[POV Valentina]
Depois de muita conversa, convenci Luiza de que eu precisava vir sozinha encontrar Sara, se é que de fato foi ela quem mandou a mensagem. De um jeito ou de outro, ninguém mais precisava correr risco além de mim.
A lanchonete escolhida é um pouco afastada da cidade, mas ao mesmo tempo oferece pelo menos duas rotas de fuga, o que me faz pensar que foi escolhida a dedo. Surpreendentemente tem alguns casais espalhados pelo ambiente e caminhoneiros fazendo uma parada.
Olho no relógio e o mesmo marca 17h59. Respiro fundo e olho com mais atenção ainda para tudo ao meu redor.
-Boa noite! O que a senhora vai comer? - a garçonete me oferece o cardápio.
-Estou esperando minha companhia chegar pra podermos decidir. -faço uma pausa. - Por enquanto pode trazer água com gás, por favor?
-Claro, volto em 2 minutos. - seus olhos me medem de cima abaixo.
De repente um grupo de uns seis homens armados invade a lanchonete mandando todos ali saírem. Eles não agem como se quisessem machucar alguém, só querem esvaziar o lugar rápido usando o medo das pessoas como tática. O que dá certo porque até a garçonete foi lá pra fora.
Eles se posicionam como se guardassem o lugar, com as submetralhadoras apontando para frente, prontos para atirar se uma mosca se aproximasse rápido demais.
Uma mulher entra, sua pele bronzeada denuncia os anos em que serviu no deserto. Cresci vendo ela treinar com meus pais, também a vi migrar para o FBI, essa mulher sempre me inspirou, tanto que até crush nela eu tive quando me entendi como uma mulher lésbica no auge dos meus 14 anos.
O tempo não passou pra ela, sua pele continua firme, seus olhos castanhos atentos e seu físico continua superando o de metade do meu antigo batalhão.
-Oi Valen - ela me tira do transe nostálgico. Um sorriso se forma em seus lábios.
-Tia Sara - me levanto para cumprimenta-la com um aperto de mãos, mas ela me puxa contra seu corpo em um abraço forte.
-Quanto tempo, pequena... - ela sussurra saindo do abraço.
-Não sou pequena tem um tempo, tia.. -brinco sem muita vontade. -Por que tantos protocolos pra me encontrar?
-Não dá pra confiar em muita gente hoje em dia, mas por enquanto estamos seguras. Bom, serei direta: você precisa recuar, Valentina.
-Recuar? Do que você está falando? - talvez me fazer de desentendida faça ela falar alguma coisa que ainda não sei.
-Você sabe exatamente do que estou falando. A emboscada na Somália foi só o começo e sinceramente? Foi pequeno. Perto de todo o resto, foi uma brincadeira de criança.
Pequeno? A morte de Eduardo foi uma brincadeira pra ela?
Fecho a cara e cerro os punhos, penso em cinco maneiras diferentes de atacar a mulher na minha frente. Me preparo pra falar.
-Você não...
-Alias, sinto muito pelo seu amigo, sei que eram próximos. Como a boa Albuquerque que é (talvez a melhor), você está sedenta por vingança, mas acredite em mim quando digo que não é por aí, não agora.
Desisto de fingir que não sei de absolutamente nada, mas ainda cabe dar corda pra ver até onde ela vai.
-Eu só quero entender o que aconteceu, quero um desfecho pra isso tudo... - respiro fundo para tentar manter a postura.
-Se você souber o que houve, vai parar de investigar? - a agente segura uma de minhas mãos sobre a mesa.
-Eu não tô... - suspiro pesadamente e apenas balanço a cabeça em sinal de positivo.
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Você Me Salvou - Valu
FanficEstar no exército é tudo que Valentina sempre aprendeu e sonhou a vida toda, vindo de uma família em que seus dois pais eram soldados altamente condecorados, ser militar era seu caminho mais certo e claro, mais óbvio. Luiza cursou medicina e fisiote...