Capítulo 31

10 2 2
                                    

Celaena Sardothien nadava pela extensão de sua piscina de banho, puxando com força com o braço direito para aliviar os músculos tensos em seu ombro. Ela saboreava a sensação suave da água contra sua pele nua—adorava a forma como se sentia leve e elegante, sem restrições.

Já haviam se passado três semanas desde os duelos, e ela havia se recuperado maravilhosamente. A dor do ombro deslocado era agora apenas uma lembrança ruim e uma articulação irritantemente rígida. Ela nadava todos os dias para soltar os músculos e manter-se em forma.

Levou dois dias após seu encontro com o Ministro de Trasien para se levantar da cama e se mover novamente. Como suas pernas haviam se sentido alarmantemente fracas e inúteis, todas as manhãs ela caminhava pelos terrenos do palácio com Fleetfoot ao seu lado, correndo quando um espírito selvagem a tomava; mas, na maioria das vezes, ela se limitava a passear e lançar gravetos para seu fiel companheiro canino buscar.

Celaena tinha uma rotina básica que a confortava e fortalecia. Após sua caminhada matinal, ela deixava Fleetfoot nos canis e então subia para tomar café da manhã. Depois disso, ela lia ou visitava os pais e o irmão de Anuksun por algumas horas até o almoço. Uma vez terminado o almoço, ela se encontrava com o Conselho do Rei de Adarlan ou com a Madame Tul'rouse para treinamento de última hora e para planos de sua viagem a Wendlyn. Só depois disso Celaena conseguia encontrar a paz de espírito e a energia para nadar por uma hora ou mais em sua piscina de banho de nove metros.

Ela estava nadando muito tarde para a sua rotina normal—tinha estado tão ocupada com o conselho que só chegara aos seus aposentos ao entardecer. Seu barco estava programado para partir em dois dias. Apenas dois dias.

Celaena estava nervosa—nervosa com muitas coisas—e nadar era uma forma de manter sua mente longe dessas preocupações. Infelizmente, não estava se mostrando uma boa distração naquela noite.

Ela chegou ao final da piscina e virou-se, nadando com força na direção oposta.

"Eu estarei deixando todos eles em dois dias. Apenas quarenta e oito horas até a fuga—fuga deste país, fuga de seu rei, fuga de tudo que me restringe."

Celaena bateu na outra extremidade e virou-se na direção de onde vinha.

"Eu posso deixá-los—posso deixar todos eles para trás. Arobynn, o rei, Adarlan, Chaol, Dorian..."

"Não pense nele."

Dorian DeHavilliard, despistou a crescente tensão nas suas conversas, e manteve contato constante com ela. Ele a visitava após o jantar, durante o café da manhã, ou em qualquer momento que pudesse desprender de seus deveres e obrigações. Claro, ele não lia mais para ela, mas, para compensar, insistiu em arrastá-la para a sala de jogos por horas de sinuca. Mesmo após meses em Renaril, a assassina ainda mal conseguia encaçapar uma bola... quanto mais acertar a bola branca.

Celaena sorriu enquanto respirava o ar.

Ela sempre se divertia com o Príncipe Herdeiro de Adarlan.

Não, pare com isso.

Celaena nadou com tanta força com o braço direito que um choque de dor percorreu seu corpo. Apertando os dentes, tentou ignorar os pensamentos que surgiam em sua mente, mas falhou e lutou contra eles com outros pensamentos.

Chaol. Ela pouco havia visto de Chaol desde os duelos—o Capitão da Guarda estava sobrecarregado com o trabalho relacionado a Kaltain e seus planos intrigantes. Ele raramente vinha visitá-la—mas quando o fazia, era com uma surpreendente disposição alegre.

Você vai sentir mais falta de quem?

De nenhum deles. Não vou sentir falta de nenhum dos dois.

RAINHA DE VIDRO (A PARTIR DO CAPÍTULO 24)Onde histórias criam vida. Descubra agora