PARTE 02 Capítulo 15

7 1 0
                                    

O Rei de Adarlan olhou para o grande mapa de Wendlyn, seus olhos escuros brilhando à luz das velas.

"Metade da nossa frota estará dentro do alcance de combate do Golfo de Baello em dois dias," disse Perringtonn, apontando para a costa norte do país inimigo. "Podemos segurar os navios de Wendlyn por alguns dias—tempo suficiente para que os soldados em Peregrinno se preparem para o ataque e para que a outra metade dos nossos navios chegue ao longo da barreira do recife."

O rei colocou o dedo no Golfo de Baello e traçou uma linha invisível até Peregrinno. "São oitenta milhas através de campos e pântanos de Baello a Peregrinno. O exército de Wendlyn só poderia chegar um dia após o nosso ataque." O rei sorriu, olhando para a área complexa e retorcida de rios e pântanos que dividia os campos do Norte das florestas e montanhas do Sul. "E a notícia do nosso ataque nem sequer chegará à capital, quanto mais aos generais do exército de Wendlyn, até várias horas—ou dias—depois. Quando o exército de Wendlyn perceber o que aconteceu, já teremos saqueado Peregrinno e estaremos a caminho para tomar a cidade capital."

Perringtonn desfrutou de um breve sorriso com seu rei antes que seu rosto se contraísse com preocupação. "E quanto à assassina, meu Senhor? Isso não vai atrapalhar o plano dela para destruir o Rei de Wendlyn e seu filho?"

O Rei de Adarlan balançou a cabeça. "Enquanto nossas forças conquistarem Peregrinno e os detalhes e segredos do recife barreira de Wendlyn, não precisamos daquela maldita mulher. Quando tomarmos a capital para nós, ela retornará a Adarlan."

"E depois, vossa alteza?"

O Rei de Adarlan olhou para a capital de Wendlyn e sorriu. "E então a enforcaremos junto com o resto deles."

********

"Eu me lembro do dia em que os Valg invadiram nosso mundo."

"O quê?"

"Os demônios."

"Oh, certo." Celaena olhou ao redor da imensa sala de madeira, ainda incerta se estava acordada ou sonhando. Ao redor deles, havia prateleiras e mais prateleiras de livros e mapas e objetos estranhos que brilhavam e absorviam a luz suave das orbes Feéricas que flutuavam como vagalumes. O cheiro de madeira e verão pairava no ar; e a assassina poderia jurar que no teto abobadado da biblioteca estava um pedaço do céu noturno. Eles estavam dentro da árvore, o centro de Dora'nelle.

Maeve estava em silêncio, e Celaena virou a cabeça para olhar para a antiga rainha, perguntando-se brevemente que tipo de custo a imortalidade exigia de uma pessoa. Não havia linhas no rosto de Maeve, mas a assassina sabia, observando as estrelas dançarem e desaparecerem nos olhos da Rainha Feérica, que talvez o custo fosse muito mais do que o valor assumido.

"Minhas irmãs e eu ainda éramos jovens naquela época—nem sequer havíamos viajado além das fronteiras de Dora'nelle."

"Irmãs?"

Maeve sorriu tristemente. "Sim, irmãs. Eu tinha duas delas: Mora e Mab, ambas mais jovens do que eu."

"O que aconteceu com elas?"

"Oh, elas partiram para o próximo mundo há muito tempo."

Celaena se mexeu desconfortavelmente na cadeira. "Sinto muito," ela ofereceu.

Maeve balançou a cabeça. "Não há motivo para se sentir assim. Foi uma escolha delas."

A assassina levantou uma sobrancelha. "O que você quer dizer?"

"Mora e Mab amavam homens mortais. Como havia pouca chance de eu morrer, elas sabiam que poderiam se prender aos laços do Tempo, e assim morrer uma morte mortal ao lado de seus maridos."

RAINHA DE VIDRO (A PARTIR DO CAPÍTULO 24)Onde histórias criam vida. Descubra agora