A tensão pairava no ar nos dias seguintes, como uma nuvem pesada sobre o time. S/N e Carolana mal se falavam, trocando apenas o necessário durante os treinos. A energia entre elas havia mudado drasticamente, e isso não passou despercebido pelas outras jogadoras. As brigas, que antes eram constantes tanto em quadra quanto fora dela, haviam cessado. No entanto, a ausência de discussões não significava paz. O silêncio entre S/N e Carolana era mais perturbador do que qualquer grito ou confronto anterior.
Os treinos continuavam intensos, com o Campeonato Mundial entrando nas fases finais. A cada saque, defesa e ataque, a equipe mostrava sua força, mas o que antes era uma unidade sólida agora tinha uma fissura. Zé Roberto, sempre atento ao comportamento de suas jogadoras, percebia a mudança. Tentou abordar S/N em uma ocasião, mas ela apenas sorriu e disse que estava tudo bem. Ele sabia que não estava, mas confiou no profissionalismo delas para manter o foco no jogo.
S/N se sentia exausta. Não apenas pelos treinos, mas pela tensão constante com Carolana. Sabia que precisavam conversar, mas a cada tentativa de se aproximar, Carolana parecia se fechar ainda mais, arranjando desculpas para se afastar ou evitar contato visual. A situação deixava S/N ainda mais irritada e confusa. Sentia falta dos momentos íntimos que compartilhavam, dos sorrisos cúmplices e das conversas sussurradas no quarto do hotel.
A cena da festa era um fantasma que a assombrava. Toda vez que fechava os olhos, via Carolana e Anne se beijando, a imagem queimando sua mente como uma lembrança dolorosa. Tentou se convencer de que o beijo com Rosamaria não tinha significado, mas sabia que havia sido movido por ciúmes e raiva. Agora, estava presa em um ciclo de arrependimento e raiva consigo mesma.
...
No café da manhã, S/N sentou-se ao lado de Nyeme, tentando ignorar Carolana, que estava do outro lado do refeitório, conversando com Gabi e Lorenne. As outras jogadoras também percebiam o comportamento incomum entre as duas. Anteriormente, S/N e Carolana eram conhecidas por suas discussões acaloradas, seja por diferenças de opinião ou pelo temperamento forte de ambas. Mas agora, a ausência de brigas estava deixando todos desconfortáveis.
“Você percebeu que elas pararam de brigar?” Gabi comentou baixinho para Lorenne, enquanto observava S/N e Carolana de relance. “Quase como se estivessem… evitando.”
Lorenne balançou a cabeça. “É, está estranho. Até parece que elas estão pisando em ovos. Nunca vi a S/N tão quieta, e a Carolana tão... na defensiva.”
Nyeme, que estava ao lado de S/N, decidiu quebrar o gelo. “Ei, você parece cansada,” ela comentou, tentando soar casual. “Tá tudo bem?”
S/N forçou um sorriso. “Só pressão do campeonato, sabe? Todo mundo esperando que a gente ganhe.”
Nyeme assentiu, mas seus olhos traíam a preocupação. “Você e a Carolana brigaram, né? Dá pra ver que tem alguma coisa errada. Vocês nem se olham mais.”
S/N suspirou, passando a mão pelos cabelos. “É complicado, Nyeme. E eu não sei como resolver.”
Nyeme tomou um gole de café antes de responder. “Vocês sempre foram próximas. Seja lá o que for, vai resolver. Vocês se entendem, mesmo quando não parece.”
S/N queria acreditar nisso, mas cada vez mais sentia que o que tinha com Carolana estava se desmoronando, como um castelo de areia sendo levado pela maré. A normalidade que suas brigas proporcionavam era, de certa forma, um alívio. E agora, o silêncio as separava.
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Linha de Fogo - Carolana
FanficS/N, uma jovem e talentosa ponteira de 20 anos, acaba de conquistar sua primeira convocação para a seleção brasileira de vôlei, após uma temporada brilhante pelo Minas Clube. Lá, ela encontra Carolana, uma central experiente de 30 anos, estrela do P...