Caindo no poço chamado Aether

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Aether

O loiro estava sozinho no quarto, o silêncio preenchendo o espaço ao seu redor enquanto seus olhos se fixavam na tela da câmera. As fotos que ele havia tirado de Xiao naquela tarde brilhavam na pequena tela LCD, mostrando cada detalhe do seu trabalho; fosse o reflexo da luz suave sobre a neve, o cachecol vermelho contrastando com as paisagens brancas, e, claro, o próprio Xiao, com suas expressões levemente embaraçadas e olhares furtivos. Aether suspirou, movendo as melhores fotos para seu notebook, separando-as para editar mais tarde, talvez quando voltasse da viagem.

Por mais que tentasse focar nas edições, ele não conseguia tirar os olhos daquele cabelo negro aos ventos, os lábios levemente ressecados, o jeito tímido ao sorrir na nave. Havia algo sobre as orbes pontiagudas naquele dia, diferentes, sua beleza era quase estonteante, delicada, ainda mais intensificada durante a sessão de noite. Como se fosse um gato, ele diria. 

Depois de selecionar as melhores imagens numa pasta nova, Aether hesitou por um momento antes de abrir um arquivo confidencial, por vergonha, ele a mantinha escondida e que, até agora, ninguém sabia da existência. Dentro dela, havia centenas, talvez milhares, de fotos de Xiao. Ele havia tirado ao longo dos anos, a maioria em segredo, pois não era louco de mostrar a alguém. Algumas delas eram de momentos cotidianos na escola ou, em reuniões com o clube no pátio. Outras, como a primeira foto que ele tirou no início do ensino médio, quando por coincidência, eles dividiram o mesmo ônibus escolar para uma excursão. Tudo começou naquele tempo, datadas do momento em que eles se conheceram ao dividir o mesmo assento, mas claro, o moreno nem lembrava disso, pois a fama do loiro não era tão gigante na época, capaz dele se importar. Xiao, com os cabelos um pouco mais curtos e um olhar bondoso, dormindo durante toda a viagem. Aether lembrava bem daquele dia, como se fosse ontem, admirando o rosto adormecido como se estivesse numa hipnose.

Ele passou por várias fotos, revendo cada uma com uma mistura de nostalgia e arrependimento, e foi então que uma voz suave e maliciosa surgiu atrás dele, interrompendo seus pensamentos.

— Paisagem interessante essa — sussurrou Childe, em um tom divertido, perto do ouvido de Aether. — Quem diria que seu gosto permanece o mesmo, qual seu truque?

Aether deu um salto imediato, a cadeira quase virando enquanto ele se virou abruptamente, o coração batendo forte no peito, afinal, a casa caiu. O sorriso provocador do ruivo estava estampado em seu rosto, os olhos azuis brilhando com travessia.

— Childe! — exclamou, tentando recompor-se rapidamente, o rosto corando de imediato. Ele tentou fechar o notebook, mas era tarde demais. O mais velho já tinha visto o suficiente para entender o que estava acontecendo.

— Relaxe, meu camarada — Tartaglia continuou, rindo baixinho, como se a situação fosse a coisa mais engraçada do mundo. — Eu não sou cego. E nem burro. — Ele cruzou os braços, observando se a porta continuava fechada.

Aether, ainda tentando recuperar o fôlego, olhou para ele, claramente desconfortável. 

— Por favor, Childe — disse ele, em um tom mais sério — Não conte a ninguém sobre isso.

Por um breve momento, o ruivo ficou em silêncio, seus olhos profundos avaliando o loiro com curiosidade, não era todo dia que encontrava alguém idiota para se divertir. Ele colocou a mão no queixo, como se estivesse ponderando seriamente a questão. 

— Não contar a ninguém, ou talvez não contar ao Xiao? — ele disse finalmente, o sorriso desaparecendo enquanto ele falava com mais seriedade do que Aether esperava. — Com aquele jeitinho agressivo, quem sabe quantas palavras horríveis ele dirá a você? Eu gostaria de presenciar, hmm…

Aether é Loira Padrão, a Thread - {Xiaoether}Onde histórias criam vida. Descubra agora