Era uma noite de folga, e as meninas do time haviam decidido sair juntas para jantar. Algo mais leve, sem a pressão dos treinos ou do Campeonato Mundial nos ombros. Estávamos todas relaxadas, rindo, enquanto nos dirigíamos para um restaurante acolhedor que a Thaisa tinha sugerido.
Eu me sentia animada, como se a leveza daquela noite fosse um alívio bem-vindo depois de semanas de tensão e treinamento intenso. E, claro, havia Carolana. Não dava pra negar que desde nossa reconciliação, as coisas entre nós estavam... diferentes. Não era mais a mesma tensão pesada, cheia de incertezas. Agora, a gente conseguia rir juntas, trocar olhares e até provocar uma à outra de uma maneira que parecia natural — mas, ao mesmo tempo, perigosa.
Quando chegamos ao restaurante, as meninas se espalharam em volta da mesa, rindo e conversando animadamente. Carolana sentou-se à minha frente, e a cada sorriso dela, meu coração acelerava, batendo forte no peito, como se quisesse me lembrar de que, mesmo com toda aquela leveza, a conexão entre nós ainda estava ali. Oculta, mas presente.
Thaisa começou a contar uma história sobre um treino antigo, onde ela tinha dado um bloqueio monstruoso, e todo mundo caiu na gargalhada. Eu não consegui evitar e acabei olhando para Carolana do outro lado da mesa. Ela já estava me olhando, com aquele sorriso malicioso no canto dos lábios. Era como se soubéssemos exatamente o que a outra estava pensando sem precisar de uma palavra.
"Não sei por que vocês estão rindo tanto," disse Carolana, olhando diretamente para mim. "Aposto que a S/N nunca vai conseguir um bloqueio igual ao da Thaisa. Mas tudo bem, ainda tem tempo pra treinar."
Revirei os olhos, mas uma risada escapou antes que eu pudesse evitar. "Você fala como se eu não fosse capaz. Só porque você é boa, não quer dizer que eu não vá te superar."
"É o que você diz toda vez," ela respondeu, sorrindo mais largo. Meu estômago deu um nó, mas tentei ignorar.
A conversa seguiu leve, e as provocações continuaram, mas agora com uma faísca diferente. Toda vez que nossos olhares se cruzavam, eu sentia um frio na barriga. Era como se uma parte de mim esperasse o próximo momento em que Carolana falaria algo, só pra poder rebater e ver aquele sorriso desafiador aparecer de novo.
Enquanto a noite avançava, Carolana fez uma piada sobre como eu estava me esforçando demais nos treinos. Eu ri e joguei uma bolinha de pão nela, de brincadeira. Ela fez um gesto exagerado de surpresa, como se tivesse levado um golpe mortal, e caiu na gargalhada junto com todo mundo. Eu fiquei olhando pra ela, e naquele momento, enquanto ela ria, eu me perdi por um segundo. Havia algo na forma como os olhos dela brilhavam que fazia meu coração pular no peito, como se toda aquela alegria entre nós fosse um passo perigoso para algo mais.
À medida que a noite avançava, nós duas continuamos trocando essas brincadeiras, um puxão leve aqui, uma piada acolá. Mas a verdade era que, a cada sorriso, a cada provocação, meu corpo reagia de uma maneira que eu não conseguia controlar. Meu estômago se contorcia, e meu coração batia forte, como se algo estivesse prestes a acontecer, algo que eu não sabia como impedir — ou se queria impedir.
Quando Carolana se inclinou sobre a mesa para pegar a garrafa de água, nossos olhares se encontraram de novo, e foi como se o tempo parasse por um segundo. Ela sorriu, e eu, apesar de tentar parecer indiferente, senti meu rosto esquentar.
"Não adianta, S/N," pensei comigo mesma. "Por mais que tentemos ser apenas amigas, sempre vai ter algo mais."
Mas eu estava determinada a aproveitar aquele momento, aquela noite. A proximidade dela me deixava confusa, mas ao mesmo tempo, era viciante.
A noite continuou com um clima descontraído e muitas risadas. A comida estava excelente e o ambiente do restaurante ajudava a aliviar qualquer resquício de tensão que ainda pudesse existir. As meninas estavam mais soltas, conversando sobre tudo e mais um pouco.
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Linha de Fogo - Carolana
FanficS/N, uma jovem e talentosa ponteira de 20 anos, acaba de conquistar sua primeira convocação para a seleção brasileira de vôlei, após uma temporada brilhante pelo Minas Clube. Lá, ela encontra Carolana, uma central experiente de 30 anos, estrela do P...