two

39 2 0
                                    

Nayla miller

A aula ja havia acabado, estava voltando para a casa e os pingos de chuva começaram a cair do céu. Abri meu guarda chuva para não me molhar e continuei andando devagar até em casa. Mamãe trabalharia até mais tarde hoje, e eu espero que meu pai também.

Ficar sozinha com ele em casa é um sufoco, sempre tenho medo do que ele possa fazer, e isso é o mais difícil.

Entrei rapidamente em casa e olhei ao redor, respirando fundo ao perceber que ele não estava ali, provavelmente estava trabalhando.

Subi as escadas para meu quarto e ja me tranquei la dentro, pois eu sei que se ele chegasse antes da minha mãe, ele ia tentar entrar.

Entrei no banheiro, meu quarto era uma suite. Tirei minhas roupas e liguei o chuveiro, esperando a agua esquentar.

Entrei em baixo da água e senti meu corpo inteiro se relaxar.

Esses ultimos dias não haviam sido fáceis. O medo me consumia toda vez que meu pai estava por perto e minha mãe parecia não notar, mas sera que era possível? Estava tão na cara o medo que eu sentia dele, o jeito que ele me olhava como se eu fosse um animal pronto para o abate.

As lágrimas se misturavam com a água morna que esquentava meu corpo, era cansativo ter que viver dessa forma, com receio de ser machucada.

Desliguei o chuveiro e peguei a toalha, secando delicadamente meu rosto, logo após sequei meu corpo e a enrolei em meu cabelo. Coloquei uma roupa confortável e sai do banheiro, caminhei até minha penteadeira e passei meus produtos de higiene.

Sera que ele ja havia chegado? Eu precisava comer algo, estava faminta, ja que eu não comia na escola.

Destranquei a porta e girei a maçaneta vagarosamente, colocando a cabeça para fora da porta, olhando ao redor, a casa parecia vazia. Respirei fundo e caminhei até a cozinha. Abri a geladeira e peguei o pote de requeijão e duas fatias de mussarela. Logo depois caminhei até o armário e peguei um pacote de pão de forma.

Montei um sanduiche e coloquei na sanduicheira, para esquentar o queijo e ficar ainda mais gostoso.

Enquanto eu esperava, me sentei em uma cadeira da cozinha e entrei no meu Instagram, rolando o feed, até chegar em "sugestões para seguir" foi ai que achei a conta de Boris, o garoto da minha sala.

Entrei em seu perfil, mas era privado, não havia nem foto de perfil, e ele tinha apenas 10 seguidores e seguia essa mesma quantidade, apenas sabia que era ele pelo nome.

Boris era um garoto de poucos amigos, quase nunca se via ele conversando com alguém, mas não por falta de oportunidade, acho que ele preferia ser mais fechado. Mas algo nele, me chamava atenção.

Sua mãe é a diretora da escola onde estudamos, mas eu quase nunca via eles conversarem.

Sai de meus pensamentos quando escutei a sanduicheira apitar, desliguei meu celular e o coloquei no bolso do meu shorts, caminhei até a sanduicheira e peguei o lanche, o colocando no prato.

Depois de encher um copo de suco e guardar as coisas que eu havia pegado, voltei para meu quarto, e fechei a porta.

Me sentei em minha cama e coloquei meu prato e copo na escrivaninha, me ajeitando na cama e pegando meu nootebok. Coloquei "stranger things" e comecei a assistir enquanto comia.

Depois de alguns minutos, acabei pegando no sono, então, apaguei.

[...]

Acordei sentindo algo tocar minha barriga, eu congelei na mesma hora e lembrei que eu não havia trancado a droga da porta. Abri meus olhos vagarosamente e olhei para minha barriga, ele estava com a mão dentro da minha blusa. Senti meu estômago revirar de nojo e segurei minha respiração.

Fechei novamente os olhos, tentando conter minhas lágrimas e comecei a mexer, como se estivesse dormindo ainda, com a esperança dele sair daqui, mas isso não aconteceu.

Sua mão que não estava ocupada foi parar em minha coxa, mordi meus lábios com força e senti uma lágrima solitária escorrer sobre minha bochecha.

Sua mão chegou até o zíper do meu shorts, mas então, ele a tirou da li quando escutou a porta da sala ser aberta. Rapidamente senti ele se levantar da minha cama e sair do meu quarto, fechando a porta.

Soltei a respiração de uma vez e me sentei na cama, sentindo um misto de medo e alívio, estava me sentindo suja, imunda. Comecei a chorar descontroladamente e caminhei até a porta, trancando a mesma e me xingando mentalmente por não ter feito isso antes, ele estava a um passo de me tocar denovo.

Caminhei até o banheiro denovo e abri o chuveiro, entrando debaixo do mesmo de roupa e tudo, me agachei no canto da parede e tampei minha boca para não fazer barulho enquanto chorava.

Eu sentia vontade de colocar fogo na cama de murray enquanto ele dormia, vontade de arrancar cada parte do seu corpo e ouvi-lo gritar por socorro, eu estava perdida, cansada, precisava de socorro. Eu não consigo me salvar sozinha, essa é a verdade.

Sou fraca como uma folha seca ao vento.

Se eu fosse corajosa o suficiente, ja havia o matado, acabado com meu sofrimento de uma vez, mas isso so abriria portas 'pra minha mãe sofrer,  e eu não quero isso.

Por mais que eu sinta que ela saiba, mas não quer ir contra ele, ela também sente medo, e eu não consigo a culpar.

[...]

—bom dia, nayla! —sadie me cumprimentou assim que entramos na escola.

—bom dia. —forcei um sorriso.

—você fez o trabalho de física? —ela perguntou e eu assenti. —otimo! Vou colar de você, eu esqueci.

—como sempre, né.

—não me culpe! Estava fazendo coisas mais importantes.

—ficar vendo animes o dia todo é mais importante? —disse entrando na sala e me sentando em minha mesa.

—sim? —ela disse como se fosse óbvio e se sentou em sua mesa.

—oi gente! —millie entrou na sala. —bom dia, como estão?

—bem! —sadie respondeu.

Olhei para trás e vi que boris ja estava ali. Ele usava um casaco preto, uma calça moletom da mesma cor e um tenis all star branco, seus cachos estavam bagunçados e e haviam olheiras em seu rosto, ele desviou o olhar 'pra mim e eu gelei, senti minhas bochechas queimarem, mas continuei o olhando, e ele fazia o mesmo, não desviava o olhar nem por um segundo.

—NAYLA! —sadie me chamou, me fazendo virar de uma vez para as duas, que me encaravam confusas. —terra chamando nayla, helloooo —ela estalou os dedos na minha frente.

—an? —perguntei, confusa, eu estava tão perdida que nem estava escutando as duas.

—você esta no mundo da lua? Não escutou oque a gente falou? —a ruiva arqueou uma sombrancelha.

—desculpa gente...sobre oque estavam falando?

—estava prestando atenção em que? —a morena disse olhando para atrás, e senti minha bochecha queimar.

Ela voltou o olhar para mim e sorriu sacana.

—entendi....—ela levantou as duas sombrancelhas, maliciosamente.

—oque!? —falei indignada. —não é nada disso que vocês estão pensando, céus!

—sei, sei

Olhei para trás novamente para ver se boris estava prestando atenção em nossa conversa, e ele ja me encarava. Engoli em seco e me virei para frente, disfarçando e entrando no assunto das meninas.

so is this love?|boris pavlikovskyOnde histórias criam vida. Descubra agora