Capítulo 26

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O trovão explodiu no céu noturno, enviando seu rugido explosivo por todo o mundo. Chuva e vento batem no vidro das janelas como um demônio contra a porta de um lugar onde seu mau comportamento não lhe permitia entrar. O ar dentro da casa era tingido de azul meia-noite e cheio de tanta eletricidade que fazia com que aqueles que estavam sob o telhado da casaa casa se vira-sem inquietos durante o sono.

Havia uma, porém, que não dormia – uma cujos grandes olhos estavam cerrados com tanta força que todo o seu corpo tremeu sob a segurança de camadas de cobertores. O monstruoso grito de batalha do trovão atormentou seu corpo e mente, fazendo com que ela mordesse a mão da boneca que ela segurava contra o peito para não gritar alto. Mesmo na escuridão de seu mundo envolto em um cobertor, o relâmpago evanescente ainda conseguia lançar sua fúria totalmente branca.

O trovão caiu novamente, sacudindo a casa inteira. Incapaz de se controlar, a garota explodiu como um morcego do inferno debaixo dos cobertores e no cobertor, seu coração se atirando impiedosamente contra o peito. Ela voou para baixo do cobertor, relâmpagos brilhando tão intensamente que a surpreenderam momentaneamente. Sombras e monstros espreitavam por toda parte— alguns se movendo, alguns esperando que uma vítima incauta caisse em suas garras. 

A casa gemeu e lamentou, desejando poder ceder à tempestade que procurava destruí-la tão completamente.

A garota parou diante de uma porta que já tinha visto milhares de vezes e sua pequena mão estendeu-se para agarrar a maçaneta. Dela o medo da tempestade finalmente se misturando com o terror da decepção certa que a esperava de dentro, de seus músculos tensos e ansiedade aumentada explodiram dela como uma represa. Soluços indesejados de horror escaparam de sua garganta enquanto ela empurrou a porta, o quarto lá dentro foi momentaneamente iluminado por outro raio. Duas figuras jaziam dormindo em uma grande cama com dossel, cada um deitado imóvel como...


*

Com um suspiro, Celaena Sardothien acordou de seu sonho. Suas entranhas tremiam tanto quanto suas mãos, ela se atrapalhou com a escuridão para achar a caixa de fósforos que estava em sua mesinha de cabeceira. Depois que ela a encontrou, foram necessárias várias tentativas para acendê-la.

A assassina olhou para a sala ao seu redor, tentando acalmar seu coração batendo rapidamente, com respirações profundas e seguras. Ficou tão imóvel como a morte, num lugar estranhamente preservado pela solidão da noite. Não houve chuva, não houve trovão e não houve relâmpago. Ao lado dela, Fleetfoot, o cachorrinho que lhe foi dado por Dorian DeHavilliard, mexeu-se e enfiou a cabeça sob o braço de Celaena de forma tranquilizadora.

Tinha sido só um sonho.

Mas não foi apenas um sonho, foi? Celaena sabia a resposta, e talvez fosse por isso que seus nervos se recusavam a se acalmar. Ela já tinha tido esse sonho antes — muitas vezes, na verdade. Nunca foi concluído, mas a assassina preferiu que não fosse. Ela sabia como isso iria acabar.

Observando a luz fraca da vela brilhar fracamente por todo o quarto, Celaena se escondeu novamente sob as cobertas e observou sombras caliginosas dançarem até que o sono a dominou.


*


Kaltain R'ompier virou-se na cama, incapaz de adormecer. Sonhos de terror e raiva a perseguiram, e o fardo de seus pensamentos era tão pesado que superava até mesmo o sono que pressionava suas pálpebras.Kaltain abriu os olhos e olhou para a escuridão. O bastardo matou Anuksun Ytger. Não, ela matou Anuksun e a pessoa que massacrou Graev sabia. Seria apenas uma questão de tempo até que 'A Caçadora' fosse atrás dela.

RAINHA DE VIDRO (A PARTIR DO CAPÍTULO 24)Onde histórias criam vida. Descubra agora