"Começo de uma amizade?"

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Hiroshi olhou para o reflexo do céu na superfície do lago e suspirou.
—Sabe, eu só queria ter crescido como uma criança feliz, queria que as coisas fossem mais simples, eu poderia estar numa cabana sendo amada pelos meus pais. Eu sinto falta de algo que eu nunca pude ter.— A menina desabafa. Kaito escuta detalhadamente cada palavra saindo da boca da jovem.
—E quanto a Miyamoto?– Kaito pergunta instigado.
—Eu me culpo tanto por ter deixado ele cuidar de mim, talvez ele não teria morrido se eu não tivesse aparecido na vida dele.— A garota fala, com os lábios trêmulos e os olhos azuis prontos para transbordar em lágrimas.
—Estou feliz de que tenha se sentido bem para conversar comigo— Kaito sorri. —Todos nós temos nossos próprios demônios internos, Hiroshi. Não se culpe por algo que não estava ao seu alcance, eu aposto que Miyamoto não gostaria de te ouvir falar essas coisas.— Kaito consola a jovem Espadachim.
As palavras dele trouxeram um leve conforto à mente perturbada da garota. Justo quando ela estava prestes a relaxar, seu olhar foi atraído por um grupo de espadachins passando pelo lago. Entre eles estava Yohan, seu mestre. Ele parecia distante, mas Hiroshi não pôde evitar sentir um frio na barriga ao vê-lo. O último encontro deles ainda estava fresco em sua memória.
—Ei! Vamos nadar?—Kaito interrompe os pensamentos da garota, puxando-a para perto da água.
Hiroshi hesitou por um momento, olhando ao redor, de longe pode observar que Yohan estava com os olhos fixos em si. A garota sorri —Por que não?Um pouco de diversão não faz mal!—Ela brinca, retirando suas botas pretas. —Vem logo!— Chama Kaito ansioso, já dentro da água.
—Espera, vou tirar a meia calça— A jovem retira sua meia longa, exibindo suas pernas torneadas.
Sem enrolar, a Espadachim pula na água. —Caramba, como você se acostuma tão rápido com a temperatura dessa água!?— Hiroshi exclama, se abraçando numa tentativa inútil de se proteger da água gelada

—Ah, você vai se acostumar!— Kaito ri, nadando de um lado para o outro como se estivesse em um dia quente. —A água é refrescante!
Hiroshi, ainda hesitante decidiu entrar mais fundo no lago, sentindo a água fria envolver seu corpo. Logo, as brincadeiras de Kaito, começaram a dissipar suas preocupações.  Enquanto se divertiam, ela não deixou de notar Yohan observando de longe, mas a garota ignora, tentando se divertir com Kaito. O clima leve era exatamente o que a mente conturbada de Hiroshi precisava.
Depois de passar um tempo, cansados, decidiram sair da água. A luz do Sol brilhava intensamente, e eles se sentaram na beira do lago para se secar.
—Ei, por que estão olhando tanto pra mim?Kaito.— A garota pergunta, suas sobrancelhas franzino.
—Deve ser por que você é uma jovem esbelta, com todo respeito Hiroshi. Ei, eu percebi que o Yohan não para de olhar na sua direção, o que há?—Kaito pergunta.
—Eu só disse umas verdades na cara daquele egoísta, ele precisava ouvir— A garota diz, o tom firme. Aparentando estar certa sobre o que fez.
—Hiroshi, só você mesma, não tem nem uma semana que está aqui, você é igual um furacão.—Kaito sorri simples, negando com a cabeça.
—Você é uma verdadeira força da natureza, menina—O homem diz, se espreguiçadeira na areia. —Mas olha, sei que é mais fácil falar do que fazer, mas tenta deixar as coisas acontecerem.
Hiroshi olha para o lago, pensativa
—Você está certo, mas eu não consigo ficar na minha quando vejo esse tipo de coisa. Todo mundo aqui se acha os deuses, não aguentariam um dia lá fora.
Kaito dá um leve tapa no ombro da jovem. —Ei, você é corajosa, passou por muita coisa mesmo sendo jovem para estar aqui, mas reflita um pouco, todos aqui são jovens e passaram por maus bocados assim como você.— Kaito termina.
—Você também não é velho Kaito, mas parece com um quando abre a boca.— A garota brinca, o veneno debochado escorrendo.
—Ei, eu tenho idade para ser um irmão mais velho para você, mas não mude de assunto. Lembre-se que nem todos estão prontos para ouvir verdades, isso inclui à nós mesmos, precisamos escolher nossas batalhas. Ok?
A garota concorda. —Obrigada por me ouvir Kaito.— Ela agradece simpática.

