Red Card.

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(When the Game Turns Savage)

NOP

Eu estava exausto. O dia havia sido interminável, e tudo o que eu queria era encontrar um pouco de paz no único lugar que sempre me proporcionou isso: Mon. Seu apartamento sempre foi um um refúgio, onde tudo parecia certo, onde podíamos nos conectar após dias longos e complicados. Mas hoje, algo dentro de mim estava inquieto.

Eu havia decidido tentar entender o que estava acontecendo, conversar com ela calmamente, ouvir o que ela tinha a dizer. Mas nada, absolutamente nada, poderia me preparar para a visão que me aguardava ao abrir a porta.

Ao entrar, esperava encontrá-la no habitual estado de controle e determinação que sempre admirei. A sala, antes nosso santuário, agora me recebia com uma cena que era um golpe direto no estômago.

Ali, no sofá que tantas vezes compartilhamos, estava Mon. Mas ela não estava sozinha. Sam estava deitada, e Mon, minha Mon, estava sobre ela, em um momento que não deixava margem para dúvidas.

Minhas mãos apertaram o trinco da porta com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Por um instante, tudo ao meu redor pareceu congelar enquanto eu tentava processar o que meus olhos viam. Era como se o tempo tivesse parado, deixando-me preso na brutalidade do momento: a mulher que sempre considerei minha estava nos braços de outra.

Meu coração disparou, cada batida ecoando no silêncio pesado que se instalara na sala. O orgulho que sempre senti por estar ao lado de Mon, aquele que compartilhava seus planos e sonhos, agora se transmutava em um amargo senso de traição. Era como se tudo o que havíamos construído estivesse desmoronando diante de mim.

Mon, totalmente imersa em Sam, parecia alheia à minha presença, envolvida em um momento de intimidade que, até então, eu acreditava ser reservado a nós. Aquele vislumbre de paixão — algo que eu nunca havia visto em nossos momentos juntos — me destruiu de uma maneira que eu não estava preparado para enfrentar.

Tudo o que eu pensava ter, tudo o que eu considerava certo e seguro, desmoronou em questão de segundos. O que éramos, o que estávamos construindo... Agora, parecia uma mentira cruel. E o pior de tudo é que, no fundo, eu já sabia. Sabia que algo estava diferente, que algo estava mudando nela. Mas eu nunca quis acreditar que poderia ser isso.

Ver Sam ocupando o espaço que costumava ser meu... era demais para suportar. Uma raiva crescente começou a queimar dentro de mim, alimentada pelo orgulho ferido e pela humilhação que se acumulava rapidamente.

Finalmente, Mon levantou a cabeça e me viu. Seus olhos, antes cheios de desejo, se arregalaram de surpresa e, talvez, de culpa.

O apartamento, que costumava ser um refúgio, agora parecia sufocante. A traição estava ali, escancarada, e eu sabia que nada seria como antes.

Eu podia ver o choque nos olhos dela, o medo de ter sido flagrada, mas havia algo mais. Algo que me fez perceber que isso não era apenas um deslize, mas uma escolha deliberada.

"Você só pode estar de brincadeira," disse, deixando escapar um riso cínico que ecoou pelo apartamento. O som parecia distante, como se viesse de outra pessoa, mas era meu. O riso amargo de alguém que acabara de perceber que sua vida inteira havia sido uma mentira.

A raiva queimava em minhas veias enquanto eu dava um passo adiante. Com um movimento brusco, fechei a porta com tanta força que o som ecoou pelas paredes, fazendo Mon pular de susto no colo de Sam. Ela rapidamente se levantou, puxando a blusa de volta sobre o corpo, e começou a caminhar em minha direção, com o rosto tomado pelo medo e pela confusão.

I HATE LOVE YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora