I HATE LOVE YOU

Offside Play.

(When Personal Fouls Blur the Game)

MON

A decisão de ir até os dirigentes e revelar nosso relacionamento não foi fácil. Estávamos bem cientes de que isso poderia mudar tudo, tanto para nós quanto para o time. Mas, depois do que aconteceu, sabíamos que não podíamos mais esconder a verdade. Se íamos lutar, era preciso fazer isso de forma transparente, sem nada a temer.

Quando entramos na sala de reuniões, o ambiente estava carregado. Os dirigentes estavam sentados à mesa, com expressões que variavam entre a preocupação e a impaciência. O presidente do clube nos olhou com aquela seriedade típica, esperando que nos explicássemos.

"Obrigado por nos receberem de novo tão rapidamente," comecei, tentando manter a calma. "Há algo que precisamos contar antes de qualquer coisa. Algo que achamos que vocês devem saber."

Os dirigentes trocaram olhares antes de o presidente falar. "O que seria, Mon?"

Troquei um rápido olhar com Sam, que assentiu levemente, me dando coragem para seguir em frente. "Sam e eu... estamos juntas."

O silêncio após a revelação parecia durar uma eternidade. Os dirigentes trocavam olhares, claramente surpresos e um tanto desconfortáveis. Era evidente que não esperavam esse tipo de notícia.

O presidente do clube, ainda com uma expressão séria, foi o primeiro a quebrar o silêncio. "Juntas, como... namoradas?" Ele parecia medir cada palavra, como se precisasse de confirmação para algo que não sabia como processar.

Sam e eu nos entreolhamos, e ela foi a primeira a responder. "Acho que não rotulamos exatamente. Mas estamos em um relacionamento, sim. Estamos comprometidas uma com a outra." Sua voz era firme, sem hesitação, como se estivesse disposta a lutar por nós, independentemente da reação deles.

O técnico, sentado à direita do presidente, franziu o cenho. "Vocês têm noção de como isso pode complicar as coisas? Não apenas dentro do time, mas também para o clube? A mídia já está em cima de vocês. Isso pode se tornar um caos."

Suspirei, já prevendo esse tipo de reação. "Sabemos que há riscos. Mas escondê-lo só vai piorar as coisas, e queremos ser transparentes. A relação entre mim e Sam não está atrapalhando o time. O problema foi a resistência de algumas jogadoras em aceitar Sam, e a postura de Rebecca."

O técnico olhou para o presidente, e este acenou com a cabeça, sinalizando que era para continuar.

"O que aconteceu no vestiário foi claramente uma tentativa de desestabilizar o time e questionar minha liderança como capitã. E, se vamos falar de brigas internas, precisamos deixar claro que não foi Sam quem me agrediu, mas Rebecca. Sam estava tentando me proteger. E esse tipo de comportamento não pode ser aceito no United."

A sala permaneceu em silêncio por alguns segundos antes que o presidente se inclinasse para frente, os dedos tamborilando na mesa. "E quanto a Nop?" A pergunta era direta e inevitável. "Você estava noiva, Mon. O público e o time vão querer saber o que aconteceu."

Senti um aperto no peito, mas sabia que era necessário enfrentar essa parte. "Nop e eu percebemos que queríamos coisas diferentes. Meu compromisso com o futebol e minha responsabilidade com o time sempre vieram em primeiro lugar, e isso causou um distanciamento entre nós. Quando Sam e eu nos aproximamos, percebi que o que eu sentia por Nop não era suficiente para continuar. Não foi uma decisão fácil, mas foi a certa para mim."

Houve um murmúrio de compreensão na sala. Era uma explicação razoável, uma que não culpava ninguém, mas deixava claro que as diferenças entre mim e Nop eram profundas demais para serem ignoradas.