—Tudo bem, vamos andar pela vila enquanto eu te conto algumas lendas legais.— O homem se levanta, sacudindo seu corpo para expulsar a areia da pele.
—Vamos nessa, o que eu faço com essa roupa?— A garota bate os braços nas coxas para limpar a pele grudenta. —Tudo bem, eu carrego. Você já ouvir falar sobre a lenda do Regime Sangrento?
—Se eu te disser que quando eu era menor, meu pai vivia falando sobre esse tal regime, mas eu nunca entendi.— A espadachim fala. Os dois caminham para longe do lago, Hiroshi esquecendo completamente a existência de Yohan.
—É da época dele, meu pai também me contou essa história. Era sobre uma Rainha sanguinária, que odiava os mais pobres, ela estava no comando, e mandava seus espadachins fazerem a limpa em cada vilarejo. Os mais pobres morreram sem saber que aquilo era ordem da Rainha que eles tanto amava. —Kaito conta a lenda, enquanto caminham a passos lentos.
—Que Bruxa! Por qual razão ela fazia isso?— Hiroshi pergunta entusiasmada com a lenda.
—Ela fazia por que comandava, ela fingia ser uma Rainha amável, porém ela tramava matar todos os mais pobres, e aniquilar os vilarejos. Seus espadachins matavam friamente, até abusavam das mulheres.—O homem conta. Se lembrando de como ficou assustado quando seu pai contou essa lenda pela primeira vez.
—Isso que é história pra criança dormir.— Hiroshi brinca ironicamente. —E o que aconteceu com ela?—A jovem pergunta.
—Seu reinado caiu, e ela foi enforcada. Hoje em dia é um risco de vida e morte falar sobre essa lenda.
—Por que você está me contando então?—A garota arqueia a sobrancelha.
—Por que você merece saber— Ele sorri.
"Que sinistro—Pensou a garota"
—Mas é interesse. Essas histórias nos lembram que a bondade e a maldade podem estar mais próximas do que pensamos.
Hiroshi reflete sobre isso enquanto continuam a caminhar pelas ruas da vila, onde as casas de madeira e as flores coloridas contrastam com a escuridão da lenda.
—E o que os vilarejos fizeram para se proteger?— Ela pergunta, curiosa.
—Meu pai dizia que eles começaram a se unir, e criaram um código para alertar uns aos outros sobre os Espadachins da Rainha. Eles usavam sinais nas árvores e nas paredes das casas. Os que sobraram pelo menos— Kaito explica, gesticulando animadamente.
—Isso que eu chamo de honroso, eu gostaria de ter essa coragem!—Hiroshi exalta, admirando a astúcia dos vilarejos.
Kaito para por um momento e olha nos olhos da garota. —Você já tem essa coragem, Hiroshi.
A menina sorri, sentindo-se encorajada. —Para de me babar Kaito. —Ela brinca, esbarrando de propósito no garoto ao seu lado, que ri sincero.
—Olha ali!—Hiroshi aponta para um grupo de jovens praticando artes marciais perto da fonte.
Kaito sorri feliz. —Vamos se aproximar!
Ao se aproximarem Hiroshi nota alguns rosto familiares.
—É o pessoal que eu conheci no jantar.— A garota diz.
—Oi—A menina acena baixo.
—O-OI!!!Hiroshi, que surpresa encontrar você aqui, você não tem muita cara de que gosta, haha, mas seja bem vinda.— Kendo cumprimenta.
—Não mesmo, mas Kaito me arrastou, e eu estou até que simpatizando.—
—Vamos lá, não seja difícil, você está adorando passar um tempo comigo, haha—Kaito brinca com a garota.
A espadachim mal nota, mas já estão os outros 3 reunidos ali, parados em sua frente.
—O que vocês estão aprontando por aqui?—Ela pergunta.
"—Viemos atrair pessoas para conhecer mais sobre as artes marciais, e algumas ferramentas.—Nakashi esclarece.
—Muito legal!—A garota elogia. —Eu e Kaito podemos tentar?—Ela pergunta, os olhinhos brilhando, esperançosa.
—Não, a espadachim aqui é você, Hiroshi, deixo isso com você.—Kaito diz, se afastando ligeiramente das ferramentas.
—Tudo bem, o que temos aí?—A menina pergunta

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