nineteen

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Boris Pavlikovsky

Chegamos na minha casa, e nayla nao soltou minha mão em nenhum segundo, ela estava completamente frágil e sensível, oque fazia o meu peito doer.

—você quer ir no hospital? —perguntei assim que chegamos em meu quarto, nayla se sentou em minha cama e me encarou.

—não sei se estou preparada...—esfregou o rosto. —você iria comigo?

—sabe que sim. —coloquei as mãos no bolso.

—depois...que a gente voltar, eu..posso ficar aqui?

—sim. —peguei sua mão e a puxei para levantar, segurando sua cintura enquanto a encarava. —sabe que sim.

[...]

Cheguei no hospital com nayla, e sua mão estava completamente tremula, ela estava nervosa, com medo de ver a situação de sua mãe.

Chegamos na recepção e uma mulher loira nos encarou.

—em que posso ajudar? —ela perguntou digitando algo no computador.

—a minha mãe...ela sofreu um acidente, e eu queria saber como ela está.

—qual o nome da sua mãe, querida?

—rebecca washigton miller.

—certo...—a mulher digitou algo no computador. —ela deu entrada na sala de cirurgia a alguns minutos. Você pode voltar amanhã?

Senti a garota ficar tensa e coloquei minha mão em seu ombro, com a esperança de faze-la relaxar.

—vamos 'pra casa, amanhã a gente volta... —envolvi meu braço em volta da sua cintura.

—ok...—ela respirou fundo. —obrigada moça. —ela sorriu para a moça da recepção.

—disponha, querida. E desejo melhoras para sua mãe.

Segurei a mão da garota e nos saimos, entrelacei nossos dedos e fomos em direção ao carro, entrando no mesmo.

Dei partida e a garota encostou a cabeça na janela do carro, observando o lado de fora.

Continuei me concentrando na estrada, olhando para a mesma que tentava se distrair com pequenas coisas.

Era claro o esforço dela para não pensar muito sobre a mãe.

—ele nem se deu o trabalho de ir ve-la...— ela cochichou, e eu desviei o olhar para encara-la.

—ele? Seu pai? —perguntei, curioso.

—é...eu tenho certeza que ele nem foi ve-la, ela gosta tanto dele, as vezes até coloca ele a cima de mim, mas...ele não dá valor. —a garota secou uma lágrima solitária que escorreu no canto de sua bochecha.

—o seu pai é um filho da puta, ele não merece a mulher e a filha que tem. —estremeci de raiva so de imaginar do dia que eu a vi toda machucada.

Voltei a me concentrar na estrada e percebi que a perna da garota estava tremendo, peguei a minha mão e fui cuidadosamente até a sua coxa, a apoiando ali e evitando contato visual para não deixa-la desconfortável.

A acariciei vagarosamente e senti a perna da mesma parar de tremer aos poucos, e me senti aliviado por isso.

—millie e sadie devem estar preocupadas...eu sai de lá do nada. —respirou fundo. —mas eu precisava organizar meus pensamentos, eu sei que elas sempre vão estar la quando eu precisar, mas... as vezes eu preciso de espaço.

—e você acha que eu invadi seu espaço? Por que logo que te encontrei na rua, foi o momento que você havia saido da casa da millie, não é? Nem te deu tempo de pensar.

—não...eu fiquei melhor assim que eu te senti lá...me confortou. Eu amo as meninas, mas o sentimento que senti quando ouvi sua voz foi diferente, surreal...—ela disse e eu senti meu estômago revirar, droga.

—se sente bem perto de mim? —estacionei na frente de casa e desliguei o carro, a encarando no fundo dos olhos.

Eu sempre afastava todo mundo, mas com ela era diferente. Eu queria nayla perto a todo o momento, desde o dia que ficamos presos dentro da sala de aula, algo em mim surgiu, um sentimento forte, algo que eu nunca havia sentido.

Mas ao mesmo tempo, eu tinha medo dela se afastar, e eu me sentir vazio novamente.

—sim, eu me sinto. —ela disse com a voz suave, e eu pude ver no fundo dos seus olhos o quanto isso foi sincero.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, e uma tensão dentro do carro se fez presente, mas não era desconfortável, muito pelo contrário.

—vamos entrar...—quebrei o mesmo e abri a porta do carro, e a garota fez a mesma coisa.

Descemos do carro e eu o tranquei, abrindo a porta de casa e percebendo que não havia ninguém, minha mãe, como sempre ocupada.

Nayla entrou e eu fechei a porta.

—quer subir pro meu quarto? —perguntei e a garota assentiu.

Subimos as escadas e entramos no meu quarto, que estava organizado como sempre,  apesar de tudo, eu sempre fui organizado.

A garota sentou na minha cama e ficou olhando ao redor.

—se quiser tomar um banho, te empresto minhas roupas. —disse me sentando ao seu lado.

—claro...obrigada. —ela forçou um sorriso. —posso te fazer uma pergunta?

—pode.

—sua mãe quase não fica em casa, né?

Respirei fundo e assenti, desde que meu pai morreu, tem sido desse jeito.

—desde que meu pai faleceu ela se tornou distante.

—e você sente muita falta dele? —ela se aproximou.

—ja faz muito tempo, estou bem. —reforcei.

—não precisa fingir estar bem o tempo todo, boris. —ela colocou sua mão em cima da minha, e seu toque fez minha pele arrepiar.

—mas eu ja disse que estou bem, não se preocupe. —me afastei da mesma, me levantando. —ta com fome?

—na verdade não, eu comi na casa da millie.

—certeza? Se quiser, eu posso fazer alguma coisa.

—tenho, pode ficar tranquilo, estou bem.

—se você diz. —dei de ombros.

—você acha que minha mãe vai ficar bem?

—claro...—respondi para tranquiliza-la, mesmo tendo um pouco de dúvida disso.

—eu espero que você esteja certo...—ela se levantou. —acho que eu realmente preciso de um banho.

[...]

Depois de nayla tomar banho, emprestei umas roupas minhas 'pra ela, e se pude reparar o quão bem ela ficava na minha camiseta larga. Emprestei a ela uma camiseta que ia até metade das suas coxas e um shorts que eu não usava mais, e que ficou apertado na garota, por conta das suas coxas grossas, e isso era uma das coisas que eu mais gostava em seu corpo.

A garota se analisava no espelho e parecia não gostar do que via, me aproximei vagarosamente e coloquei as mãos em sua cintura, encostando minha cabeça em seu ombro.

—essa roupa ficou bem em você.

—não mente. Eu estou parecendo um balão de tão gorda. —murmurou.

—você quer que eu seja sincero?

—claro.

—você é uma gostosa do caralho. —sussurei em seu ouvido, vi suas bochechas corarem e me afastei. —vou tomar um banho, pode ficar de boa ai.

Peguei minha toalha e caminhei até o banheiro, deixando a garota paralisada ali, tentando raciocinar.

so is this love?|boris pavlikovskyOnde histórias criam vida. Descubra agora