Silent Fallout.

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(Unmasking the Puppeteer)

MON

O apartamento era o refúgio que Sam e eu tanto precisávamos. Desde que deixamos a casa de Kade, as coisas tinham se tornado ainda mais complicadas. Decidi alugar um lugar, mas mantivemos tudo em segredo. Não queríamos atrair ainda mais atenção, especialmente depois de tudo o que tinha acontecido. O lugar era simples, mas acolhedor. Cores neutras, móveis minimalistas e algumas plantas que Sam insistiu em trazer para dar vida ao ambiente. Mas, apesar do esforço para criar um espaço de tranquilidade, a tensão entre nós era palpável.

Eu me sentei na beirada da cama, o espelho em frente refletindo o hematoma que começava a se formar no meu rosto. A dor física era uma lembrança constante da confusão que se desenrolara no vestiário, mas a dor emocional era mais difícil de ignorar. Senti meus ombros caírem sob o peso do que aquilo representava. Eu era a capitã, a líder, e havia falhado em manter o time unido. Como poderia enfrentar as jogadoras depois disso?

Sam entrou no quarto em silêncio, segurando uma toalha com gelo. Ela não disse nada, apenas se aproximou e sentou-se ao meu lado. Seus olhos estavam cheios de preocupação enquanto ela pressionava gentilmente a toalha contra meu rosto. Eu tentei sorrir, mas a expressão dela permaneceu séria, quase dolorosa de se ver.

"Você não precisava se meter nisso," murmurei, tentando aliviar a culpa que via em seus olhos.

Ela não respondeu imediatamente. Em vez disso, continuou a segurar o gelo contra minha pele, seus olhos fixos no hematoma que se formava. Finalmente, ela quebrou o silêncio. "Eu faria isso mil vezes se precisasse. Ver você naquela situação... eu não podia ficar parada."

Havia uma intensidade nas palavras de Sam que me fez desviar o olhar. Eu não queria que ela carregasse esse peso, mas sabia que não adiantava argumentar. Sam era assim, sempre pronta para proteger as pessoas que amava, mesmo que isso significasse se machucar no processo.

Fechei os olhos, sentindo a frieza do gelo aliviar a dor. "Eu só queria que as coisas fossem diferentes," sussurrei, mais para mim mesma do que para ela. "Queria que pudéssemos jogar futebol, ser felizes, sem toda essa pressão, sem todo esse drama."

Sam suspirou, e eu senti o colchão afundar ligeiramente quando ela se inclinou para me abraçar. "Nós vamos passar por isso," ela disse, a voz firme apesar do tremor sutil que a acompanhava.

Houve um silêncio pesado após suas palavras, como se ambas estivéssemos digerindo o que aquilo realmente significava. Eu queria acreditar que poderíamos superar qualquer coisa, mas os eventos recentes tornaram essa esperança difícil de manter.

"Você foi incrível hoje," Sam disse de repente, quebrando o silêncio. Havia um calor em sua voz que fez meu coração acelerar. "Ver você enfrentando tudo aquilo... me fez te admirar ainda mais."

Eu abri um pequeno sorriso, mas não consegui esconder a onda de emoções conflitantes que me atingiu. Havia orgulho, sim, mas também uma angústia latente, um medo de que tudo pudesse desmoronar. "Eu só fiz o que precisava ser feito," respondi, tentando manter o tom leve, mas a verdade era que eu estava tão abalada quanto ela.

O olhar de Sam encontrou o meu, e por um momento, o tempo pareceu parar. Havia algo naquele olhar, uma mistura de desejo e carinho, que me fez esquecer toda a dor, toda a confusão. Ela se inclinou para me beijar, um gesto que começou suave, mas que rapidamente se intensificou. Eu correspondi, deixando que o beijo nos levasse para longe dos problemas, para um lugar onde apenas o amor que sentíamos uma pela outra importava.

Quando o beijo se aprofundou, uma onda de eletricidade percorreu meu corpo. Cada toque, cada movimento de seus lábios me fazia esquecer o que havia acontecido mais cedo. Tudo o que eu queria naquele momento era sentir Sam, mostrar a ela que, apesar de tudo, estávamos juntas, conectadas de uma forma que ninguém poderia entender.

I HATE LOVE YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora