twenty three

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Fazia exatamente três dias que eu não via nayla. Hoje é uma terça feira, e eu esperava ver ela ontem na escola, porém, ela não apareceu. Eu tentei entrar pela janela do seu quarto novamente, mas estava trancado, as cortinas fechadas e não dava para enxergar nada la dentro. Eu estava me sentindo um imbecil por ter permitido que ela ficasse sozinha com esse lixo do pai dela. E eu juro que se ele tiver feito algo a ela, eu o mato.

Agora eu estava na escola, esperando que ela entrasse por aquela porta e me deixasse mais aliviado. Hoje eu coloquei na minha cabeça que a veria de qualquer jeito, eu precisava saber se ela estava bem.

— ei, boris. — a voz de sadie me tirou dos meus pensamentos, me fazendo olhar para ela. — tem notícias da nayla? — questionou.

—e por que eu teria? — me fiz de desentendido.

—talvez seja por que você esta enfiando a sua língua na boca dela. Não se faça de desentendido, eu e millie ja sabemos que tem algo rolando entre vocês. —disse cruzando os braços, e millie apareceu do seu lado.

Revirei os olhos e bufei.

—estavamos juntos na sexta feira. Ela dormiu na minha casa, sábado fomos ao hospital juntos para ver a mãe dela, e depois disso ela voltou para casa e eu não consegui mais falar com ela. —dei de ombros.

— a gente esta tentando falar com ela desde sexta feira, quando ela saiu correndo la de casa, mas não conseguimos. Nós sabemos que ela está sem celular, então um tempo depois que ela saiu la se casa, fomos atrás dela, mas não a encontramos. Sábado eu também fui lá sozinha e não a encontrei. Eu esperava que ontem ela viesse para a escola, mas não veio. —millie disse séria.

Elas realmente estavam preocupadas.

—eu vou conseguir falar com ela hoje, fiquem de boa. —respondi, com a intenção de tranquiliza-las.

— fala pra ela entrar em contato, que a gente vai correndo 'pra ver como ela ta. —sadie finalizou o assunto, e as duas foram sentar em seus lugares.

[...]

As horas de aula foram uma tortura, parecia que não acabavam nunca. E eu so queria saber como ela estava, essa garota rondou meus pensamentos durante a manhã inteira. Assim que a aula acabou, ja sai apressadamente, e isso me deu um dejavú da primeira vez que decidi pular a janela da casa dela.

Eu estava realmente preocupado. Precisava ve-la e ter certeza de que estava tudo bem.

Quando vi, ja estava em frente a sua casa. Ja fui girando a maçaneta com cautela, que por sorte, estava aberta. Abri a porta e coloquei vagarosamente a cabeça para dentro, um cheiro horrível de bebida e algo podre invadiu meu nariz. Abri a porta de casa e a fechei, estava tudo desorganizado, alguns cacos de vidro estavam espalhados pelo chão, e o cheiro horrível estava fazendo meu estômago revirar.

Continuei vasculhando a casa e percebi que a televisão estava ligada em um canal de jogo de futebol. Percebi um braço para fora do sofá, indicando que alguém estava deitado. Resolvi me aproximar e o cheiro ficava cada vez pior. Senti meu coração gelar e parei atrás do sofá, engoli em seco e fui de uma vez, e fiquei completamente em choque com oque eu vi.

—puta que pariu! —tampei a boca com as duas mãos.

O pai de nayla estava deitado no sofá, havia um corte enorme em seu pescoço e varias golpes deferidos em todo seu corpo. Havia uma bacia de pipoca no chão, e o sangue dele pingava sobre o alimento.

Onde nayla esta? Mais que merda aconteceu aqui?

—NAYLA!? —gritei desperado e subi as escadas de sua casa correndo, tentando abrir a primeira porta que eu vi pela frente, mas estava trancada.

Peguei o primeiro vaso que vi em minha frente e quebrei de uma vez na fechadura, me afastei e dei um chute na porta a abrindo de uma vez. Entrei em correndo em seu quarto e a situação do mesmo não era nada boa, tudo estava quebrado e havia sangue respingado no chão.

Quando vi nayla, meu coração quase saiu pela boca. Ela estava desacordada na cama, varias cartelas de remédio estavam espalhadas pelo chão, e seus dois braços estavam cheios de corte.

Merda! Merda!

Senti o desespero tomar conta de mim e corri até a garota, vi que ainda havia pulsação ali, seu peito subia e descia com dificuldade.

—porra, oque você fez? —me sentei na sua cama e coloquei sua cabeça em meu colo. Ela estava pálida e havia sangue por todo seu corpo.

Eu sabia que não deveria ter deixado ela vim pra cá, mas que porra do caralho!

—eu não vou deixar você morrer, caralho!

Peguei a garota em meus braços, ela parecia mais magra que o normal, então estava mais leve. Desci correndo as escadas, tomando todo cuidado para não cair, peguei uma chave que estava em cima do balcão e sai da casa, trancando a mesma. Eu não podia deixar ninguém ver o corpo do pai dela.

Eu ja suspeitava do que havia acontecido ali.

Peguei meu carro e entrei dentro, colocando a garota no banco de trás e dirigindo o mais rápido que eu podia.

[...]

— ela vai ficar bem? —questionei a enfermeira.

— se você tivesse demorado mais um pouco, as chances dela seriam mínimas. A gente estima que ela deve ter tentado o suicídio entre entre domingo e segunda. Ela engeriu mais de 3 cartelas de comprimidos, ela é um milagre.

—a pulsação dela esta voltando?

— sim, a pulsação esta se estabilizando. Fizemos a lavagem estomacal, não sei como os remédios demoraram tanto para fazer efeito. Onde os responsáveis dela estão?

Engoli em seco.

—a mãe dela esta internada, e o pai dela eu não sei, quando cheguei na casa dela, ela estava sozinha. —menti.

— tudo bem, vamos tentar contato.

—não! —ela me encarou desconfiada. —pode deixar que eu procuro ele, somos vizinhos mesmo.

—tudo bem, então. Bom, vamos cuidar dela.

—obrigada..

Ela saiu andando e eu fiquei parado ali, tentabdo digerir tudo oque aconteceu. Eu suspeito que aquele sangue que estava em sua roupa não era dela... por sorte, os médicos nem tentaram investigar o sangue, apenas pegaram a roupa e jogaram em uma espécie de fogareiro. Eles limparam todo seu corpo também, então não restou vestígios de sangue.

Estava mais que óbvio, nayla matou seu pai e tentou suicídio.

so is this love?|boris pavlikovskyOnde histórias criam vida. Descubra agora