CAPÍTULO 17

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[POV Valentina]

-Mas que merda você estava pensando pra trazer ela pra cá? - esbravejo ao fechar a porta atrás de mim.

-Você mencionou que precisaria de alguém forte e experiente na operação, eu lembrei dela e a chamei. - Rafaela fala mais baixo que eu.

Apesar de ter acompanhado o meu período de decadência, Rafaela não sabia em detalhes exatamente tudo que aconteceu, Eduardo também não sabia tudo, mas sabia bem mais que ela. De uma forma ou de outra, ela sabia que aquela mulher sentada na sala de meu apartamento foi a pior coisa que já me aconteceu.

-Você é a droga da tenente, Rafaela? Você não podia ter passado por cima de mim desse jeito. Não entendeu ainda que você não decide nada aqui? - falo mais alto.

-Para de gritar comigo... - ela se retrai.

-Então para de fazer merda, porra! - bato com a mão espalmada na mesa do meu escritório improvisado. Lembro de como quase virei uma viciada sob a influência de Pietra e essa sensação me causa repulsa por eu ter sido tão influenciável. -Você não tava aqui quando eu quase esqueci quem eu era?

-Sim, eu estava. Só pensei que se você não é a mesma Valentina daquela época, então não se deixaria levar de novo.

-Não não, só quase morri durante meu relacionamento com ela, recentemente quase fui eliminada numa operação militar e tô recuperando minha memória disso e de todo o resto agora. Não tava caótico o suficiente? - ela faz menção de responder. -Só não se meta mais nessa operação e nem na minha vida se não for solicitado a você.

-Valen...

Me retiro do escritório a deixando sozinha e começo a caminhar até a sala, onde estão Pietra, Luiza e Alex.

Paro no banheiro que fica no meio do caminho e jogo água fria no meu rosto. Por que ela apareceu justo agora?

Encaro meu reflexo no espelho antes de sair do banheiro, respiro fundo como se fazer isso fosse me encher de coragem. Quando chego na sala, todos me olham surpresos, mas não falam uma só palavra.

-Alex, pode ir. Te ligo amanhã para conversarmos melhor. Me avise caso tenha alguma novidade.

-Certo, tenente. - ele se levanta e caminha em direção a saída após se despedir da Luiza.

-Pietra, seus serviços não serão necessários, pode se retirar. Obrigada. - olho nos olhos da morena que é um pouco mais alta que eu.

-Vavá... - ela se levanta e caminha lentamente em minha direção. Ao chegar na minha frente faz menção de acariciar meu rosto. -Não precisa agir assim, só quero ajudar.

-Primeiro, você não tem o direito de me tocar. - seguro seu braço e a afasto antes que possa concretizar seu ato. -Segundo, estou dispensando sua ajuda.

-Não sou do tipo que é dispensada, Valentina. Vou te dar espaço pra pensar melhor nisso, não se esqueça que sei de coisas que alguns generais adorariam saber. - ela passa por mim e pisca antes de sair pela porta. - Até amanhã.

Luiza me olha com cara de poucos amigos, gostaria de poder me explicar agora, mas ainda não posso.

-Rafaela! - chamo indo em direção ao escritório improvisado para pedir espaço pra minha melhor amiga (?).

Quando vou abrir a porta ela o faz bruscamente antes de mim e sai correndo do apartamento, noto que seus olhos estão vermelhos por ter chorado nesse meio tempo.

Assim que ela sai, fecho e tranco a porta, encosto a cabeça na mesma por um instante tentando colocar os pensamentos no lugar.

-Eu quero entender por que não reagiu quando ela te beijou. - Luiza fala baixo e de forma cadenciada, não consigo decifrar sequer uma emoção.

Você Me Salvou - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora