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Satoru ficou de cama por dois dias até que melhorasse de vez, nesses dois dias eu não saí do lado dele. Foi muito irritante ter que escutar as piadinhas dele toda hora, sem contar o ego enorme dele.

- Eu sabia que se importava comigo, bem lá no fundo. - Satoru disse convencido e me arrependi de ter me preocupado com aquele imbecil.

- Só cuidei de você porque fiquei com peso na consciência. - Revirei os olhos.

Estávamos esperando o Suguro e a Shoko no refeitório, percebi que aquele lugar era o nosso ponto de encontro.

- Amaya? - Escutei alguém me chamar.

- Quem é você? - Arqueei uma sobrancelha. - E porque tá me chamando pelo primeiro nome? Nem te conheço. - O menino que me chamou hesitou, mas ainda assim continuou parado na nossa frente.

- Eu me chamo Ren Daki. - Ele se curvou. - Vim dizer que o Hiroshi, do terceiro ano, gostaria de falar com você. - Quando ele se curvou, pude ver um hematoma no pescoço dele.

- Aí, quem é Hiroshi? - Perguntei para Satoru, que deu de ombros.

- Sei lá, lembro desse comédia aí não. - O tal do Daki ficou estático.

- O Hiroshi... É o seu namorado. - Travei e Satoru arregalou os olhos.

- Tá namorando e não me falou nada. - Um biquinho surgiu nos lábios do albino.

- Eu não tô não, nem sabia da existência dessa criatura até agora.

- Ele falou pra escola inteira que vocês estão namorando desde o acampamento. - O rapaz à nossa frente começou a tremer.

- Tá tremendo porquê? - Satoru perguntou, arqueando uma sobrancelha. 

- Me fala onde esse desgraçado tá. - Uma raiva estava crescendo dentro de mim.

- Eu vou também! - Satoru disse de prontidão e eu neguei com a cabeça. - Porque?!

- Tem que ficar e esperar o Suguro e a Shoko chegarem. - Com muita relutância, o albino aceitou ficar.

Eu e o Daki fomos andando em silêncio até esse tal Hiroshi, sinceramente, eu não lembro de nenhum ser desprezível com esse nome.

Percebi que o caminho que estávamos seguindo, dava diretamente para o pátio da escola, havia ido ali poucas vezes.

- Aí, conta como é esse tal Hitoko. - Mandei, o garoto me olhou em choque.

- O nome dele é Hiroshi! - Exclamou ajeitando o óculos.

- Foda-se? - Disse com tédio. - Pouco me importa o nome desse ser insignificante, esse filho da puta não teve um pingo de coragem de chegar comigo e perguntar se eu queria namorar com ele e acha que tem direito de dizer pra todo mundo que a gente tá junto? - Fechei meu punho, a raiva crescia cada vez mais. - Ele tem que ser no mínimo bonito pra eu não querer quebrar ele. - Vi o Daki dando dois passos pra longe de mim.

- Akihiro Hiroshi, ele é um terceiranista, o melhor da turma dele e... - Revirei os olhos e o interrompi.

- Eu tô cagando e andando pro histórico dele, eu tô falando de aparência! - Daki suspirou.

- Ele- Uma voz esganiçada o interrompeu.

- Amor! - Olhei pra direção da voz e meus olhos quase sangraram.

Meu corpo parou de se mexer ao ver aquela coisa feia e esquisita, o rosto dele era cheio de espinha e tinha duas cicatrizes de queimadura recente ao redor dos olhos. Ele tinha mais ou menos a minha altura, a cor do cabelo dele era preto e parecia ser bem oleoso e sujo, ele veio correndo na minha direção e me deu um abraço. O cheiro que esse cara emanava me dava ânsia, meu estômago se embrulhou e senti uma vontade imensa de vomitar.

Curses, Cooking And Fun - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora