CAPÍTULO 11

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[POV Valentina]

Alguns dias se passaram desde que recuperei minhas memórias. Luiza e eu estamos na sala de estar do apartamento que aluguei para não levantar suspeitas e felizmente já é noite. A luz suave de um abajur ilumina o ambiente deixando-o aconchegante.

Na mesa à minha frente, mapas, papéis e um notebook estão espalhados sobre a mesa de centro. Estou de pé, olhando para um quadro branco na parede, onde anotei pontos importantes sobre as possíveis conexões dos corruptos no quartel.

Faço um alongamento leve, sentindo o incômodo na perna que ainda se recupera. Suspiro tentando mandar pra longe as dores que teimam em tentar me afastar dos meus objetivos. Tenho dado duro nos exercícios pra me recuperar mais rápido, mas esse desconforto infelizmente faz parte do processo.

Observo Luiza, que no canto da sala, faz anotações rápidas durante o tempo em que estou tentando relaxar um pouco os músculos doloridos. Ela toda concentrada assim, claramente me desconcentra.

O celular em meu bolso vibra, é uma chamada de vídeo da Rafaela. Me sento para atender.

-Oi Rafa, me diz que tem boas notícias? - olho esperançosa pra minha amiga no visor do celular. Luiza observa a interação sem de fato aparecer na chamada.

-Consegui rastrear alguns dos registros alterados para uma base em Recife. Parece que os relatórios falsificados foram enviados de lá. É um bom ponto de partida para começarmos a cavar.

-Recife... - digo em tom pensativo. -Isso faz sentido. Lembro de uma conversa sobre transferências incomuns para lá e outras inconsistências, mas na época não dei importância. Como você conseguiu essa informação?

-Contatos, né Vavá? Você sabe. - um sorriso cúmplice e orgulhoso surge em seus lábios. -Além disso, tenho vasculhado alguns arquivos antigos que guardei. Parece que já houve uma operação similar a da Somália, com uma equipe da base de Recife. Coincidência? Acho que não.

Sorrio de volta, sentindo a familiar gratidão pela competência de minha irmã de coração.

-Então, começaremos por Recife. -confirmo olhando pra Luiza que me observa atentamente. -Obrigada, Rafa!

-Sempre às ordens da minha tenente! - ela pisca e encerra a chamada.

- Precisamos de um contato em T.I. para entrar nos sistemas da base e descobrir mais. Alguma sugestão? - olho pra militar que usa um vestido verde musgo e o cabelo preso em um coque desajeitado.

-Conheço alguém. Ele é um bom hacker e é discreto, apesar de ser muito desconfiado. Vamos precisar de alguém assim para entrar nos sistemas sem levantar suspeitas.

-Ótimo, amor. - sorrio e anoto mais algumas coisas no quadro branco.

Aquele incômodo na perna retorna e me sento novamente, Luiza atravessa a sala e se senta ao meu lado. Ela também está se recuperando, tanto fisicamente quanto emocionalmente, das tensões acumuladas e do ataque que sofreu.

-Como está a perna hoje? Melhor? -massageio minha perna devagar, sem muita força.

-Um pouco. Mas ainda sinto como se estivesse arrastando um peso morto. -desabafo. - Vai levar tempo, eu sei.

-Eu imagino como deve ser incômoda a sensação de se sentir limitada dessa forma. Mas olha, tô aqui, tá?

Luiza coloca a mão sobre a minha, fazendo menção para que eu dê espaço. Assim que o faço, ela passa a fazer a massagem por mim.

-Obrigada. O que seria de mim sem a médica militar de campo, cirurgiã e fisioterapeuta mais incrível que já pisou nessa terra?

-Não sei hein, acho que nada. - ela pisca entrando na brincadeira.

Você Me Salvou - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora