𝕸𝖆𝖗𝖎𝖑𝖞𝖓

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A madrugada desceu sobre as terras de Valac e todo o continente, trazendo consigo a escuridão e os ventos gélidos que varriam as florestas que os cercavam de ambos os lados. No silêncio profundo da noite, apenas o crepitar das fogueiras perturbava a quietude reinante.

Com uma força imponente de mais de doze mil homens acampados nas proximidades das fronteiras de Dantalion, Valac demonstrava sua grande ameaça. Um destacamento de mil e quinhentos soldados foi destacado para capturar a cidade de Campo-Bello, situada a oeste do acampamento principal. A estratégia de invasão era clara: após tomar a cidade, marchariam rumo a Valle-Dourado e, de lá, avançariam para a capital.

Conforme a noite avançava, os sentinelas de Dantalion, exauridos pela vigília, sucumbiram ao cansaço e adormeceram. Quando finalmente despertaram, o cenário já havia mudado drasticamente; o inimigo tinha completado suas defesas. Espinhos cristalizados de grande magnitude se erguiam ameaçadoramente contra a fronteira, barricadas reluzentes de cristal surgiam como obstáculos imponentes, e uma força de aproximadamente seis mil soldados se posicionava estrategicamente.

Em meio ao desespero, os sentinelas acenderam flechas nas brasas e lançaram-nas aos céus, sinalizando a presença e movimentação inimiga. Um dos guardas, com passos rápidos e coração acelerado, correu por terra para relatar a estimativa das forças adversárias. O perigo estava iminente, e o destino de Dantalion pendia na balança.

Ao chegar ao acampamento, o cavaleiro ergueu a voz com autoridade, ordenando que os soldados se preparassem para o que estava por vir. Sem perder tempo, dirigiu-se à tenda da general, onde o ar estava carregado de tensão e expectativa.

- Sor Marilyn, detectamos uma mobilização significativa na fronteira! - anunciou o soldado, a urgência em sua voz ecoando sob o teto da tenda, fazendo as velas tremularem levemente. - Estimamos aproximadamente seis mil soldados adversários.

- Muito bem - respondeu Mary, seus olhos traindo uma mistura de impaciência e resoluta determinação. - Temos um contingente que supera esse número consideravelmente. Informe ao Sor Menno que ele comandará o avanço das tropas. Eu permanecerei aqui, aguardando novas informações.

O cavaleiro hesitou por um breve momento, seus olhos buscando os dela como se ponderasse sobre a decisão tomada.

- Por que você mesma não nos lidera? - questionou ele.

- Estou esperando notícias de Addam - respondeu Mary, sua voz firme e inabalável. - Diga a Menno que ele pode levar com ele os vinte soldados que possuem Ars.

Com um gesto silencioso, indicando que a conversa estava encerrada, ela dispensou o cavaleiro. Ele saiu rapidamente, determinado a cumprir as ordens recebidas.

Mary, envolta em uma capa branca que caía com elegância até suas botas, exalava uma presença que dominava o ambiente. Seus cabelos negros e curtos emolduravam um rosto delicado, enquanto seus olhos, de um azul profundo com toques de lilás, capturavam a atenção de qualquer um que ousasse cruzar seu olhar. Sua pele, clara como o primeiro raio de sol ao amanhecer, refletia uma aura de autoridade e força, características inconfundíveis de uma líder nata em meio à tormenta iminente.

O cavaleiro, ciente da urgência da situação, rapidamente partiu em busca de Menno, um guerreiro que se destacava naturalmente em meio à multidão de soldados. Sua figura imponente, marcada por uma robustez notável, era acentuada por uma grande barba castanha que emoldurava seu rosto, projetando uma imagem de força e determinação. Os olhos de Menno, negros como a noite, refletiam a gravidade do momento, capturando a tensão que impregnava o ar ao seu redor. Vestia uma armadura de ferro polido, uma cota de malha fornecia proteção adicional, sem comprometer sua agilidade. Sobre seu peito, o símbolo de um lobo branco, insígnia da guarda da cidade, era exibido com orgulho. A longa capa que caía graciosamente até seus pés ostentava o escudo de Valac, um emblema de coragem e lealdade.

Com a determinação inabalável que definia sua liderança, Menno convocou os cavaleiros dotados de Ars, orientando-os a se posicionarem de maneira estratégica à frente das tropas, enquanto comandava os demais soldados a formarem fileiras atrás, prontos para agir quando a oportunidade se apresentasse. Organizou meticulosamente os dez mil homens sob seu comando, alinhando-os em formação de combate, enquanto elaborava um plano que, se bem-sucedido, poderia assegurar uma vitória decisiva. Contudo, devido ao descuido dos sentinelas, a unidade havia perdido a vantagem do fator surpresa, um erro que agora pesava sobre eles. Os inimigos, alertados e preparados, aguardavam ansiosamente o embate iminente.

Enquanto a tensão aumentava neste cenário, em outra frente, ao oeste, um confronto feroz já estava em pleno andamento. Addam, liderando um contingente de mil e quinhentos homens, avançava em direção a Campo-Bello, inconsciente das armadilhas que os defensores da cidade haviam meticulosamente preparado. Quando chegaram às proximidades, foram surpreendidos ao ver os portões da cidade firmemente trancados, uma visão que imediatamente trouxe um pressentimento sombrio. Ao tentarem cercar as muralhas, foram subitamente atacados por uma chuva de flechas disparadas com precisão letal, que desceu sobre eles com uma fúria devastadora, dizimando uma parte significativa de seus soldados antes que tivessem a chance de formular uma resposta efetiva.

O clamor da batalha reverberava por todo o campo, o som das armas se chocando e os gritos de combate ecoando enquanto ambos os exércitos enfrentavam perigos e desafios crescentes. Cada lado lutava com ferocidade, a sobrevivência de seus reinos e a glória da vitória pendendo na balança, enquanto a noite se aprofundava, trazendo consigo a promessa de sangue derramado e destinos entrelaçados no campo de batalha.

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