𝙑𝙄𝙄

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    O ruivo estava sentado à beira do lago com a cabeça baixa, com olhos inchados e com a cabeça latejando, até o momento que se sentiu abraçado e aquecido em meio ao frio da chuva e do outono, e olhando para trás vira Lg o acudindo enquanto expressava lágrimas e preocupação, e aquele momento fora marcado por um silêncio desconfortável que só estava sendo quebrado pela chuva e pelo farfalhar das folhas que ainda restavam, até o momento em que Apuh sorrira ao ver o seu melhor amigo ali, junto dele em seu momento vulnerável, e assim o mais velho teve uma certa coragem em se abrir para Lg, escondendo apenas o sentimento romântico pelo amigo, apesar de notar que Lg estava visivelmente perturbado com algo que beirava paixão também, mas quanto a essa parte nenhum deles quis se abrir nesse assunto por vergonha e medo de que o outro não aceitasse, porque eles sabiam que se se vissem apaixonados seriam queimados..... Mas... E se se escondessem?... Não era necessário cumprir as regras, mas a fogueira e a forca os esperavam... Perdido em pensamentos o ruivo acabara não ouvindo a declaração de Lg dizendo que também carregava esse sentimento obscuro, a crise que tivera naquele dia havia sido por causa disso.

    O som da chuva que caía pesadamente no lago parecia preencher o espaço entre Apuh e Lg, criando uma camada de isolante natural que envolvia o momento íntimo. O ruivo sentia o abraço de seu amigo como um escudo contra o frio e o desespero que o consumia. Os olhos do garoto ainda estavam vermelhos e inchados, mas o calor do corpo do de olhos rosas e o gesto de carinho estavam começando a trazer um pouco de alívio, apesar da angústia que se engrandecia pouco a pouco, por mais que reprimida.

   Depois de um longo silêncio, Apuh levantou a cabeça lentamente e olhou para Lg, que ainda estava ao seu lado, suas lágrimas misturando-se com a chuva. O olhar do mais novo estava carregado de uma preocupação genuína e um desespero que o ruivo não havia notado antes, como se o amigo estivesse lutando contra seus próprios demônios internos.

-Você não precisava estar aqui... -O mais velho murmurou, sua voz tremendo levemente.

-Claro que precisava! -Respondeu Lg, sua voz firme, mas suave. -Eu não podia deixar você passar por tudo isso sozinho...

    O silêncio voltou a se instalar entre eles, e Apuh tentou buscar conforto no som reconfortante da chuva, enquanto Lg permanecia ao seu lado, o calor do corpo do amigo parecia ser o único elemento capaz de aquecer sua alma angustiada.

    O de madeixas cetrinas respirou fundo e decidiu se abrir um pouco mais, mas com cuidado para não revelar o que realmente estava o afligindo. — Eu não sei o que fazer com isso... com tudo isso! Sinto que estou a deriva no mar e não consigo encontrar uma saída para voltar à costa...

    O mais novo o olhou com uma expressão de dor e compreensão, misturadas com desamparo e preocupação. — Às vezes, é difícil encontrar uma saída quando você está cercado por regras... E também por medos que parecem impossíveis de superar... Mas não está sozinho nisso... Eu estou aqui para você! Desde o início! -Lg tentava manter um tom calmo e sereno, mas sua voz expressava um desejo profundo de revelar algo que há tempos o afligia. Apuh sentira uma pequena faísca de esperança ao ouvir aquelas palavras, ele desejava que o amigo soubesse o quanto seu apoio significava para ele, mesmo que não pudesse expressar isso totalmente a não ser que quisesse correr o risco de morrer. — Obrigado, Lg... Isso... isso significa muito para mim...

    Depois da declaração, o mais novo parecera ter tido uma espécie de pequeno colapso, e pensara em algo para dizer a seguir, mesmo que aquilo estivesse forte demais era a hora de contar, Lg hesitara por um momento, como se estivesse ponderando suas próprias palavras. -Apuh, há algo que eu preciso te dizer... Algo que tem me perturbado desde o momento em que recebi aquela flor... Algo que eu não consigo ignorar! -Apuh virou o rosto para Lg, tentando ler o que estava por trás daquelas palavras. Ele viu um brilho de emoção no olhar do amigo, uma mistura de tristeza e desejo que refletia seu próprio coração partido, contudo, antes que pudesse responder ou fazer alguma pergunta, Lg continuou.

-Eu... Eu tenho sentimentos por você, Apuh! Sentimentos que eu não consigo controlar! Eles me atormentam e me deixam em conflito... E eu tenho medo! Medo de que isso possa... Sabe... Nos destruir!

    O coração de Apuh acelerou com a revelação, ele já vinha sentindo uma conexão especial com Lg, mas ouvir essa revelação claramente do garoto o surpreendera e deixou-o atônito. -Lg, eu... Eu também tenho sentimentos por você! Mas, com tudo o que está acontecendo, eu não sei se podemos lidar com isso...

    Os dois se entreolharam em um momento de compreensão mútua, a confissão e o amor estavam no ar, mas ambos estavam cientes dos riscos e das consequências... As regras eram cruéis e implacáveis, e suas emoções poderiam ser a razão para suas ruínas.

    Finalmente, numa dose de coragem, Lg tomara a mão de Apuh, apertando-a com ternura e paixão. -Talvez o melhor seja encontrarmos uma forma de lidar com isso sem nos destruirmos! Não precisamos seguir as regras se elas só nos fazem sofrer... -Apuh olhara para Lg, sentindo a força e a determinação na mão dele. — Talvez... talvez nós possamos encontrar um caminho... Não sabemos o que o futuro reserva, mas pelo menos temos um ao outro agora!

Enquanto a chuva continuava a cair, os dois permaneceram ali, lado a lado, buscando consolo e força um no outro, cientes das ameaças que os cercavam, mas determinados a enfrentar a situação juntos, com um vínculo que parecia ser sua única luz na escuridão.

𝘼 𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙖 𝙧𝙚𝙘𝙤𝙢𝙥𝙚𝙣𝙨𝙖-𝑳𝒂𝒑𝒖𝒉Onde histórias criam vida. Descubra agora