𝕷𝖆𝖞𝖑𝖆

32 4 14
                                    

Ao adentrar a sala do conselho, deparou-se com seu irmão, seu pai e, de pé ao lado deles, um venerável conselheiro do rei, que outrora aconselhara seu avô e agora guiava seu pai. Seu irmão, exaltado e impaciente, dirigia-se ao rei em busca de orientação sobre a mensagem oriunda de Valac.

- Como procederemos? - indagou o segundo príncipe, Dantalion Denniel, com a testa franzida em profunda preocupação. Suas sobrancelhas quase se encontravam sob os cabelos semelhantes a fios de prata. Seus olhos eram de um azul límpido, reminiscentes das águas cristalinas da baía do rei. Envergava um uniforme alvo como a neve com adornos azuis, e um cinto incrustado de safiras. Suas calças brancas eram cobertas por um tecido cerimonial que se interligava nas laterais e, à frente, ostentava o brasão de Dantalion: uma coruja branca sobre um fundo azul, coroada por duas estrelas douradas.

- Sabemos bem a reação deles se não concordarmos - declarou o príncipe, com um tom de voz carregado de tensão.

"Claro que sabemos", pensou Layla, embora tenha guardado o pensamento para si. E todos ali sabiam: a guerra seria inevitável.

- Posso ver a carta? - pediu Layla, enquanto seus cabelos loiro-perolados caíam graciosamente sobre seus olhos de safira a cada linha que lia. "Exigimos que a lei de extermínio ou banimento do povo Mythar seja implementada nas terras de Dantalion, ou seremos forçados a usar a força para tal feito. Aguardamos uma resposta em sete dias."

- Como assim? O que está escrito aqui não faz sentido. Ou exterminamos nosso próprio povo, ou eles virão e o farão? - questionou ela, perplexa. "Eles estão indo muito longe."

- Temos quatro dias antes de enviar uma resposta - declarou o rei com um tom grave e ponderado.

- Pai, você não está realmente considerando essa ideia, está? - retrucou Denny, exaltado. - Se eles desejam guerra, levaremos a guerra a eles! Devemos respondê-los à altura! - Denny, tomado pela fúria, levantou-se abruptamente de sua cadeira e começou a circular a mesa, a raiva ardendo em seus olhos.

O rei sabia que enfrentar Valac diretamente estava além de suas capacidades. Durante anos, seu reino dedicou-se ao comércio e não à formação de exércitos, tornando-se a nação mais abastada do continente de Elaris, graças a seus hidromeis e vinhos de amora-silvestre.

- E se... - começou a princesa, sua mente iluminada por uma nova ideia -, e se for feita uma aliança com outro reino?

O silêncio tomou conta do salão do conselho. "Alloces, Naberius e Bereth. Alloces, devido à sua proximidade com Valac, não se aliará a nós e é, de fato, ainda mais vulnerável que nós em termos estratégicos," refletiu Layla. "Há também o reino de Naberius, mas a rainha Alayah... sua principal motivação é a ganância. Então, quem mais resta?"

- Com quem se aliar? Não seja ingênua, irmã! Estamos prestes a ser atacados. Introduzir estrangeiros em nossos domínios apenas nos deixaria suscetíveis a uma invasão - exclamou Denny, exasperado.

O rei, trajando um manto azul-batido que descia do pescoço até o chão, com acabamento em peles de lobo, interrompeu-o.

- Permita que a princesa termine - disse, com um olhar de bronze fixado na jovem. - Quem você propõe, Layla?

- Teremos maiores probabilidades com o reino de Bereth a oeste. Alloces é uma opção inconstante e Alayah ainda mais volúvel. Para que fossem a Bereth seria necessário atravessar nossos territórios, o que diminui as chances de uma aliança entre Valac e Bereth. Assim, os deixando mais suscetíveis à nossa causa. - declarou a princesa com convicção.

Denny interrompeu sua marcha incessante e retornou ao seu assento, mergulhado em silêncio. A ideia de receber auxílio externo claramente o perturbava. "Sim, pode dar certo, só podemos pensar no que eles irão querer em troca de sua aliança."

ETHEREUM: O mundo antes da queda Onde histórias criam vida. Descubra agora