RAINHA DE VIDRO (A PARTIR DO CAPÍTULO 24)

PARTE 02 Capítulo 10

Elas dormiram profundamente naquela noite—chegando em casa após o pôr do sol e encontrando duas tigelas fumegantes de paestia esperando por elas. Não havia sinal de Luca, Leighanna ou Stephaenya, e, francamente, Celaena estava aliviada com isso. Toda vez que pensava no incidente—o que era bastante frequente, já que tinha acontecido apenas algumas horas atrás—ela sentia uma raiva fervente borbulhando em seu estômago. Embora tivesse dito tudo o que era possível e necessário a eles, ainda sentia a necessidade de gritar com eles, já que gritar com a Baronessa estava fora de questão. Mas não estava sendo uma hipócrita ao agir dessa forma?

Isso não fazia diferença—da próxima vez que encontrasse a Baronessa fazendo isso, ela a despedaçaria, com dinheiro ou não. Essas coisas não deveriam acontecer em Wendlyn, e ela se certificaria de que não acontecessem.

Celaena ficou acordada por um tempo, ouvindo o som de Cindrillion dormindo na cama ao lado dela, certificando-se de que a jovem estava recebendo o descanso tranquilo que merecia. Depois de um tempo, Celaena mergulhou em um sono profundo, exausta mental e fisicamente pelo dia cansativo.

Ela não sabia quando começou a sonhar, mas eventualmente chegou a um lugar que parecia familiar, mas completamente estranho para ela. Era um clareira na floresta—envolta na luz das estrelas que queimavam acima. No ar, ela podia ouvir um canto fantasmagórico—como se as próprias árvores estivessem unidas em uma canção encantadora. Névoa serpenteava ao redor da borda do círculo, e além disso, havia uma escuridão que só existia no reino dos sonhos.

Celaena ficou ali por um tempo, observando a clareira encantada e o céu celestial brilhando acima dela. Sentia como se estivesse acordada—como se tivesse, de alguma forma, caminhado em sono até esse lugar na floresta, mas sabia que isso não era possível—ela devia estar adormecida.

Quando viu a figura aparecer entre as árvores, não se assustou. Um cheiro veio com ela: um cheiro de lavanda e mil noites de verão passadas deitadas na grama sob o céu, um cheiro que a acalmava. Ela flutuava para a clareira com uma graça antiga que fazia até as árvores se curvarem com respeito. A luz das estrelas iluminou para revelar uma figura feminina—vestida com longas vestes de gossamer estreladas que pareciam se fundir com o céu acima. Havia algo nela, algo tão antigo, poderoso e sábio que Celaena ficou sem palavras.

Ela se aproximou, mostrando seu longo cabelo fluido de ébano escuro, e seu rosto jovem e belo. Mas seus olhos...

Celaena olhou nos olhos violetas salpicados de estrelas e soube que esse ser era muito mais antigo do que qualquer coisa viva na terra. Essa mulher era Fae, uma das imortais, uma das guardiãs da terra.

E ao ver a coroa de estrelas que brilhava como um halo ao redor de sua cabeça, Celaena soube exatamente com quem estava olhando.

Maeve, Rainha de todos os Fae e fadas.

Celaena baixou a cabeça em reconhecimento, olhando para o chão. Sua mente parecia congelada, dominada pela beleza, graça e sabedoria desse ser.

Ela sentiu uma mão levantar seu queixo e posicionar sua cabeça novamente, seus olhos se erguendo para encarar o abismo infinito dos olhos de Maeve. Ela não sabia o que dizer. Nunca havia sido tão fascinada por nada em toda a sua vida.

Os olhos mostravam o espaço e o tempo passando, mas tinham uma tristeza cansada que fazia seu próprio coração doer.

A vida de um imortal era agridoce.

Maeve acariciou a bochecha de Celaena com um dedo de marfim, seus lábios vermelhos cheios curvando-se em um sorriso leve que fazia Celaena sentir como se estivesse sendo acariciada por sua própria mãe.

"Você se parece exatamente como eu pensei que pareceria," disse Maeve, e sua voz de prata parecia liberar Celaena do feitiço que sua aparência havia lançado. "Estou feliz que você finalmente chegou... Estive esperando muitos anos para conhecê-la."