Confissão é amigo do acaso

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Xiao

Xiao estava sentado na sala de aula, tentando aproveitar o intervalo em silêncio. Mexia distraidamente no celular, buscando qualquer vídeo aleatório que o afastasse dos pensamentos sobre a noite anterior, dando algumas mordidas no seu pão recheado em cima da banca. Tudo teria sido tranquilo, se não fosse a risada alta e constante de Venti ao seu lado. Pela milésima vez, o amigo estava zombando dele, se divertindo às custas da história que ele mesmo contava sobre o que havia acontecido na casa de Aether.

A gargalhada histérica ecoando pela sala, atraindo olhares curiosos dos outros alunos. O moreno ria de tudo; fosse do curativo mal feito no dedo de Xiao, da vergonha que ele sentiu por ter fugido de um momento extremamente constrangedor, e até do fato de ter se queimado na tentativa desajeitada de ajudar na cozinha. Era uma humilhação atrás da outra.

— Eu queria ter visto a sua cara! — Venti disparava entre risos, segurando o estômago como se não conseguisse parar de rir.

Xiao, com as bochechas levemente coradas e o cenho franzido, fechou os punhos, lutando contra o impulso de retrucar. Queria enfiar sua mão na goela de Venti, e xingá-lo de todas as línguas possíveis, mas sabia que, no fundo, a culpa era dele mesmo. Talvez, se tivesse lidado melhor com a situação, não estaria ali, ouvindo as piadas sem fim do amigo.

Ao invés de entrar na provocação, Xiao apenas bufou, revirando os olhos. Queria esquecer, mas estava sendo impossível ao lado de alguém tão insuportável, por não ter a mínima sensibilidade. Mas, no lugar disso, tudo o que conseguiu foi soltar um longo e frustrado suspiro. Sabia que, se tivesse ficado em casa ontem, ou se não tivesse deixado a vergonha tomar conta, talvez não fosse o alvo das piadas agora.

— Você até cozinhou pra ele, tem certeza que não quer virar esposa de um futuro sugar daddy?

Em vez de continuar sentado ali, à mercê das provocações, Xiao decidiu que a melhor forma de lidar com a situação era ignorar. Com um movimento brusco, levantou-se da cadeira.

— Vou ao banheiro — disse seco, sem sequer olhar para Venti, e saiu da sala, deixando o amigo rindo sozinho.

Xiao caminhava pelos corredores da escola, tentando deixar para trás os pensamentos que o atormentavam, não aguentava mais pensar no rosto de Aether tão próximo do seu, de como sentiu o peito virar do avesso, principalmente da vontade exorbitante de provar daqueles lábios. Se sentia um louco, provavelmente jogaria a culpa em sua queimadura, como se ela fosse capaz de lhe dar sensações mirabolantes. Tudo o que queria era um pouco de ar fresco, longe das provocações e dos olhares curiosos sobre seu rosto vermelho. Ele respirava fundo, o som dos seus passos ecoando pelo corredor vazio.

Por coincidência, encontrou Albedo saindo do banheiro. O artista parecia tão perdido quanto ele, mas o cumprimentou com um leve sorriso.

— Xiao, que surpresa. Você está bem? — perguntou, sua voz serena ressoava, enquanto apoiava um braço na cintura.

O moreno hesitou por um segundo, mas então decidiu puxar um assunto que pairava em sua mente, como se fosse a solução para esquecer dos sentimentos confusos.

— Estou... mais ou menos — respondeu com um suspiro. — E você? Já falou com o Aether? Se declarou?

Albedo pareceu surpreso com a pergunta, mas logo respondeu com um sorriso tranquilo. Apesar de ter desistido, não havia dito nada por vergonha, se esquivando do motivo central de renunciar sua comoção.

— Não, não falei nada. Acho que o melhor é deixar como está. Não vejo necessidade de complicar as coisas, e sou grato pela sua preocupação, foi a única pessoa que me apoiou. — Ele fez uma pausa, mas antes que pudesse continuar, Xiao o interrompeu.

Aether é Loira Padrão, a Thread - {Xiaoether}Onde histórias criam vida. Descubra agora