Uma ideia

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Adeline Montenegro

— Eu não posso continuar — falei, tentando convencer Lúcia a me tirar da apresentação. O que faz ela suspirar.

— Querida, não posso te tirar. Quando comentei com sua mãe que o teatro estava em apuros — disse ela — Ela disse que falaria com você, sem garantia de nada pois você não estava no seu melhor momento. Nasceu um fio de esperança porque você poderia ser estrela e ainda por cima ajudar.

— E por isso mesmo que não posso, se eu não atender as expectativas. Pode ser um fiasco...

Lúcia dá um sorriso simples.

— Adeline, primeiro fique calma, segundo escute — Lúcia pega minha mão e segura firmemente como forma de me tranquilizar —  Pare de se atormentar com pensamentos que criou em sua mente, pare de tentar imaginar o quê os outros vão pensar sobre você. Você é tão boa no que faz deveria parar de se diminuir tanto.

— Mas eu...

— E agora não se trata só de você, a notícia se espalhou por aí e acabou gerando interesses. Como eu disse no vídeo, tivemos patrocinadores mas com a condição de vê-la no espetáculo, ou seja, você é a garantia de sairmos desse buraco, não nos abandone agora — continuou, seus olhos escuros tinham algum tipo de súplica. Realmente não poderia deixa-la, as crianças e o teatro na mão. O teatro tinha um teto prestes  a cair e um banheiro bem precário e as crianças, um sonho.

Suspirei e me dei por vencida. 

— Certo, você tem razão. Podemos recomeçar amanhã? — perguntei na esperança de ser liberada pelo menos hoje.

— Temos uma data para a apresentação, se todo dia você dar um perdido. Vai ser um grande fiasco, Adeline — uma voz diz.

— Não se depender de mim, Lorenzo — retruco. Não sabia o quanto tinha escutado, mas também não me importava.

Não deixaria que ele saísse por cima. Ele me encara profundamente, um sorriso debochado surgi no seu rosto. 

— Estava apenas brincando, não tenho dúvidas de como vai dar tudo de si — encaro ele sem dizer nada — Como sempre fez.

Seu sorriso aumenta ainda mais. Se fosse antes, meu estômago reviraria pelo nervosismo que causava em mim. Eu era apaixonada por ele, mas diante de todos os seus comportamentos. O único sentimento que ainda tenho por ele, é repulsa.

— Vamos, lá! Começar de onde paramos — disse Lúcia, mais autoritária — Temos um mês e um Romeu e Julieta que Shakespeare teria desgosto de ver. Temos que ajustar algumas coisas.

Ela nos analisou e intercalou seu olhar entre eu e Lorenzo.

— Daremos um jeito — diz por fim, dando as costas. Comecei a encarar o chão, pois uma ideia estava nascendo na minha cabeça, acho que tornaria mais fácil.

— Animada? — perguntou Lorenzo, me tirando da pequena transe.

— O quê? 

— Perguntei se você tá animada. Sabe, tenho a impressão que quer se manter longe de mim.

Eu diria que sim, mas resolvi ser educada.

— Impressão sua, e estou super animada — digo com o sorriso mais falso na minha cara. 

Que enganou perfeitamente o mesmo, pois ele se vira em minha direção e pega em minha mão e acaricia. Tô começando a ficar um pouco irritada com esse movimento.

— Que bom, também tô feliz de ficar do seu lado mais uma vez ...

Dou um sorriso fraco concordando. Eu seria a Julieta, mas o meu Romeu estava do outro lado da pequena cidade e teria de convencer o nobre cantor que seria perfeito e ainda dar um jeito de tirar Lorenzo do caminho.
                             ...

Vou tentar atualizar com frequência, mas até o querido sumiu :) que até o Leozin já apareceu mais do que ele.

Rosas e Rimas - Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora