Xiao odeia verão, assim como odeia Aether

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Xiao

Xiao bufou, obviamente estava irritado, o ar saindo em uma nuvem curta enquanto ele tentava entender aonde o maldito loiro padrão queria chegar. A simples presença de Aether o incomodava profundamente, ao ponto de sua primeira reação ser: ignorar a existência do outro. Não suportava a visão de alguém tão bonito lhe tirando do sério, e isso só aumentava sua frustração.

No entanto, a lembrança de um leve brilho úmido nos olhos dourados de Aether o fez hesitar. Xiao sentiu um aperto incômodo no peito — algo raro para ele —, que normalmente se deleitava em criticar os outros sem piedade. Mas dessa vez, pareceu ter ido longe demais, e a culpa começou a corroer seus pensamentos. O dia todo ficou com a cabeça quente, remoendo a situação.

Para piorar, Venti não perdeu a oportunidade de tirar sarro da sua cara. Sempre com um sorriso provocador, o amigo o repreendia por ter sido tão babaca, tratando mal alguém que nunca lhe fez nada. Aether não tinha culpa de ser lindo por natureza, e isso só fazia Xiao bufar ainda mais alto, tentando, sem sucesso, afastar o desconforto crescente que sentia.

Xiao ficou ainda mais furioso quando ouviu o nome do loiro padrão saindo da boca de uma garota da sala. Ele sabia muito bem que Ayaka era a fã mais insuportável de Aether, sempre abrindo a boca apenas para comentar o quão gostoso o garoto ficava sem camisa. O moreno nunca tinha visto tal cena, mas só de imaginar, sua ânsia de vômito voltou com força. Era como se a imagem se formasse em sua mente sem permissão, trazendo uma irritação ainda maior, Arcontes, ele iria explodir a qualquer momento.

Com o estômago embrulhado e o humor azedando rapidamente, Xiao enfiou a mão embaixo da cadeira e pegou seu celular. Abriu seu aplicativo favorito, o refúgio perfeito para despejar suas frustrações e comentar as infelicidades de sua vida. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios enquanto digitava freneticamente, sobre como seu dia estava sendo arruinado sempre por uma loira padrão. A ironia na escolha das palavras lhe dava um prazer sombrio, uma pequena vingança contra o universo que parecia conspirar contra ele.

Venti, que observava tudo da cadeira ao lado, não conseguia conter a risada. A atitude infantil do moreno era um espetáculo à parte, e o artista não perdeu a chance de provocar o amigo. Em voz alta, disse que Xiao deveria simplesmente ir pedir desculpas a Aether, afinal, ele devia isso. Ele, no entanto, apenas bufou, se afundando ainda mais na frustração, enquanto a ideia de encarar o fotógrafo novamente fazia seu sangue ferver.

— Eu prefiro morrer — disse, após devolver o eletrônico de volta para baixo — Você está do lado de quem, afinal? — indagou, olhando diretamente para o rosto divertido de seu amigo.

— Estou sempre onde o amor prevalece, talvez você precise um pouco do que nossa querida ali tem. — disse, apontando para Ayaka, que dava pulinhos por alguma foto comprometedora — Aprenda com ela.

— Para o seu bem, eu vou te ignorar. — virou a cara, sentindo o sono chegar em seus olhos, ele sabia que precisava parar de tomar leite com achocolatado antes de ir para a Academia — Não vou pedir desculpas! — afirmou novamente, mas dessa vez, Venti deu de ombros e voltou a ler um mangá.

Xiao não gostou nem um pouco do olhar indiferente que Venti lhe lançou depois de ele recusar seus conselhos. Era irritante, mas previsível, afinal, ele estava sendo um babaca por todos os lados. O peso da decepção nos olhos do amigo o incomodava mais do que ele queria admitir. Assim que o sinal de intervalo tocou, Xiao se levantou abruptamente, sem dar qualquer satisfação ao moreno de tranças sobre onde iria. Seu orgulho era forte, quase inquebrável, mas pior do que engolir essa arrogância seria deixar uma pessoa especial de cara mal lavada. Com isso em mente, e contra sua própria vontade, ele saiu determinado a encontrar o loiro padrãozinho, embora não tivesse ideia de qual sala ele frequentava.

