Noite

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Sophia

Gabi passou o dia aqui e agora está se arrumando para voltar ao hotel. A minha vontade é de não deixá-la ir. Mas eu já fiz isso há algumas horinhas atrás, quando ela recebeu uma mensagem de seu treinador a chamando de volta. Ela levantou do sofá num pulo, mas eu a impedi de ir naquele momento, até porque estava chovendo muito e eu queria que ela ficasse mais.

A calei com um beijo e transamos novamente, dessa vez no sofá. Tomamos um banho juntas e agora ela está  se vestindo com as roupas de ontem enquanto eu a observo em silêncio, pensando em como gosto de vê-la se movimentar pela casa e em como seu cheiro preenche o espaço.

Ultimamente tenho pensando muito nela, nas coisas que gosto nela e isso me assusta um pouco. Nos conhecemos há uma semana e tivemos uma conexão instantânea, uma química inexplicável e o sexo só comprovou isso. Me sinto viciada, assim como sou em adrenalina.

Ela tem sido minha adrenalina.

- Gabi. - a chamo. Ela me olha e chego bem perto dela. - Você tem mesmo que ir?

- Sim, linda. Amanhã o treino é muito cedo - ela diz, séria. Acho que posso eleger essa expressão como Gabi focada. Percebo que ela está tensa, talvez já pensando em sua preparação.

Ela segura em meu rosto e me dá um beijo carinhoso, que eu retribuo com mais carinho ainda.

- Meu bem, vou indo agora, ok? - ela diz olhando em meus olhos. - Obrigada por hoje, por ontem, todos esses dias. - eu suspiro, de repente um sentimento esquisito me pega e eu não identificar. Só me sinto extremamente triste por ela ir embora.

- Ontem foi... incrível. - Digo a ela - Você é maravilhosa.

- Você que é.

Encostamos nossas testas e ficamos assim uns segundos, até que ela me dá mais um selinho e se afasta.

Ela pega o celular, guardando-o no bolso. Vamos até o carro de mãos dadas e eu a levo até o hotel. Não conversamos no caminho, escutamos algumas músicas e nos despedimos rapidamente.

Volto para casa envolta em mil pensamentos. A sensação de que algo está acontecendo não me deixa, e junto com essa tristeza por deixá-la no hotel, me sinto cansada.
Preciso entender melhor tudo isso, mas só de pensar em magoar Gabi, já sinto meu coração apertar.

Decido que não é hora para isso, e decido trabalhar um pouco.
Vou lançar um EP com três músicas em breve, e preciso decidir o nome dele. Amanhã tenho uma reunião bem cedo com a equipe de marketing, mas de qualquer forma começo a estudar um pouco mais as canções, em busca de ideias pro conceito final do ep.

Quando vou deitar, recebo uma mensagem de Gabi dizendo boa noite. Respondo à menina e logo adormeço, pensando nela.

Gabi.

- Aí,  finalmente apareceu. - Carol me recebe assim que passo pela porta do nosso quarto de hotel. Eu lhe entrego um sorriso simples e ela franze o cenho - O que aconteceu? Achei que você fosse chegar aqui pulando de alegria.

Me sento na cama e solto um suspiro.

- Nada, está tudo bem - eu nem mesmo sei explicar o que está acontecendo comigo.

- Gabi, eu te conheço. Me conta o que aconteceu - Carol insiste, se sentando ao meu lado.

Explico a ela tudo que aconteceu de ontem para hoje, conto sobre minha primeira vez com Sophia e que me senti muito bem, mas ao explicar como foi o dia, sinto minha voz embargar um pouco.

Não consigo entender como pudemos ter uma noite tão boa, mas um dia tão estranho.

- Amiga, você já parou para pensar que pode estar se apaixonando? - ela questiona. Eu a olho e assinto com a cabeça. Boa parte dos meus pensamentos de hoje me levaram a isso e eu não sei como lidar. - E isso te assusta?

- O pior é que não. Acho que esse é o problema.
E porque seria um problema? A Sophia é muito legal e parece gostar de você também.

- Será? Eu realmente não consigo decifrar esse lado dela, Carol. Apesar de sua transparência em quase tudo, esse jeito de não demonstrar plenamente me deixa um pouco insegura. Ela gosta tanto de aventuras, de se sentir livre.
Somos tão diferentes nisso.

- Gabi, sinceramente. Acho que está cedo para você pensar nisso, pelo menos assim. -  Ela começa e eu entendo. - Dê mais tempo ao tempo, talvez ela esteja tão confusa quanto você. Só está sabendo esconder melhor.

Eu concordo, Carol está certa. Apesar de toda a intensidade que Sophia e eu carregamos, ainda sim precisamos de tempo.

- Tá certo, amiga. Obrigada.

- Não precisa agradecer. Tenta descansar que amanhã teremos treino logo cedo.

Carol volta para sua cama e eu vou ao banheiro, trocando de roupa e me deitando logo depois.

Envio uma mensagem de boa noite para Sophia, mas prefiro deixar meu celular de lado, adormecendo em seguida.

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Oii! Primeiramente, desculpa o sumiço! Fiquei enrolada esses dias e não consegui vir postar.
Pra compensar, trouxe logo dois capítulos que se complementam. E mais para vocês entenderem mais um pouco dos sentimentos das meninas.

Espero que gostem. Volto em breve.
Bjsss

The Eras of us Onde histórias criam vida. Descubra agora