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Enquanto cozinhava, mandei os meninos e a Riko arrumarem a mesa do lado de fora para podermos comer olhando para o mar.

_ Mayuura? 

_ Que é? _ Ela perguntou ríspida, provavelmente estava dormindo. 

_ Acordou com o cu virado pra lua foi?

_ Não enche, desgraça! _ Revirei os olhos e deixei pra lá.

_ Eu tô com um mal pressentimento, não existe nenhum feitiço pra ver o futuro? _ Ela deu uma risada sarcástica.

_ Se existisse algo assim, teríamos evitado muitas perdas no passado, não concorda? _ Fiquei pensativa. _  E nem adianta tentar criar algo do tipo, existe um limite para o que podemos criar. Se criar algo do tipo, sua alma será corrompida e você perderá a chance de renascer. 

_ Renascer?!

_ Isso! Toda alma tem o direito de renascer, mas se fizer algo que comprometa sua alma, pode demorar para renascer, dependendo do quão corrompida sua alma esteja, e usar magia celestial é proibido! 

_ Então tá, né. _ Fiquei com medo de continuar a falar sobre esse assunto. 

_ O que anda te preocupando? _ Ela perguntou.

_ Não sei, mas sinto que alguém está brincando conosco. Os caçadores de recompensa que vieram até nós são muito fracos, tem alguém por trás disso, sem contar na recompensa absurda pela cabeça da Amanai. _ Isso tem perturbado minha mente desde o incidente na escola da Riko. Terminei de empanar os camarões e os coloquei pra fritar.

_ Vou verificar o que posso fazer pra ajudar. No momento não posso usar minha forma física por causa da quantidade anormal de energia amaldiçoada que gastei no dia da febre do garoto.

_ Não precisa se preocupar, apenas descanse! _ Vi um olhar agradecido e ela sumiu, fiquei novamente sozinha na cozinha, não por muito tempo, é claro. Ouvi passos não tão leves vindo em direção a cozinha.

- Precisa de ajuda? - Ouvi Kuroi perguntar, meu corpo ficou em estado de alerta, algo nessa mulher estava errado e meus instintos gritavam perigo toda vez que eu olhava pra ela.

- Acredite, se algum dia eu precisar de ajuda na cozinha, não vai ser você quem eu vou chamar. - Falei forçando um sorriso simpático, escondendo meu desconforto com ela ali na cozinha. Involuntariamente apertei o cabo da faca que eu estava segurando.

- Eu não entendo o porquê da senhorita estar com tanta raiva de mim. - Ela começou um teatrinho, o que me fez arquear uma sobrancelha e começar a preparar os outros pratos. - Se eu fiz algo que a deixou desconfortável, por favor, me diga! - Sua voz começou a falhar, olhei em direção ao rosto dela e vi que ela estava chorando. Franzi o cenho e deixei ela continuar a falar, obviamente voltei meu olhar para as verduras. - Vocês são fortes e podem proteger ela, tudo que eu quero é que a senhorita Riko possa ficar segura e bem!

A última frase dela me chamou atenção, não pela frase em si, mas sim pela forma como a voz dela soou, parecia como se estivesse falhando. Uma podridão se instalou na cozinha e um som de ossos estralando substituiu o barulho dos camarões sendo fritos, olhei pra trás e a Kuroi não era mais a Kuroi, ela era uma das maldições que encontramos na lanchonete abandonada no meio da estrada quando fomos para o meu território.

- Puta merda! - Murmurei ao ver a vagabunda sujar todo o chão com uma espécie de sangue preto. - Essa porra é muito ruim de limpar. - Choraminguei ao pensar na trabalheira que eu teria pra limpar aquele sangue.

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⏰ Última atualização: Oct 16 ⏰

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Curses, Cooking And Fun - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora