Dois dias haviam se passado, Rebeca e Gabi conversavam como se nada daquilo tivesse acontecido. Como se tivesse sido um deslize devido à bebida.
Mas Rebeca não podia evitar pensar no momento durante todo o dia. Repassando e repassando sem ao menos entender o motivo.
Então quando a hora de voltar para o Brasil chegou, todos os pensamentos se dissiparam por um momento quando ela viu Guimarães sentada em uma das fileiras do aeroporto. Tomando um café tão preto que ela poderia ver seu próprio reflexo e lendo um livro com várias palavras grifadas na capa.
Quando Rebeca se virou para tentar fugir sem que a outra notasse sua presença, uma voz calma perguntou por ela.
— Olha… você por aqui? — Gabriela disse com um tom fraco, largando totalmente a atenção do livro apenas para olhar para ela.
A mulher de tranças sorriu antes mesmo de se virar, seu corpo relaxando totalmente quando percebeu que Gabi não havia ficado brava nem nada.
— Você não vai se livrar de mim tão cedo. — Ela disse brincando — Vou continuar no seu pé até no RJ.
Acontece que durante os próximos dois meses, Gabriela e o resto da seleção feminina de vôlei iriam se estabelecer no Rio de Janeiro para uma temporada de jogos aqui e ali, e com toda certeza para várias entrevistas onde todos perguntavam como elas se sentiam em conquistar o pódio. Era um sentimento, ela nunca poderia negar isso.
E é claro, todas as ginastas moravam lá. Se Gabi fosse pessimista o suficiente, ela até poderia pensar que o universo estava tramando contra ela enquanto colocava sua maior paixão platônica correndo atrás de sua amiga de trabalho.
É, vai ser belos e longos dois meses pela frente.
Gabi voltou a realidade quando Rebeca riu para ela, e ela precisou piscar duas vezes para se recompor antes de dizer qualquer coisa.
— Tenho certeza que eu consigo ser pior — Guimarães a desafiou, se levantando do banquinho e andando com ela até a entrada para o vôo de partida.
A viagem de avião durou cerca de 11 horas e foi extremamente estressante. Nas primeiras horas, Gabi e Rebeca se sentaram lado a lado e deixaram de lado tudo o que aconteceu alguns dias antes, apenas agindo como amigas. Mas aí veio a primeira bomba para testar a resistência e autocontrole da jogadora de vôlei. Rebeca havia caído no sono em seu ombro.
Gabi se mexeu desconfortável no banco, mas a outra parecia dormir tão profundamente que ela decidiu ficar estática para não acordá-la. Os lábios da ginasta estavam levemente separados e ela respirava pela boca durante o sono, e por mais que Gabi tentasse, ela soltou uma risadinha que fez Rebeca se mexer e enfiar seu rosto na curva do seu pescoço.
Naquele momento, ela tremeu por inteiro e não era capaz nem de desviar o olhar da cena. Droga.
As tranças da mulher caiam por todo seu ombro, e agora ela estava suspirando no pescoço da Guimarães.
Droga, droga.
Ela segurou delicadamente o rosto entre as mãos e ajeitou sua postura, ficando com as costas totalmente apoiadas no banco e deixando a cabeça de Rebeca cair na lateral de seu ombro.
E antes de pegar uma manta para cobrir as duas, Gabi tirou alguns segundos para apreciar sua expressão totalmente relaxada. Ela ficava fofa até dormindo
E quando Rebeca acordou, Gabriela já não estava mais na mesma situação. Ela olhou para si, e em seguida para a mancha de baba no braço do moletom de Gabi. Seu rosto ficou instantaneamente rubro e ela tentou amenizar aquelas manchas de todas as formas possíveis.
Por que essas coisas só aconteciam com ela?
Mas aí ela se tocou em como estava, seu corpo aquecido ao lado de Guimarães e por baixo de uma manta de bolinhas. Um sorriso foi aumentando no seu rosto aos poucos e de repente ela não ligava mais para a babada que tinha na roupa de Gabi. Então, ela deitou no ombro da mulher e voltou a dormir tranquilamente.
Horas seguidas de vários cochilos e idas ao banheiro depois, Rebeca acordou com um barulho alto de vento e burburinho das pessoas em volta do seu assento.
Ela se levantou ainda meio sonolenta e olhou ao redor, se espreguiçando como um gato. Gabriela já estava colocando seus sapatos, e olhava distraída para seu celular.
— O soninho foi bom, né bela adormecida? — Ela perguntou com um sorrisinho divertido no rosto — Nós já chegamos. Você dormiu igual um cadáver. Tem certeza que ainda tá viva?
— Engraçadinha — Rebeca respondeu enquanto revirava os olhos, mas também não pôde evitar um sorriso em seus lábios.
As atletas deixaram o avião e se despediram no aeroporto.
Rebeca prometeu que elas se encontrariam em breve em um tom de ameaça e Gabi teve que morder sua boca para conter um sorriso enorme.
Chegando em casa, a ginasta foi a primeira a mandar mensagem.
Notas: reparem que a rebeca mudou o contato da gabi, tem coisa vindo aí viu
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Are We Still Friends? - Fanfic/Au Rebi (Rebeca Andrade e Gabi Guimarães)
RomantikOnde Gabi está passando por um término de relacionamento complicado e precisa urgentemente de uma distração. ou Onde Rebeca está desesperada e apaixonada pela colega de equipe de Gabi e pede ajuda a ela para conquistá-la. [Esta história não tem a i...