POV CAROL
O primeiro momento em que notei S/N foi, ironicamente, em uma derrota. Ela estava do outro lado da quadra, do lado vencedor, comemorando com o time dela. E eu, no meio da frustração, me vi observando cada detalhe: o jeito que ela sorria, como seu cabelo caía sobre os ombros enquanto ela pulava de alegria. Havia algo nela que me irritava profundamente, uma confiança que eu sentia que ela não tinha direito de ter, não naquele momento.
Mas essa irritação, com o tempo, se transformou em algo mais. Não era apenas rivalidade. Eu não conseguia parar de pensar nela, de querer estar melhor, ser melhor, de superá-la em tudo. E cada vez que estávamos frente a frente na quadra, a intensidade aumentava. Mas o que me assustava não era o desejo de vencer. Era a vontade, quase incontrolável, de beijá-la.
Era confuso. Em cada provocação, cada troca de farpas, havia uma tensão. Eu sentia a raiva pulsando, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim queria agarrá-la, sentir a proximidade que negávamos durante o jogo. Começou com pequenos momentos, uma provocação que saiu com um tom diferente, uma aproximação que durou um segundo a mais do que deveria.
Quando ela me desafiava, havia uma chama que acendia em mim, uma mistura de adrenalina e desejo. Eu me odiava por isso, por sentir atração por alguém que eu deveria apenas querer superar. Era como se cada ataque, cada bloqueio, fosse uma desculpa para me aproximar mais dela, testar o limite entre o que deveria ser rivalidade e o que estava se tornando uma tentação.
O ponto culminante foi aquele treino, onde nossas provocações quase nos levaram a um momento que mudaria tudo. Eu estava tão perto, sentindo o calor do corpo dela, vendo o brilho nos olhos dela que desafiava o meu. Minha respiração estava pesada, o ar carregado com algo que não era só competição. Nossos rostos estavam próximos demais, e naquele instante, eu não queria me afastar.
Eu sabia que era errado, que não fazia sentido. Mas tudo em mim queria mais. O jeito que ela olhava para mim, com aquela mistura de raiva e algo que eu esperava que fosse desejo, me deixava vulnerável de uma maneira que eu nunca tinha permitido antes. Eu queria vencer. Mas queria ainda mais sentir os lábios dela nos meus.
A raiva que eu sentia, a frustração, todas aquelas emoções que surgiam quando eu estava perto dela, se misturavam com o desejo. Era como se cada vez que ela me desafiava, ela estivesse também me puxando para mais perto desse limite que eu não sabia se queria atravessar.
E naquele quase beijo, no momento em que o mundo ao redor parecia ter parado, eu soube que havia algo ali, algo além da rivalidade. O desejo de superá-la estava ali, claro. Mas também havia o desejo de algo mais, algo que eu não estava pronta para admitir, mas que me consumia a cada vez que ela estava por perto. E, no fundo, eu sabia que, eventualmente, essa tensão iria explodir de uma forma que nenhuma de nós poderia prever.
Depois daquele momento no treino, eu fiquei com a cabeça cheia de pensamentos que não faziam sentido. Era como se cada provocação, cada troca de olhares com S/N, tivesse deixado uma marca em mim, algo que eu não conseguia simplesmente ignorar. Era estranho, desconcertante, e, acima de tudo, frustrante. Eu deveria estar focada no campeonato, em ser a melhor jogadora possível, em garantir que nosso time fosse invencível. Mas, em vez disso, eu estava pensando nela, no jeito que ela me olhava, nas palavras afiadas que ela usava para me provocar, e naquela maldita vontade de beijá-la que não desaparecia.
Eu sempre fui competitiva, sempre gostei de um desafio. E S/N era um desafio, desde o começo. Ela entrou no time como se já soubesse que pertencia ali, e isso me incomodou. Eu via nela uma rival, alguém que eu precisava superar. Mas, aos poucos, comecei a perceber que a raiva que eu sentia por ela não era só sobre ser melhor na quadra. Era mais profundo, algo que mexia comigo de uma forma que eu não queria admitir.
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Linha de Fogo - Carolana
FanficS/N, uma jovem e talentosa ponteira de 20 anos, acaba de conquistar sua primeira convocação para a seleção brasileira de vôlei, após uma temporada brilhante pelo Minas Clube. Lá, ela encontra Carolana, uma central experiente de 30 anos, estrela do P...