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    Mais um belo dia de primavera, o sol estava nascendo, as flores exalando seu perfume habitual, e uma pessoa admirava tudo isso com a sensação de terem 35 borboletas voando dentro do estômago, quem fez sopa de borboletas vivas? A matina deixava tudo mais romântico e melancólico, e a emoção só se alastrava, que coisa esquisita, é assim que a pessoa pega tuberculose? Será essa a vivência de alguém prestes a atravessar a barreira da vida? Algum tempo depois nosso perguntão descobriria que o que estava sentindo era fome... Então antes de voltar a admirar o nascer do sol, ele entrara e pegara umas 5 frutinhas que estavam dentro de um cesto, e logo voltara a admirar a paisagem comendo-as.

    Logo depois do sol nascer por completo, o ruivo respirara e começara um novo dia de alegrias e aventuras, ou de tristeza e melancolia, não sabia, só iria deixar o curso da vida o levar para onde fosse o caminho, como um pássaro que aprendera a voar e estava aproveitando a famosa liberdade, como uma flor desabrochando depois de tanto inverno, e...

-Apuh! Oi! Bom dia! Pode me ajudar com esse negócio... Aqui... que eu... -Suspira -Me prendi... sem querer? Por favorzinho! -Ele fitou a imagem do amigo emaranhado em vários dos cipós muito parecidos com os que estivera chorando há pouco tempo, e começou a soltar uma risada alva em direção ao moreno, que apesar de ser o alvo começara a ir também enquanto o mais velho se aproximava e o desprendia das plantas, e depois de alguns minutos de trabalho árduo tentando identificar qual era roupa e qual era musgo, o ruivo conseguiu soltá-lo de volta para a liberdade, e assim que removera um último resquício da coisa o perguntara o porque de ter ficado tão preso naquilo, e o outro o respondera um tanto tímido: -Sabe aquele dia que você me deu uma flor? Então... Eu queria te compensar com alguma coisa que você gostasse, e então me lembrei que um dia você disse que adorava muito amoras, então eu saí para procurar algumas pra você entrando naquela floresta ali -Falara apontando para uma direção a oeste de onde estavam, onde tinha uma abertura entre dois pinheiros que dava entrada à Pinus et Abies -Só que na hora que eu pensei ter achado, eu corri direto para uma árvore cheia de cipós e me prendi aqui, eu só tinha conseguido tirar o suficiente para conseguir mancar até aqui, mas não consegui suas amoras... Me desculpa... -Assim que terminara de falar, abaixou a cabeça desanimado por não realizar um agradecimento decente na própria visão, entretanto o ruivo somente sorriu e o abraçou afetuosamente, dizendo que tudo o que lhe importava era a presença dele ali ao seu lado, e também que se sentia grato pelo mais novo ter tentado agradá-lo, contudo não eram precisos presentes para agradecer um bom ato, afinal eram amigos... Não?

    Uma lua depois, as flores já haviam desabrochado e já estavam exalando um perfume bem mais nítido do que no início da estação enquanto completavam a paisagem com sua gama extensa de cores e formas, tangos amarelos contrastavam com a trilha verde, girassóis criavam seu coral seguindo na direção do sol, apesar dos garotos suspeitarem que as flores não se mexiam depois de crescidas, contudo não deixava o quadro menos agradável, o sol já esquentara o suficiente para derreter qualquer resto de neve que se escondera no início do período floral, e Apuh e Lg estavam correndo e se jogando por entre os campos de amores-perfeitos enquanto pensavam no futuro e imaginavam cada um o cenário de uma esposa perfeita, apesar de no fundo nenhum querer de fato uma esposa... Logo após estavam se decorando com as flores, e Apuh havia feito um buquê com plantas diversas e o ofereceu ao mais novo no início do pôr-do-sol, do qual aceitara novamente de bom grado e o abraçara com o buquê na mão, era algo lindo de se ver, duas pessoas, dois adolescentes de 12 anos e meio sendo felizes à sua própria maneira, mesmo sendo órfãos e praticamente excluídos da sociedade da época.

    Quando a noite caíra, os dois garotos cansados se dirigiram para a própria cabana bastante cansados, entretanto estavam muito satisfeitos e felizes por passarem um tempo valioso juntos, e quando as primeiras estrelas se apresentaram no céu envolto por escuridão e uma vaga luz da lua, foi uma pintura diferente da diurna, contudo não havia sido menos cativante de ver, de ouvir os grilos cantarem e sentir a brisa aconchegante da primavera dentro da residência, naquela noite praticamente celestial a comida fora uma salada de amor-perfeito, um jantar incrível para completar o dia digno de lembranças felizes, melhor que isso só foram os dias imaginados em sonhos não tão distantes que estavam repletos de júbilo e fantasia, sobre um caminho por entre estrelas no céu ou por uma casa com flores e véus de linho, ou entre os pingos de chuva e uma amizade verdadeira, poderiam fazer tudo o que imaginassem, essa era a graça dos sonhos. Uma lua, deixava os primeiros sinais de verão, que depois se revelara a estação favorita de Lg... Duas, o verão chegara com tudo, três, era época de frutas gostosas e este chegava a seu segundo terço, já tinham 13 anos, quatro, este se despedia e dava a vez de tela ao outono, folhas se amarelavam e tornavam outras cores visíveis, as frutas estavam ainda mais gostosas, cinco, o outono se tornara outra estação muito adorável para a dupla, e nesse eles haviam conseguido um segundo guaxinim bebê, este se chamaria Rock, seis, o outono estava prestes a fazer sua saída e dar vez ao inverno, e a sensação esquisita que Apuh sentia desde o último inverno somente aumentava mais, e era sempre perto do amigo que a sentia, entretanto esta deixara de ser desconfortável e começara a se tornar agradável, exceto pela queimação na área das bochechas, mas isso poderia ser por causa do frio...

𝘼 𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙖 𝙧𝙚𝙘𝙤𝙢𝙥𝙚𝙣𝙨𝙖-𝑳𝒂𝒑𝒖𝒉Onde histórias criam vida. Descubra agora