Capítulo 7

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Pov Kylie

A Malia estava tão frágil e vulnerável, não perguntei o que tinha acontecido. Apenas fiz o que ela pediu e levei-a para longe.
Optei por levá-la para a minha casa, para que ela pudesse tomar um banho e comer alguma coisa.

Agora, estamos sentadas debaixo da sua árvore favorita. Se não fosse o barulho emitido pelos pássaros e o barulho das folhas das árvores a balançar com o vento, estaríamos em total silêncio.
A expressão da Malia transmitia toda a tristeza que existia dentro dela.

- Malia...o que aconteceu? - por fim, ganhei coragem para perguntar. Uma lágrima solitária caiu do seu olho e escorregou, lentamente, pela sua face. Ela limpou-a com a parte de trás da sua mão e de seguida, voltou a abraçar os seus joelhos, apoiando a cabeça em cima deles e olhando para o horizonte

- Eu briguei com a minha mãe...- começou a explicar- Ela descobriu que eu tinha levado uma amiga lá para casa...- não a deixei terminar e perguntei preocupada:

- Vocês brigaram por minha causa?

Ela desviou o seu olhar do horizonte, para me olhar e disse:

- Não...Kylie a minha mãe devia estar feliz por eu, finalmente, ter uma amiga. - suspirou e continuou- Desde os meus 17/18 anos que não tenho amigos, dediquei a minha vida à minha irmã, até o meu primeiro emprego eu perdi, por faltar demasiado. Todas as vezes que a Mila adoecia, eu tinha que faltar para cuidar dela. - fiz menção em falar, mas ela fez-me sinal para esperar- Eu nunca culpei a minha mãe, por ter perdido parte da minha vida, por não ter vivido as experiências que pessoas da minha idade viveram e vivem. Porém, hoje, ela foi muito injusta e eu acabei por lhe dizer tudo o que tinha dentro de mim...eu não a queria magoar... - agora ela soluçava e não existia apenas uma lágrima, mas sim uma multidão delas.

Aproximei-me dela, sentei-me ao seu lado e puxei-a para um abraço. O meu ato fez com que ela desabasse, ainda mais. Deixei-a presa nele, até sentir que ela estava mais leve, por fim, desfiz o abraço e olhei-a nos olhos.

- Eu acho que deves conversar com a tua mãe com calma, explicar que estás magoada, que tens uma vida, para além da tua vida familiar. - aconselhei-a- E ainda vais a tempo de fazer o que quiseres, de seguires os teus sonhos. - Ela virou o rosto para o lado oposto do meu, mas eu segurei no seu queixo e virei-o de volta para mim. - Diz-me algo que querias ter feito e que não fizeste. - disse, dando um sorriso carinhoso.

Ela ficou pensativa, a sua cara apresentava um misto de expressões, que por mais que eu tentasse, não conseguia decifrar. De repente, a Malia abriu um enorme sorriso e os seus olhos ganharam um brilho especial.

- Já sei...Eu quero ir ao cinema- ela disse sorridente, mas logo o seu sorriso desapareceu. - A minha mãe não vai deixar...eu sou maior de idade, mas ainda moro com ela, então ela técnicamente tenho de obedecer às suas ordens

- Hey, conversa primeiro com ela e quando vocês resolverem o vosso conflito, podemos ir ao cinema ao ar livre, o que achas? - perguntei, eu tinha visto um cartaz na entrada do jardim, no qual informava que iria haver uma sessão de cinema ao ar livre. O seu sorriso voltou a ocupar grande parte do seu rosto, ela por impulso abraçou-me e depositou um beijo na minha bochecha. Não sei porquê, mas este pequeno gesto fez-me corar.

- Eu aceito, vai ser maravilho. Vem! - levantou-se, sacudiu o vestido e estendeu a mão para me ajudar a levantar, eu segurei a mão dela e novamente aquela sensação de choque percorreu o meu corpo. - Podes levar-me a casa? - perguntou receosa, mordendo o lábio.

- Claro que sim! - respondi imediatamente.

...

- Boa sorte, Malia! Se precisares que eu te salve, novamente, liga-me!- disse, após, ela deixar um beijo na minha bochecha e sair do carro.

Espero que a conversa corra bem e que elas consigam resolver as suas divergências. A Malia ama muito a mãe dela e sacrificou-se por ela e pela sua irmã. Ela merece ser feliz e eu quero ser uma das fontes da sua felicidade. Agora que entrei na vida dela, não a vou deixar, a não ser que ela me peça para ir embora.

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