𝕵𝖔𝖚𝖙𝖆

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Um jovem percorria com passos apressados os corredores da imponente fortaleza, o maior castelo do continente, com suas sete torres interligadas ao corpo principal. Seus passos ressoavam pelo vasto e silencioso interior do castelo. A frustração estampada em seu rosto e a raiva contida em sua voz, que reverberava nas grandiosas paredes de granito, tornavam a atmosfera ainda mais tensa. Castelo esse que no inverno, seu exterior de granito alvíssimo, assemelhava-se a uma colina coberta de gelo, aumentando a sensação de desolação e majestade.

- O rei não estava na sala do trono, onde ele está? - questionou Jouta, sua voz carregada de impaciência e desconforto.

Um soldado, visivelmente nervoso diante da intensidade de Jouta, respondeu com a voz trêmula:

- Ele está em seus aposentos, senhor, eu acho.

Sem mais delongas, Jouta dirigiu-se aos aposentos do rei. O entardecer derramava um tom laranja-avermelhado através dos vitrais do castelo, pintando as paredes com um rubor inquietante e criando uma atmosfera lúgubre e quase fantasmagórica. A fortaleza parecia desolada, desprovida da presença vibrante de nobres e cortesãos que normalmente preenchiam os corredores. O ambiente era austero e silencioso, com apenas alguns criados e guardas, como se o rei tivesse se retirado ainda mais para um isolamento profundo.

- Vou falar com o rei - disse Jouta, já impaciente, para os guardas.

Um dos guardas bateu na porta, anunciando:

- Majestade, sor Jouta está requisitando uma audiência.

- Que entre! - respondeu o rei, sua voz abafada, quase inaudível.

Jouta empurrou as portas e adentrou o quarto, sua figura envolta em uma veste que quase se confundia com o ambiente soturno dos aposentos reais. A vestimenta, de um tom malva que se aproximava do negro sob a tênue iluminação, caía com elegância sobre seu pescoço, e, quando ajustada adequadamente, cobria seu rosto até a linha dos olhos cinza-azulados, evocando a iminência de uma tempestade. Seus cabelos, de um grisalho sutil, caíam sobre o olho esquerdo, onde uma cicatriz se destacava de forma inquietante. Em seus braços, mangas de um tecido escuro cobriam desde os bíceps até as mãos, enquanto calças da mais profunda escuridão acentuavam seu porte. As botas, adornadas com o escudo de Valac: um círculo vermelho com quatro meias-luas conectadas em cada direção, sobre um fundo de prata batida, completavam seu traje imponente.

- O que pretende? - questionou Jouta ferozmente.

- Com o que exatamente? - retrucou o rei Daemon, seu olhar abatido espelhando anos de desilusão e noites em claro. Ele vestia um sobretudo azul-anil, despojado de qualquer relevo ou ornamento, e sua barba desgrenhada e extensa evidenciava semanas de negligência pessoal.

- O que pretende mobilizando cinco mil homens para a fronteira sudoeste? - insistiu Jouta, a frustração evidente em sua voz. "Isso de novo, não", pensou ele.

- No momento, não penso em nada. Apenas estou preparado caso receba uma resposta negativa de Dantalion - respondeu o rei. "Puta merda, sabia que tinha a ver com o povo Mythar", pensou Jouta.

- Pretende cometer o mesmo erro novamente? Não bastou a devastação que já infligiu a nosso reino; agora almeja submeter e governar os reinos vizinhos? - Jouta respirou profundamente antes de continuar. - Seus excessos já chegaram ao limite aqui. Se obrigar Dantalion a entrar em conflito, desencadeará uma guerra que poderá arrasar tudo que restou.

- Meu desejo é conquistar todas as terras, mas, sozinho, isso se mostra inviável - o rei levantou-se da cadeira e aproximou-se de Jouta. - Teoricamente, poderia avançar sobre Dantalion, mas tal movimento seria interpretado como um ato de crueldade, e todas as nações, exceto Alloces, se uniriam contra nós. No entanto, se eu conseguir forjar uma aliança, poderíamos submeter todo o continente.

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