Xiao vagou pelos corredores, um pouco perdido, até que ouviu risadas altas vindo de um corredor próximo. Ele franziu o cenho, reconhecendo aquele som abominoso de gente que parecia se divertir às custas dos outros. Curioso e já antecipando o pior, ele se aproximou para conferir quem eram os insuportáveis da vez. E, como esperado, lá estava Aether, cercado por várias pessoas que pareciam estar o consolando. Por um breve momento, Xiao se arrependeu amargamente de ter ido até ali. O garoto loiro parecia estar muito bem, rodeado por pessoas, sorrindo como se nada o afetasse. Xiao sentiu uma pontada desconfortável de dúvida—será que ele realmente precisava estar ali?

Ele não queria chamar atenção para si, não queria que os olhares dos outros dissessem: "Sou amigo do popular". Só de pensar nisso, um gatilho foi acionado dentro dele, trazendo uma onda de repulsa. Sentindo o peso da situação se abater sobre ele, Xiao deu meia-volta, desistindo da ideia de falar com Aether naquele momento. Talvez fosse melhor esperar até depois das aulas, quando o garoto estaria sozinho e as chances de uma cena embaraçosa seriam menores.

Xiao esperou pacientemente, observando de longe enquanto o pátio da escola começava a esvaziar. O céu, tingido de tons laranja e rosa, já dava os primeiros sinais do pôr do sol. Venti, sempre atento, tinha feito questão de travar o caminho de Xiao para casa, como se soubesse que ele estava esperando algo. Com os braços cruzados, o moreno permanecia firme, os olhos fixos no grupo que ainda se despedia no portão, aguardando o momento em que o rostinho bonito finalmente iria aparecer diante dele.

E então, lá estava Aether, rindo ao lado de um grupo enorme com um sorriso fácil. Xiao estreitou os olhos, sentindo uma pontada de desconforto ao ver como ele parecia tão à vontade, tão querido por todos. Mas logo, como havia previsto, a celebridade ficou sozinho por alguns segundos, dando a brecha que ele esperava.

Sem hesitar, Xiao se aproximou rapidamente e, com um movimento decidido, puxou o pulso de Aether assim que ele pisou fora da Academia. Seus passos eram rápidos, quase determinados, e ele não deu tempo para o loiro reagir ou protestar. Curiosamente, Aether não parecia tão surpreso com a aparição repentina de Xiao, apenas o seguiu sem muita resistência, como se esperasse algo do tipo.

Eles andaram em silêncio até que chegaram a uma rua isolada, onde quase ninguém passava naquela hora. Finalmente parando, ele soltou o pulso de Aether, e o encarou, o coração acelerado, não apenas pelo esforço físico, mas também pela tensão do momento. Ali, longe dos olhares curiosos e da pressão da academia, os dois se encontraram em um raro instante de privacidade.

— Primeiro você me humilha na frente de todos, depois na internet e agora me sequestra? Qual a da vez, vai me prender e fazer um vídeo tirando minha maquiagem? — o loiro puxou seu braço, lançando um olhar de desdém.

— Você usa maquiagem? — a pergunta foi genuína, mas Xiao muda de assunto ao ver um punho mirando sua cara — Ei, calma! Eu vim em paz! Digo… — no mesmo instante ele perde suas palavras e se sente ridículo, Aether o observa desconfiado e põe as mãos nas cintura, como se esperasse alguma justificativa — Me desculpe, pelas coisas que eu disse. Meu amigo está chateado comigo, por ter sido meio injusto com você. E eu percebi que errei muito, ainda te acho um padrãozinho chato mas ainda assim, parece alguém incrível de estar perto. 

Aether parece hesitar no início, mas imagina que deve ter realmente havido alguém de bom senso ao lado de Xiao, para fazê-lo refletir sobre suas atitudes. Ele suspira, mantendo o silêncio, mas a pausa é logo interrompida pelo moreno.

— Só quero dizer que você é radiante, do tipo que me causa insolação. Sua presença é como férias e deve ser por isso, que atrai tantas pessoas ao seu lado. Você ofusca qualquer humano comum igual a mim, além do seu cabelo ser literalmente da cor do sol. O que eu quero dizer é, que se você quer tanto assim me fazer de modelo para sua inspiração… no mínimo eu espero que você seja a minha, a sua cara transmite verão — Xiao ri do seu próprio poema, preparando seus passos para ir embora — Basicamente, a estação que mais odeio.  

Ele termina seu discurso, mas sem pretensão de ouvir uma resposta, então seus passos deixam a cena gradativamente. Logo está a caminho de outra rua, deixando Aether sozinho com os próprios pensamentos.

— É um maluco mesmo. — diz num suspiro, olhando a silhueta partir do seu campo de visão — Eu até que gosto…

Aether é Loira Padrão, a Thread - {Xiaoether}Onde histórias criam vida. Descubra agora