máscara de indiferença, mas eu conhecia aquele olhar tenso – ela estava sentindo o peso disso tudo tanto quanto eu. E, no fundo, isso me incomodava mais do que eu queria admitir. Eu deveria ter feito algo, dito algo para parar a briga antes que chegasse a esse ponto. Mas, ao invés disso, eu me deixei levar, zombando com as outras, machucando alguém que, de alguma forma, começou a significar mais para mim.

Por mais que eu quisesse ignorar, fingir que não me importava com o que os outros pensavam, sabia que não podia continuar assim. As jogadoras estavam questionando nossa relação, e eu sabia que era só uma questão de tempo até que os treinadores, ou pior, a administração, fizesse o mesmo.

*

*

*

O apartamento estava silencioso, exceto pelo leve zumbido do aquecedor. Eu estava sentada no sofá, tentando me concentrar em um livro, mas as palavras na página pareciam dançar, se recusando a se acomodar em minha mente. A cada nova frase, me via relendo, sem absorver nada. Meu celular estava ao meu lado, vibrando por vezes com notificações, mas eu o ignorava, sem disposição para me preocupar com o mundo exterior naquele momento.

Foi quando ouvi a chave girando na porta. Olhei para cima, vendo Nop entrar. Ele estava mais sério do que o habitual, o que me fez sentir um desconforto imediato. Nop sempre tinha um sorriso no rosto, mas naquele momento, a preocupação parecia estar gravada em cada linha de sua expressão. Ele fechou a porta com um leve clique e caminhou até mim, sem dizer uma palavra. Meu estômago se apertou; algo estava errado.